Hoje em dia, vendem-se estados internos. As pessoas descobriram termos como “imersão” e depois de um final de semana “emergem” meditando, dominando ioga, “coachs” formados em liderança, num mundo superpovoado de liderados. Há inúmeras pessoas que não conseguem lidar com frustrações, que não sabem colocar em palavras suas dificuldades, nem tampouco apoiar com palavras quem as procura em dificuldade. Um mundo onde se quer o domínio, mas não se tem autodomínio. Um mundo onde se acumulam coisas, bens, títulos – mesmo os que inventados. Não que haja apenas má vontade entre nós; mas talvez haja pouco domínio sobre a vontade de cada um de nós.
Sobre um tema tão introspectivo, o mestre Shi Heng Yi fala com a graça do gesto pacificado, do olhar desapegado, das palavras que apontam apenas o sentido presente das coisas e não se incomodam mais em apontar conquistas materiais. Aliás elas são colocadas na fala dele apenas como um atraso necessário à família.
O budismo pra mim nunca funcionou como uma religião de fato, mas como uma profunda mudança interior, uma filosofia a ser adotada. Sendo assim, a capacidade de concentração não vem de nenhuma imersão em nada que não seja a minha relação comigo mesma e, através dela, uma perspicácia diferente para olhar o mundo, as pessoas e lidar com elas, tentando não ter apego. Quando o mestre fala, todas as coisas se alinham diante de nós; o problema é quando ele cala e temos que tentar manter suas palavras dentro de nossas mentes.
Assistam ao vídeo tentando ser com ele. Tentando fazer com ele e ver com ele. Não o que o mestre é, mas o que nós somos, com ele. Isso vai durar um instante porque o apego nos desconcentra. Mas nesse instante, talvez cada um consiga uma fração do autodomínio necessário para subirmos as nossas montanhas. Há um esforço. Há uma ideia a ser seguida e há você, olhando o alto da montanha.
Uma palestra simples em palavras, mas de grande complexidade quando se percebe que complexo é perceber a simplicidade. Vale cada minuto dos 18 que você vai gastar assistindo. Sem apegos, sem muitas palavras, só o necessário para mudar a nossa vida.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e Tv
Nas pesquisas diárias e felizes para o trabalho no Bug, um dia, encontramos Shi Heng YI. E este vídeo em particular. São 18 minutos de impacto. Escolho impacto porque é muito o que oferece e muito simples. Como a vida. Nós enquanto Bug aconselhamos vivamente que vejam, que possam ter a mesma sorte que tivemos. De poder ver, ouvir, sentir, aprender, com Shi Heng YI, um ser humano especial.
Fala o que muitos falam, mas acredite, fala de uma forma funcional e que qualquer ser humano consegue se identificar. Um excelente exemplo de como falando devagar e com conteúdo claro, falamos mais do que depressa e apenas juntando palavras na busca de um sentido. No início sentimos desconforto, afinal estamos habituados a falar rápido numa vida de velocidade. Afinal, ele vive uma vida monástica e a nossa vida é muito diferente. Mas, veja até ao final. Terá boas surpresas no caminho... Histórias com sabedoria deixam lastro e podem nos ajudar nos nossos momentos sombrios.
É lindo, é inteiro, é sereno, é intenso e está totalmente presente, para dizer um pouco. Mas tirem vossas conclusões, aprendam da vossa forma. Apenas não percam. Algo muda, depois de o ouvir. Posso vos assegurar.
Ana Santos, professora, jornalista
Link do vídeo
Master Shi Heng Yi – 5 hindrances to self-mastery | Shi Heng YI | TEDxVitosha