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Poesia dos Reis

Foto do escritor: portalbuglatinoportalbuglatino

IMAGE BY NASA ESA (272113), CSA (272278), STSCI (272279) - Nebulosa Keel 4

“Ulysses

“De nada serve a um rei ficar inerte,

No lar quieto, em meio à rocha infértil,

Unido a esposa idosa, eu doo e imponho

Iníquas leis a um bando de selvagens

Que soma, e dorme, e engorda, e não me vê.

 

Estou inquieto: Sorverei da vida

A última gota: Sempre gozei muito,

Sofri muito, com todos que me amaram,

E só; em terra firme, ou arrastado

Por negras correntezas irritadas

Pelas Híades: Transformei-me em nome;

Errante sempre, com ardente impulso

Muito vi e conheci; cidades de homens

E costumes, conselhos, climas, regras,

E a mim mesmo, por todos sempre honrado.

Traguei da pugna o gozo junto aos meus,

Longe na Troia dos ventantes plainos.

Sou parte, enfim, de tudo que encontrei;

A experiência é um arco pelo qual

Vislumbro um mundo inexplorado, cuja

Margem se afasta sempre ao meu mover.

Que tolice o parar, o dar um fim,

Enferrujar assim, sem uso e brilho!

Como se respirar fosse viver.

Quão pouco, vidas sobre vidas! Desta,

Pouco resta: mas cada hora é salva

Do que é silêncio eterno, um algo além,

Arauto do que é novo; vil seria

Guardar-me, agrisalhando por três sóis,

A alma cinzenta ardendo por seguir

O saber como um astro que se afoga,

Além do limiar do pensamento.

 

Este é o meu filho, meu fiel Telêmaco,

Para quem eu relego o cetro e a ilha –

Meu bem-amado, hábil a cumprir

Esse labor, prudente domador

De um povo rude, e mansamente, aos poucos,

Vai sujeitá-los ao que é bom e útil.

Irreprochável, centra-se na esfera

Dos deveres comuns, decente para

Sutis ofícios, prestará tributos

De justa adoração aos nossos deuses

Quando eu me for. Ele obra o dele, eu o meu.

 

Lá jaz o porto; O barco estufa as velas:

Ensombram grandes mares. Meus marujos,

Almas que lutam, sofrem junto a mim –

Que, jubilosas, acolheram sempre

Trovão e sol ardente, opondo frente

E fronte livres – nós estamos velhos;

Na velhice, persiste a honra e a luta;

A morte é o fim: mas antes, algum feito

Notório e nobre está por se fazer,

Sem impróprios conflitos com os Deuses.

Luzes estão a cintilar nas rochas:

O dia míngua: a lua ascende: o abismo

Gemendo em muitas vozes. Venham, homens,

Não tarda a busca por um novo mundo.

Partam, em ordem todos, e fulminem

As sonoras esteiras; Meu intento

É navegar além-poente, e sob

Estrelas do ocidente, até morrer.

Talvez vorazes golfos nos devorem,

Ou então, nas Afortunadas Ilhas,

Vejamos grande Aquiles, caro a nós;

Mesmo perdendo muito, há muito à frente,

Ainda que como antes não movamos

A Terra e o Céu; O que nós somos, somos;

O mesmo heroico peito temperado,

Fraco por tempo e fado, mas forte a

Lutar, buscar, achar, e não ceder."


de Alfred Lord Tennyson (1842)

Trad.: Rubens Canarim

 



"Soneto 43"

"Amo-te quando em largo, alto e profundo

Minh’alma alcança quando, transportada,

Sente, alongando os olhos deste mundo,

Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

 

Amo-te em cada dia, hora e segundo:

À luz do sol, na noite sossegada.

E é tão pura a paixão de que me inundo

Quanto o pudor dos que não pedem nada.

 

Amo-te com o doer das velhas penas;

Com sorrisos, com lágrimas de prece,

E a fé da minha infância, ingênua e forte."


Elizabeth Barrett Browning (1806 – 1861)

casada com o também poeta Robert Browning

tradução Manuel Bandeira

 
 
 

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