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Poesia do caminho e da despedida


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Fotografia de Lisa Kristine - @lisakristinephotography

“Despedida”


“Por mim, e por vós, e por mais aquilo

que está onde as outras coisas nunca estão,

deixo o mar bravo e o céu tranquilo:

quero solidão.


Meu caminho é sem marcos nem paisagens.

E como o conheces? - me perguntarão.

- Por não ter palavras, por não ter imagens.

Nenhum inimigo e nenhum irmão.


Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.

Viajo sozinha com o meu coração.

Não ando perdida, mas desencontrada.

Levo o meu rumo na minha mão.


A memória voou da minha fronte.

Voou meu amor, minha imaginação...

Talvez eu morra antes do horizonte.

Memória, amor e o resto onde estarão?


Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.

(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!

Estandarte triste de uma estranha guerra...)


Quero solidão.”

Cecília Meireles

(Rio de Janeiro, 1901-1964)



“Caminheiro”


“Sinto é um medo, um medo insuperável

Defronte das alturas misteriosas.

E dizer que me agradam andorinhas

No céu e do campanário o alto voo!

Caminheiro de outrora, cá me iludo

Pensando ouvir à borda do abismo

A pedra a ceder, a bola de neve,

O relógio batendo eternidade.

Se assim fosse! Mas não sou o peregrino

Que vem dos fólios antigos desbotados,

E o que em mim real canta é esta angústia:

Certo – desce uma avalancha das montanhas!

E toda a minha alma está nos sinos,

Só que a música não salva dos abismos!”

Óssip Mandelstam

poeta russo (1891 – 1938)

 
 
 

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