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"Anitta" Bug Sociedade


“ANITTA ABALOU”

Uma terra onde as oportunidades são aproveitadas ou uma terra com gente “carreirista”, que “usa” a fama dos outros pra se dar bem? Infelizmente, nem preciso gastar dois pensamentos: Resposta 2. Sem louvor nenhum.

E ao mesmo tempo em que estamos assistindo Anitta brilhar numa carreira internacional incrível, vemos Fake News pipocarem com todo tipo de mentira, permeadas de provocações e enredos para cooptar visualizações de seus milhões – 16, eu acho – de seguidores.

Estratégia eleitoral? Pelo sim e pelo não, eu que não tenho milhões de seguidores – na verdade, não tenho nem milhinhos – vou deixar de falar também – primeiro porque é fácil você não falar de quem não tem nada a ver com você – segundo porque Anitta é rainha nas redes sociais e há, portanto, uma grande chance de ela estar certa.

Porém, há uma grande chance também “desse verdadeiro encosto de visualizações” ser parte do desespero de quem não consegue aumentar eleitores há quase 4 anos, mesmo tendo trabalhado esse aumento incessantemente, desde o primeiro dia no governo. Se for verdade, os artistas são importantíssimos, fundamentais porque a nova geração precisa tirar seu título de eleitor e votar – em outros – pro Brasil sair dessa roubada em que entrou.

Ditadura, aqui, nunca mais. Sabe o que os piratas estão fazendo com os nossos indígenas? Sabe o que fazem os bandidos? Agora pense num momento da história onde ninguém podia falar nada ou responder nada porque os bandidos estavam disfarçados dentro da sua escola, no trabalho, na rua, fingindo que eram seus amigos... meu professor de geografia, no vestibular, acabou a aula e já saiu preso – e eu nem sei o que ele falou demais. Aliás - nem precisava falar demais de verdade. Bastava alguém inventar que você tinha falado. Desses anos pesados – de chumbo – nasceu uma fala que serve até hoje, pra gente se referir à polícia – “caguete merece cacete” ou alcaguete – mas ninguém, no Rio, usa a palavra inteira.

Não sei se a Anitta sabe o quanto nós temos que preservar nossa liberdade e porque devemos isso aos que morreram pra que a tivéssemos. Procurem saber como e onde morreram Stuart Angel, Vladimir Herzog, Edson Luís, por que houve uma passeata que juntou mais de cem mil pessoas, por que o Rio ama Fernando Gabeira, o que foi o movimento das DIRETAS JÁ. O fato é que não é o que qualquer pateta inventa que vira a história do Brasil. A história do Brasil foi vivida por quem ainda está vivo e pode testemunhar. Ditadura é quando você está na fila pra assistir a um show, a polícia montada passa por você e te dá uma cacetada nas costas só pra aparecer, enquanto você cai de joelhos, com cara de idiota e sem ar. Ditadura é quando você fica com taquicardia porque vai comprar um livro sobre ditadura numa feira de livros, ainda tem medo e fica ressabiada, olhando para os lados. Ditadura é quando um capitão cercado de generais “posa de macaco branco” e tenta nos dizer o que fazer.

Ninguém quer ditadura, aqui não. Ninguém precisa dela.

Então, pega a identidade, vai no SAC, cartório eleitoral, tira o título e põe o Brasil na avenida!

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“Anitta” Bug Sociedade

Não sei muito sobre Anitta, nem sobre sua música. Sei que quando vim viver para o Brasil, nunca tinha ouvido falar nela e via uma menina que parecia obter sucesso com muita facilidade. Lembro dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, e de a ver cantar com Caetano Veloso e Gilberto Gil. O meu olhar ingênuo sobre o Brasil, sobre a vida, me diziam que talvez fosse demais para aquela menina. Seus comentários fortes, provocantes, tirados do contexto ajudavam nessa minha construção. O desconhecimento e a aceitação das notícias que circulavam sobre ela também. Pela mesma altura, assistia a uma entrevista de Jair Bolsonaro para a Globo News. Era a primeira vez que via aquela pessoa e lembro de ficar tão chocada com seu “conteúdo” que pensava que era uma fake entrevista num fake mundo. Agora, quase 10 anos depois, vejo o quanto Anitta trabalhou e trabalha para fazer o seu caminho. É preciso reconhecer o quanto Anitta é lutadora, trabalhadora e perspicaz. Muito corajosa num mundo e num momento em que a coragem é cada vez mais rara no mundo. E desde 2013 até hoje, o que fez todos os dias a transformou num fenômeno.


