
“VERSO LIVRE”
“assim escrevo na borda do tempo
linha riscada em giz de sombra pálida
tempo febril indagações metálicas
ponta de aço enferrujado em lomba
lomba de páginas lidas em compasso
lomba de canto gasto e atual
lomba de lombra curto verso inverso
lomba de chão arado tenso igual
assim escrevo no raiar da tarde
tarde molhada líquida desfeita
tarde que logo será noite. E arde.
ardência louca transparente avessa
engole o verso a transparência e a tarde
mais tarde é noite
antes que anoiteça.”
ANNA MIRANDA MIRANDA
“TRANSMUTANTE”
“Dos meus pés saem raízes
Das minhas pernas saem memórias
Das minhas coxas saem estrias
Dos meus joelhos saem sussurros
Do meu útero saem orgasmos
Da minha barriga saem espasmos
Do meu abdômen saem urros
Do meu tórax saem buracos
Das minhas costas saem cascas
Dos meus braços saem dores
Das minhas mãos saem garras
Da minha nuca saem facas
Da minha cabeça saem galhos
Da minha mente saem antenas
Parabólicas
De consciência.”
ANNA MIRANDA MIRANDA
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