Bug Outras Artes

Conhecer o trabalho de Menelaw Sete é tropeçar numa criatividade furiosa, capaz de traçar em poucos minutos/pinceladas uma releitura artística de cenas urbanas. Sem dúvida, suas raízes estão em cada momento, em cada fragmento de tela, em cada movimento e inquietude. Conhecer Menelaw e entrar nesse cenário de movimento – que deixa de olhos brilhantes até seu neto – menino pequeno - presente na exposição e vendo aquilo tudo girando, girando ao seu redor.

                  Há uma força primitiva ali, um poder que não se alcança, mas que nos alcança – como se ele estivesse com o pincel na mão, “pescando olhos que o conseguem discernir”, com cores, cores, traços, traços – ele é o traço porque o traço expressa quem ele é.

                  Quando se vê uma força assim, nos confrontamos com nossos momentos mais frágeis e nos desafiamos a seguir – pintando olhares novos, saídas – e aí…

De todas as artes, as plásticas talvez sejam as mais difíceis de arrancar entusiasmo do seu público. No caso de A OLHO NU, de Vik Muniz, eu aconselho a todos que desfaçam essa impressão e que se deem a possibilidade de mergulhar no pensamento criativo por trás de cada uma das inúmeras obras em exposição no MAC Bahia. Cada momento trouxe uma surpresa de concepção, um suspiro de incredulidade – fazer telas com café coado? Fazer tela com grãos cheios de caldo? Que espécie de retrospectiva traz tanta novidade mental, tanto frescor acadêmico?

                  Não saberia reter um momento mais importante ou mesmo um andar mais estimulante – veja, a exposição ocupa quatro andares (!). E você fica ali alimentando a sua criatividade de cenas, de nitidez, de surpresas, sobressaltos alegres, suspenses (porque, num dado momento você se pergunta o que mais ele trouxe para lhe provocar). Momentos. A vida,…

Peça de Teatro “A Alma Imoral” (SESC Casa do Comércio, Salvador, 2025)

Perturbadora – o melhor adjetivo que me ocorre para A ALMA IMORAL – adaptação e interpretação de Clarice Niskier para o livro de Nilton Bonder. Desde o nome, a peça causa incômodo porque, em sendo imoral, já nos remete ao que é moral, tradicional, conservador – (brrrr, conservador – a alma de uma menina hiperativa observando um mundo de pessoas tão bem comportadas...) - descobri hoje que minha alma inquieta sempre foi imoral – e me senti bem.

                  Sou professora de voz teatral e interpretação, além de mil outras coisas correlatas à comunicação humana. O fazer das falas profissionais são coisas rotineiras na minha vida. Mas há anos não saía de um espetáculo sentindo essa espécie de “arrebatamento, êxtase, formigamento interno a caminho da iluminação” como hoje.

                  A alma é santa e o corpo é que…

Cada DOC dessa nova forma de comunicar que a ciência tem usado para nos reaproximar de quem somos e como podemos buscar algo que todos juntos possamos usufruir, me comove e fascina. Se, sim – o filme não é cheio de doçuras ou risinhos e brincadeiras porque nossas complexidades precisam ser entendidas – ou pelo menos melhor estudadas. Ser altamente sensível não é ser “um fracote”, como ainda hoje os meninos ouvem e que os vem transformando em primitivoides voláteis, que não são estimulados a resolverem questões após a – natural – observação profunda das circunstâncias e a negociação de novos termos. 

                  Qual a diferença afinal entre tímido e observador - e o principal – quem sabe percebê-la sem ser obscurecido pelas normas sociais? Alguém falou disso em algum momento? Você leu? Ouviu? Sabia que existia? Sinceramente, eu não – embora me tenha visto em N momentos. Uma explosão…