portalbuglatino
5日前
Bug Cinema
Que filme tenso. Você fica com o coração na boca. O tempo é colocado à disposição das emoções e, ora é lento e rotineiro, ora está por um triz de perdas incríveis – e a gente lá – sem piscar.
Muitas sensações físicas, principalmente as de falta de espaço – como se pode viver em tão pouco espaço físico na Ásia? E como se pode “acumular”, arrumar, organizar e reorganizar coisas – incluindo pessoas, família, a mãe doente, a filha desempregada, documentos, gravuras, o filho enjoado do sistema, o pai – enjoado dos pés à cabeça?
Uma montagem firmada num roteiro incansável - que descreve o que faz o amor materno, já imaginaram?
Uma das coisas mais importantes do filme que o Bug Latino não para de reforçar é que estamos nos isolando em necessidades solitárias e, ao não discuti-las, perdemos a noção de que podem ser fúteis ou não, apenas porque não ouvimos mais uns aos outros, não queremos mais saber a opinião, muito menos o conselho de ninguém. E todos parecem então se meter na vida dos outros, são todos invasivos porque não se comunicam. Todos falam. Mas afinal, falam sozinhos.
Num dado momento, dentro da sua vivência, ao invés de resolver, de guardar segredos, absorver as reclamações, a protagonista, por um instante, nos coloca numa viagem imaginária delicadíssima, enfrentando seus medos, se unindo à sua história e sendo apenas ela mesma. Um momento como poucos.
Nem pensei demais no espaço cênico porque afinal tudo ali era falta de espaço físico! É incrível como somos conduzidos ao caos que anseia a calma, o zen e o equilíbrio. Que construção, a do diretor, que construção...
As famílias atualmente estão tão desconectadas que indicamos fortemente que todos assistam juntos e sintam a dinâmica do amor materno. Vai valer demais, vocês vão ver.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Que filme. Os filmes orientais trazem-nos formas diferentes de falar da vida e de seus problemas. Adoro!
Um filme difícil numa vida difícil. Uma mulher talentosa no seu trabalho, que quando chega em casa tem de fazer tudo direitinho para o marido, para a filha, para o filho. No século XXI. Ela tenta construir um futuro, mas o mundo é perigoso, a família nem sempre ajuda porque nem pensam nela e nas suas necessidades.
Um marido que se aposenta e desliga todos os botões de energia, de bondade, de partilha, de vontade de construir, de ser feliz. Ou já os tinha desligados antes. Egoísta, preguiçoso, etc. Ela, um monstro de trabalho que precisa cuidar de todos, e nenhum pensa nela e nas suas necessidades. Como isso é frequente na vida, e em qualquer lugar do mundo. Que situação...
A mãe está doente e envelhecida, ficando cada vez mais dependente e acumulando problemas de saúde e ela vivendo tudo isso por dentro, sozinha.
É impressionante como é algo frequente. Cuida de todos, mas nunca é preocupação para os outros. Em qualquer canto do mundo, tudo igual. Assustador. Mesmo o menino que ajudou, pode ser alguém que também a explore.
Um filme importante de ser visto porque isto precisa mudar. E para mudar, precisamos ver e perceber como está errado, para depois nos disponibilizarmos para corrigir – todos os gêneros, credos, status, contas bancárias.
Imperdível.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Ela é uma boa mulher vivendo uma vida plena. Ou assim parece. Uma mãe atenciosa, uma dona de casa capaz e uma mulher de carreira bem-sucedida, ela cuida de sua mãe com demência sozinha. O que ela precisa é de um pouco mais de espaço, mas de alguma forma, ela simplesmente não consegue encontrar nenhum. Ela decide comprar uma casa, pois acredita que um lugar maior fará sua família feliz.
Direção: CJ Wang
Elenco: Hee Ching Paw, Johnny Kou, Chia-An Yu
Trailer e informações:
https://www.imdb.com/pt/title/tt13298522/
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