Poesia de Mim
- portalbuglatino
- 14 de fev. de 2024
- 1 min de leitura

"AQUELE RUMOR DE CANTIGAS E RISOS..."
“Aquele Rumor de cantigas e risos,
ir, vir, conversar;
aquele falar de coisas que passaram
e outras que passarão;
aquela, enfim, vitalidade inquieta
juvenil, tanto mal
me fez, que lhes disse:
"Vão e não voltem mais".
Um a um desfilaram silenciosos
por aqui e por lá,
como as contas rompidas de um rosário
se espalham pelo chão:
e o rumor dos seus passos que partiam
até mim com tal som veio ressoar,
que não mais tristemente
talvez ressoará
no fundo dos sepulcros
o último adeus que um vivo aos mortos dá.
E ao fim me encontrei só, mas tão sozinha,
que ouço da mosca o inquieto revoar,
do ratinho o roer terço e constante,
e do fogo o "tchis-tchas'',
quando da verde rama
o fresco sumo devorando vai,
parece que me falam, que os entendo,
e são meus companheiros;
e este meu coração lhes diz tremendo:
Não vão embora não!"
Que doce, mas que triste,
também é a solidão!”
Rosalía de Castro
(1837-1885)
escritora e poetisa espanhola. Considerada como a fundadora da literatura galega moderna
"AONDE IREI COMIGO? ONDE ME ESCONDEREI?"
“Aonde irei comigo? Onde me esconderei,
que já ninguém me veja e eu não veja ninguém?
A luz do dia assombra-me, pasma-me a das estrelas,
e os olhares dos homens na alma me penetram.
Pois o que guardo dentro em mim penso que ao rosto
me sai, como do mar ao fim um corpo morto
Houvesse, e que saísse!...; mas não, te levo dentro,
fantasma pavoroso dos meus remordimentos!
Rosalía de Castro
(1837-1885)
escritora e poetisa espanhola. Considerada como a fundadora da literatura galega moderna
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