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Poesia dos Lutos

Lutos pessoais ou sociais,
Fugazes ou duradouros
Por vezes somos apenas nós que nos valemos
Ou poucos os que nos amam
Mas o pouco chega sempre
O quase nada chega sempre
Quando é verdadeiro
“Eu”
“Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa a ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!”
Florbela Espanca
“Para os mortos”
“Eu sonhei que te ligava pelo telefone
para dizer: Seja mais gentil com você mesma
mas você estava doente e não atendia
Meu amor desperdiçado continua dessa forma
tentando te salvar de você mesma
Eu sempre me perguntei sobre o resto
de energia, a água descendo pela colina
muito depois de terminada a chuva
ou o fogo que você não quer levar para cama
mas que não pode deixar, queimando mas não queimada
o carvão vermelho mais extremo, mais curioso
no seu acender e morrer
quando você deseja que eles estivessem
ali mesmo muito depois da meia noite”
Adrienne Rich