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Poesia dispersa, insensata, verdadeira

Falar tudo o que dentro de nós nos dispersa.
Na poesia.
A verdade das coisas nem sempre é dita na vida. Na poesia.
1. Poesia indicada pelo Bug Latino
“Casablanca”
“Te acalma, minha loucura!
Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados!
Este som de serra de afiar as facas
não chegará nem perto do teu canteiro de taquicardias…
Estas molas a gemer no quarto ao lado
Roberto Carlos a gemer nas curvas da Bahia
O cheiro inebriante dos cabelos na fila em frente no cinema…
As chaminés espumam pros meus olhos
As hélices do adeus despertam pros meus olhos
Os tamancos e os sinos me acordam depressa na madrugada (feita de binóculos de gávea)
e chuveirinhos de bidê que escuto rígida nos lençóis de pano”
Ana Cristina Cesar
2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert
Trecho do livro “A Menina do Mar”
“- (…) As coisas da terra são esquisitas. São diferentes das coisas do mar. No mar há monstros e perigos, mas as coisas bonitas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
– Isso é por causa da saudade – disse o rapaz.
– Mas o que é a saudade? – perguntou a Menina do Mar.
– A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.”
Sophia de Mello Breyner