“Vivemos sem sentir o país sob os pés,
Nem a dez passos ouvimos o que se diz,
E quando chegamos enfim á meia fala
O montanheiro do Kremlin lá vem à baila.
Dedos gordurosos como vérmina gorda,
As palavras certas como pesos de arroba.
Riem-se-lhe os bigodes de barata,
Reluzem-lhe os canos da bota alta.
À volta a escumalha – guias de fino pescoço –
Nas vénias da semigente ele brinca com gozo.
Um assobia, o outro geme, aquele mia,
Só ele trata por tu, escolhe companhia.
Como ferraduras, lei ‘trás de lei ele oferta,
Em cheio na virilha, olho e sobrolho e testa.
Cada morte que faz – crime malino
E o peitaço tem amplo, ossetino.”
Óssip Mandelstam (1891 – 1938)
Novembro de 1933
“A Gente é Legal”
“Jogadores de Sinuca.
Sete no Taco de Ouro.
A gente é legal.
A gente
Largou o colegial.
A gente
Manda na madruga.
A gente
Acerta na sinuca.
A gente
Foge de igreja.
A gente
Segue a cerveja.
A gente
Samba à beça.
A gente
Morre depressa.”
Gwendolyn Brooks
Poeta, escritora e professora norte-americana. A primeira afro-americana a vencer o Prêmio Pulitzer (1950)
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