Quando penso na forma como o mundo olha para o que fazemos, pensamos, decidimos, percebo melhor Anitta e o que permite sabermos sobre seu trajeto pessoal e profissional. As pessoas não gostam que sejamos diferentes do que elas pensaram, acharam, decidiram. E continuam a marcar bem isso nos elogios que nos fazem, nas críticas, nos silêncios, nos convites, nos não convites. Como se tudo fosse melhor se a gente se mantivesse naquele lugar mofado, mas habitual e agradável para todos. Quem sabe até uma farofa na roupa ficasse bem. Acham que vão decidir sobre a nossa vida, acham que têm direitos sobre a nossa vida. E acham que decidem melhor do que nós, que vivemos, saboreamos e trilhamos nosso caminho.


Ser necessário uma cantora jovem dizer as coisas acertadas que deviam vir da boca dos que estão em lugares de liderança num país continental é espantoso. Ser ela a que lhes diz como deve ser, igualmente. E a forma corajosa e clara como fala que a bandeira do Brasil, as cores do Brasil, o Brasil, não pertencem a ninguém só porque essa pessoa está no poder 4 anos, 8 anos, 10 anos. Nem a nenhuma tendência política. O Brasil é dos brasileiros e todos têm direito a valorizar suas cores e sua bandeira. Não existe lado para patriotismo, para respeito pelo seu país. É estranho e ainda mais estranho o silêncio que aceita estas coisas. Será que eu também posso dizer que a educação é apenas luta minha, a democracia, a justiça, etc, etc? O mundo piorou ou fui eu que acordei?


Anitta é especialista em redes sociais. Sua carreira usufruiu muito desse conhecimento. Sabe bem as artimanhas, estratégias, esquemas e técnicas. Contribuiu para alertar as pessoas para a forma como estão a ser manipuladas as opiniões, para as técnicas de marketing e de publicidade utilizadas. Para as técnicas mais óbvias ou as mais atuais utilizadas para sugar a energia, circulação, fama dos que têm sucesso e assim navegar “na sua onda”.


As redes sociais são como tudo na nossa vida. Tem sempre um jeito de fazer as coisas de forma “mais fácil” ou justa. Não é muito difícil perceber quem são os que utilizam uma ou outra - nas redes sociais e na vida. Uma entrevista bastaria para percebermos o erro se o mundo fosse equilibrado. Tem os que agem de forma orgânica ou que compram seguidores. Os que mostram o que são ou os que fingem ser. Os que se fazem de amigos e os que são amigos. Os que utilizam as redes sociais de forma privada para o privado e de forma pública para o público e os que fazem tudo do avesso. Aquilo que se fazia nos telefonemas privados, nas conversas falando baixo, ou ao ouvido, agora o mundo inteiro sabe e saberá para sempre. Não se inventou nada, apenas mudou a forma.


As redes sociais também mostram os problemas assustadores de expressão escrita, de expressão oral, a dificuldade colossal das pessoas terem e emitirem a sua opinião. Mostram a velocidade como as pessoas iniciam brigas, se desentendem, se humilham, se odeiam, se maltratam, se agridem. Quando uma artista jovem precisa ensinar um presidente de um país continental, sobre educação, civilização, opinião, respeito, justiça, honestidade, trabalho, etc, algo está estranho. Será que é necessário criar um curso de expressão escrita, de solidariedade, de direitos humanos, de humanismo e de regras nas redes sociais para algumas pessoas no mundo? Tantos cursos de liderança...que tal um para ensinar os políticos a saber estar em sociedade? Porque aqui não se morre de tédio. Morre-se de vergonha, de tristeza e de espanto. Quando achamos que já vimos demais, vem mais. Todos os dias. E todos os dias ouvimos, sabemos coisas que não podemos culpar as redes sociais. Recusar absorvente para mulheres em extrema pobreza e gastar milhões em Viagra e próteses penianas parece piada. Achar que tortura não tem importância chega a travar a alma. A vida por vezes é tão miserável que parece piada. O que será que saberemos amanhã?

Ana Santos, professora, jornalista

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