top of page
Buscar
Foto do escritorportalbuglatino

“PARA DOM & BRUNO” Bug Sociedade


Em um dos nossos programas Unissex, do Bug Latino, Alexandre Mendes falou uma coisa muito importante: É muito difícil agir certo, no Brasil. É difícil ser honesto, difícil acusar um bandido, se colocar contra ações reprováveis. É difícil ser bom, no Brasil.


Todos reclamam que este é um País sem heróis, matando os heróis que aparecem, sem dó, nem piedade. Todos vivem mudando o nome das coisas, melhorando a forma de dizer, mas ignorando que não importa o nome que as coisas têm, se a atitude nunca muda. Índio ou indígena não deveria ser importante, se eles estivessem vivos e felizes. Mas estão sendo trucidados diante dos olhos de um País entre o apático e o covarde, que não faz nada, além de assistir e bater boca na internet, com uma equipe contra e outra a favor. Polarizado ou bipolar? A regra do certo e errado parece não se aplicar mais contra matar – antigamente não era pecado mortal? O “NÃO MATARÁS” obteve permissão do governo, da justiça, da religião, da sociedade?


Ah, a sociedade... A sociedade me pesa carregar... Porque o momento do Brasil é um pesadelo.


Dom & Bruno. Heróis. Enfrentaram bandidos, já que o governo entregou o território de indígenas não contatados a qualquer bandido, dizendo apenas que “o lugar é barra pesada e que Dom & Bruno se arriscaram”. Como se não tivesse importância que o Brasil tivesse lugares onde ninguém liga, ninguém fiscaliza – geralmente próximo aos indígenas – e que podem ficar infestados de bandidos – aliás, estando perto e eliminando indígenas, é bom até incentivar a entrada de bandidos. Fazem ver que Dom & Bruno – os heróis – é que agiram mal em ir denunciar o morticínio, a pesca ilegal, os bandidos.


Que espécie de pesadelo é esse? Não estamos conseguindo acordar e as perdas sucessivas não param de aumentar porque são mortos pra todo lado: a COVID levou quase 700 mil brasileiros, não há escola boa, não há educação e, em troca, preconceito contra negros, contra pardos, contra gays, contra quem é simpatizante, contra mulheres, contra os honestos. E agora – agora – contra os heróis.


É como ser contra o Super Homem. No Brasil, há simpatizantes de bandidos, dos inimigos dos nossos Super Homens - porque, afinal, eles são do meu grupo. Nesse pesadelo, aparecem “fake heros” – militares que estavam esperando um “papel chegar para colocarem suas roupinhas camufladas de selva” e finalmente irem em busca dos heróis. Os de verdade. Os que provavelmente estão mortos porque não há fiscalização, não há interesse, não há brasilidade em quem bate no peito e grita Brasil, com bandeirinha enrolada no corpo ou pendurada na janela, essa bandeira que estou olhando e não acredito no que ela vê quando é posta na rua...


Brasilidade é ação. Nesse caso, o inglês é mais brasileiro do que nós. O Bruno é Brasil legítimo. A medalha que está no meu peito, ao contrário, é o horror da vergonha. Negros, pretos, pardos, índios, indígenas, brasileiros. E brasileiro é dor, Brasil é vergonha e a nossa bandeira precisa ser devolvida para servir de mortalha aos nossos heróis. Na hora do voto, a mortalha será devolvida. Na hora da eleição, a força da mata, do índio, da vida, do preto, do pardo, da polícia descendo a porrada, da injustiça querendo calar a nossa boca, da gente tendo que renascer da covardia de tantos covardes que batem, abandonam e depois dizem que a culpa é nossa.

Dom & Bruno. Perdão.


“Viste então que os filhos teus não fugiram à luta, nem temeram o que adoraram até a morte”. Brasil, Brasil, terra adorada. Quero você de volta.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“PARA DOM & BRUNO” Bug Sociedade

Existe um jeito de viver, “por entre os pingos da chuva”, como costumam dizer. Essas pessoas “se dão bem na vida”, dizem também. Eu não sou uma pessoa assim e não gosto de pessoas assim. Estar neste mundo só para atrapalhar, sem nenhum esforço para melhorar nada, para construir nada, pensando só em si mesmo, complica o mundo e a vida de todos. Para piorar, algumas dessas pessoas ainda gostam de impedir que outras pessoas tentem fazer o certo.


Tudo, absolutamente tudo, é mais difícil, mais demorado e menos recompensador quando se vive para construir e resolver; muitas pessoas não o podem fazer, muitas pessoas não o conseguem fazer e todas elas necessitam que alguns o façam. E quem o faz sabe disso e sabe a importância e a relevância simbólica das suas ações. Aceita o jogo, não tem outro jeito, tenta sempre que o jogo possa virar algo justo, mas ele nunca vira. Infelizmente nunca vira. E vemos que fica cada vez pior. E assistimos aos que se preocupam, se indignam, como nós e, vemos os que nada sentem, ou até pior. O vosso desaparecimento nos afeta, muito. Como se desaparecêssemos com vocês e junto, a nossa esperança, a nossa energia, o nosso futuro. Seguiremos, seguiremos os que não formos assassinados, mortos, torturados, agredidos, roubados, evaporados, impedidos de ter uma vida digna. Seguiremos enquanto respirarmos. Por mais que nos espezinhem, que nos atormentem, que nos considerem menores, que nos ridicularizem.


Um país sem liderança, nos faz sentir muito sós, jogados à nossa própria sorte. Ter proteção quando o perigo é eminente, que nos procurem quando ninguém nos encontra, palavras de carinho ou ações de apoio quando estamos desesperados, com medo, desorientados, enquanto cidadãos e enquanto povo, existe, mas noutros países. O Brasil, está ao contrário, do avesso. Como isto é possível e todos ficamos assistindo? Alguns ficam mesmo achando que estamos até muito bem. Não falo de lados políticos, nunca falarei, porque isso é apenas uma forma de distrair o ser humano. Como ser deste ou daquele partido é o mais importante? Como nos deixamos distrair, assim, tão facilmente?


Tem muita coisa errada acontecendo. Alguns aceitam, incentivam. Outros abusam. Outros? Outros passeiam, viajam, contam as notas, se divertem. Para eles está tudo muito bem assim. Como conseguem? É não saberem mesmo o que vieram fazer ao mundo.E enquanto não descobrem, estragam. Não vale tudo. Não vale sempre tudo.

Ana Santos, professora, jornalista

93 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page