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Poesia na Escrita


Falando das Árvores

Felizes, consistentes, nobres

Dos Bosques

Selvagens e ricos

Dos Rios

Límpidos

Falamos do que perdemos

Do que ganhamos

Do que aprendemos


“Iara”


“Surgiu do leito do rio sem margens

Cantando a serenata do silêncio,

Do mar de desejos que a pele esconde,

Trazia sal no corpo inviolável.


Banhando-se no sol da estranha tarde

Cabelo aos pés mulher completamente,

Tatuou nas retinas dos meus olhos,

A forma perfeita da tez morena.


Com a lâmina dos raios penetrantes,

Arando fortemente as minhas carnes,

Espalhou sementes de dor e espanto.


Deixando-me abraçado à sua sombra,

Desceu no hálito da boca da argila

E, ali, adormeceu profundamente.”


Benjamin Sanches

(1915 -1978)


“Bertholetia Excelsa”


Se há uma árvore feliz, decerto é a castanheira:

No bosque ela resplende alta e dominadora.

A árvore da balata essa é tão sofredora,

Inspira compaixão a hevea, a seringueira!


Ela sozinha é um bosque e enche toda a clareira...

No ouriço a natureza o seu fruto entesoura

E a colheita presente e a colheita vindoura

Ei-las todas na fronde augusta e sobranceira.


Na casca não se vê sinal de cicatrizes,

De feridas cruéis por onde escorre o látex...

No seu orgulho é assim como as imperatrizes!


Se a posse é disputada entre explosões de nitro,

Na luta em que se queima a pólvora aos arráteis,

— O fruto é quase o sangue: é negociado a litro!”


Jonas da Silva

(1880 - 1947)

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