Dá até arrepio ver, enumerados como descobertas dele, todos os monstros sagrados do show business. A trajetória é impressionante: de menino perdido nas gangues, a um gênio da produção musical, Quincy Jones passeia pela vida de todos nós sorrindo, mas trabalhando com raiva até porque nada lhe era suficiente, parar não era previsto nunca e isso se traduziu no seu quase “turismo familiar”, com filhos que pouco via e que só começou a perceber ao ser cuidado por eles. E foram muitos filhos e muitos casamentos, onde só foi fiel à música.
Um doc bem cuidado, com músicas magistrais, intérpretes incríveis que o olhavam com a mesma veneração e carinho com o qual vemos nossos ídolos. Ver a timidez de Michael Jackson, sabendo hoje que os dois fizeram juntos os dois maiores álbuns da história é incrível. Vê-lo por trás do sucesso absoluto de A Cor Púrpura, tanto quanto por trás do sucesso dos arranjos para Frank Sinatra dá a exata dimensão do espaço que foi ocupado por este homem, numa sucessão de gênios.
Nem consegui piscar. Sou fã de todas as personalidades que apareceram no doc. Para além delas, a história de Quincy é dura, áspera, difícil, árdua e ele é fruto dela, mil vezes “anestesiado” pelo e para o trabalho, caindo de exaustão, quase morrendo diversas vezes pelos mesmos motivos. O filme mostra tudo. E nisso se parece com quem ele é e a forma como chegou onde está. A dor está ali. As perdas, as pessoas que deixou e as que o deixaram pra trás. Mesmo agora, a energia lá está, nitidamente num corpo que tenta equilibrar a energia de um pensamento mágico.
É um filme imperdível pra que ama jazz, blues, soul, pop, rap, cinema, trilhas sonoras, grandes cantores, estrelas e seus grandes momentos, dentre outras coisas, além de sua vida, que é incrível. Quem não se encaixa aqui?
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
“Você quer ser o que você vê. Eu só via “gangster’s” e queria ser um até aos meus onze anos. Até que vi um piano e descobri a música. A minha liberdade.”
Quincy Jones
Este documentário é muito interessante porque, de uma forma muito descontraída, mostra o mundo de um dos maiores gênios da música. Nasce numa comunidade muito pobre, passa fome, precisa aprender a sobreviver num mundo muito pesado. Um dia vê um piano e se apaixona pela música. A partir daí é um ser humano querendo saber e saber. Foi em busca dos melhores e se dedicou a aprender. Hoje em dia é muito conhecido por ser produtor musical, mas esse é um dos talentos. Compositor extraordinário, criou obras musicais eternas. Ter num dos seus dedos, o anel que era de Frank Sinatra e que lhe deu antes de morrer, como sinal de amizade e de respeito pelo músico que é, nos deixa sem palavras. Sem palavras também ficamos por ver todos os gênios da música, se dirigirem a ele e o cumprimentarem como se fossem meninos, tal é o respeito. Tony Bennett, Paul McCartney, Lady Gaga, John Legend, Beyonce, etc, etc, etc. Descobriu o talento de Oprah Winfrey. É impressionante o quanto fez e faz pela música.
Neste momento é um brutal produtor musical. Tem o respeito de todos na música mundial e organiza eventos de alto nível. É também o mentor de alguns dos novos talentos. De Jacob Collier, por exemplo, que é simplesmente inacreditável. Quem não conhece, precisa conhecer. Com toda a certeza Quincy Jones reconhecendo outro gênio como ele e dando-lhe asas. Quem sabe o anel de Sinatra passa para um dos dedos de Jacob um dia...
Um homem, hoje milionário, famoso, respeitado. Mas que recorda que passou fome e por isso, dá muito valor ao que tem e ao que alcançou.
Dedicou-se tanto à música que acabou por deteriorar as relações amorosas e parentais. Mas a vida também lhe deu uma segunda oportunidade e ele lutou para recuperar o tempo perdido, pelo menos com os filhos. O documentário é dirigido também por uma das filhas. Não percam. Meus senhores e minhas senhoras...Quincy Jones!!!!!!
Ana Santos, professora, jornalista
Informações sobre o documentário:
https://www.imdb.com/title/tt7440432/?ref_=vp_back
Direção e Roteiro: Alan Hicks, Rashida Jones
Sinopse: Quincy Jones tem uma carreira invejável, suas contribuições para o jazz, o pop, o hip hop e o mundo da música em geral são incontáveis. Com 85 anos de idade, ele ainda não para. Acompanhando Quincy por três anos na estrada enquanto ele se prepara para o show de abertura do National Museum of African American History & Culture, sua filha Rashida Jones se une a Alan Hicks para dirigir um íntimo retrato e uma celebração do seu passado e do seu presente.
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