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Mais um ano de Poesia


Tudo muda e tudo avança. A vida pede cuidados.

Precisamos cumprir a nossa humanidade. Pela primeira vez isso é pedido a todos, juntos. Tristemente uns precisam ir, outros precisam ser, outros precisam de ajuda. Precisamos tratar os outros e a vida com mais poesia.


1. Poesia indicada pelo Bug Latino


“ESTRELA DA TARDE”


“Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia

Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia

Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.

Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia

Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia

E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria

Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia

Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.


Meu amor, meu amor

Minha estrela da tarde

Que o luar te amanheça

E o meu corpo te guarde.

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza

Se tu és a alegria

Ou se és a tristeza.

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza!


Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram

Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram

Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram

E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram

Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam

Era a noite mais clara daqueles que à noite se deram

E entre os braços da noite, de tanto se amarem, vivendo morreram.


Meu amor, meu amor

Minha estrela da tarde

Que o luar te amanheça

E o meu corpo te guarde.

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza

Se tu és a alegria

Ou se és a tristeza.

Meu amor, meu amor

Eu não tenho a certeza!


Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso se é pranto

É por ti que adormeço e acordado recordo no canto

Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto

Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!”


Ary dos Santos

in “As Palavras das Cantigas”


Carlos do Carmo canta “Estrela da Tarde”


2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert


“Lisboa Ainda”


“Lisboa não tem beijos nem abraços

não tem risos nem esplanadas

não tem passos

nem raparigas e rapazes de mãos dadas

tem praças cheias de ninguém

ainda tem sol mas não tem

nem gaivota de Amália nem canoa

sem restaurantes, sem bares, nem cinemas

ainda é fado ainda é poemas

fechada dentro de si mesma ainda é Lisboa

cidade aberta

ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste

e em cada rua deserta

ainda resiste”


Manuel Alegre

20 de março de 2020


3. Poesia de Teresa Vilaça


“DESPEDIDA”


“Na madrugada

um verso

afasta

a solidão

de vazios

sentimentos


Escuta teus

noturnos passos

cada vez

mais distantes


Suspira

o incontornável

adeus que

se fez crescer

no coração


Em liberdade

as palavras

ressoam

o desejo

do novo.”


T.Vilaça

Salvador, 06 de agosto 2020

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