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“MACHISMO ORIGINAL” e “O que custa, apenas, ser boa pessoa?” Bug Sociedade

  • Foto do escritor: portalbuglatino
    portalbuglatino
  • 19 de mar. de 2024
  • 6 min de leitura

Obra “Sutura sobre fotos de criança trans(viada)”, de Aires Foto

“MACHISMO ORIGINAL” Bug Sociedade

Será que o preconceito é uma forma mais econômica de se viver? Olhamos para o “estado de ser” de uma pessoa e logo o estendemos para todas as outras por uma questão de semelhança? De alguma forma isso não me satisfaz porque olhando assim, deveríamos ter um enorme preconceito contra homens, já que se formos avaliar a quantidade de violência produzida pelo gênero masculino, eles não deveriam  nem ter carteira de motorista.

O que move o preconceito? O que faz um homem olhar para o traseiro da gente como se estivesse escolhendo entre “alcatra ou patinho”? O que faz os homens nos olharem e comentarem sobre a presença de gordura ali ou aqui, como se nós fôssemos a carne do churrasco de domingo? O que faz com que se sintam inocentes e sem culpa após nos estuprarem?  O que faz com que se justifiquem quando são presos? O que justifica um homem dizer “psiu” na cara da gente, numa discussão, sem se sentir culpado de nada?  O que move essa quantidade enorme de homens a sufocarem emocional e fisicamente suas companheiras, bastando que elas discordem, critiquem, discutam suas opiniões? O que é criado dentro dos homens, já que todas as pessoas que se sentem femininas despertam essa violência? Eu não tenho muitas dúvidas de que o problema com os gays, drags e trans nasce dessa questão de poder ainda insolúvel do gênero masculino para com o nosso.

A sociedade perfeita só deveria ter homens cis?

É tão forte essa diferença de percepção que o combate ao preconceito insiste em não educar os homens; eles são apartados de nós nos vagões, cadeiras e poltronas rosa, assim como “animais selvagens não adestráveis”.  Nós, as vítimas, ficamos presas em lugares onde os “selvagens” não têm acesso. Eles seriam vistos socialmente como tão superiores ao ponto de não quererem ser incomodados com os nossos “pequenos” problemas de sobrevivência e integridade física?

O Fantástico mostrou mais uma mulher sufocada pelo marido que teve a presença de espírito de filmar a agressão. Claro que ele colocou a culpa nela. Claro que diante do fato incontestável de ouvir sua voz, colocou o advogado a pedir pericias e a duvidar. Não confessar – nenhum homem tem culpa. Os gays, as trans, as mulheres morrem porque querem, praticamente. Se auto estupram, auto assassinam. Para eles sobra a fala sobre preconceito, racismo, bebedeira, consensualidade, prostituição: Maria gasolina, Maria bola, Maria gol. Lá longe, a ligeira lembrança da infidelidade em casa, mas o que é um casamento, afinal?

Há o preconceito real e o preconceito que “dá jeito”? Será que ninguém na sociedade diferencia o racismo que atravessa a vida do Vini Junior e o alegado pelo Robinho para justificar a condenação que sofreu na Itália? Então um homem tentar nos fazer calar repetindo “psiu, psiu” é menos machista em algum momento da existência do gênero feminino? Ser sufocada pelo “namorado polícia fortão” é menos importante do que se ele fosse bandido? E um homem, policial, que está acostumado a dar mata cachorro a torto e a direito, não sabe que se apertar o pescoço de qualquer pessoa, ela vai desfalecer? E saber e fazer não o empata com qualquer bandido? Se é assim, por que ele não está preso? Por que eles nunca são presos?

Antes que o mundo tivesse escravizados, as mulheres já eram arrastadas pelos cabelos, no tempo das cavernas. Hoje em dia, discutimos todos os “ismos”, mas nós continuamos a ser arrastadas, enforcadas, sufocadas, assediadas, violentadas, assassinadas, caladas, desrespeitadas. Uma mulher grita com um homem e oh! Eles fazem tudo isso, todos os dias e o resumo é que fazemos mimimi. A mulher não pode se separar, não pode decidir se quer um filho ou não. Não tem juízo para decidir, mas tem juízo para trabalhar e sustentar a família quando o homem aborta seus filhos, diz que não os assume e vai embora, simplesmente. Tudo isso pode. Pode apanhar grávida, pode até ter a barriga chutada, pode conviver com um traste bêbado violento, pode ter medo de morrer na rua, morrer em casa. Enfrentar os homens, denunciá-los, fazer psiu na cara deles...

Que vergonha.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“O que custa, apenas, ser boa pessoa?” Bug Sociedade

Tem momentos em que a vida se mostra grandiosa, bem como o mundo. Isso parece acontecer quando se sente e se vê uma espécie de junção entre a beleza de tudo, entre a forma honesta como se trata o mundo, a vida e os outros. E, quando os nossos objetivos, intenções, sonhos, são bondosos, seguem caminhos que tentam fazer bem a todos.

Sempre que escuto Stephen Curry, jogador de basquetebol dos Golden State Warriors (NBA), vejo nele uma preocupação global, em muitas áreas. Ele nunca fez parte do atleta padronizado, no basquetebol da NBA – é baixo, foi vetado no teste visual quando era jovem, etc. O sistema fez questão de lhe mostrar muitas vezes que aquele lugar não era para ele. E ele sempre recusou essa “opinião”. Recusou e perseguiu formas de a ultrapassar – procurando formas inovadoras e assertivas de treino, uma vida regrada, um ambiente familiar estável. Além disso, é um atleta que procura aproveitar seu sucesso, sua imagem para divulgar e incentivar boas práticas – educacionais, esportivas, humanas. Foi através dele que conheci o musical incrível “Hamilton”, que já falei aqui muitas vezes. Recentemente escreveu o segundo livro para crianças, com o título: “I Am Extraordinary“ – “Eu sou extraordinária” – sobre a história de vida de uma menina. Veja aqui. Ele aparece no livro, como um personagem extra, dizendo que os obstáculos que surgem na nossa vida não são para pararmos, nem recuarmos, muito menos desistirmos. Eles servem para cada um descobrir dentro de si a coragem e a força para os enfrentar. E que é isso que nos torna extraordinários. A sua fundação estimula a leitura num dos locais de iliteracia mais baixos, nos E.U.A.. Cabe a todos nós, pais de atletas, treinadores, diretores esportivos, ajudar a direcionar o pensamento dos atletas para estas boas ações e tentar dissuadir o mais que pudermos de caminhos de comprar camarotes luxuosos para o Carnaval, fazer festas com estupros coletivos incluídos, etc.

Eddie Vedder, menino bonito, vocalista dos Pearl Jam, também parecia ser apenas um vocalista de sucesso, que gostava de se atirar para o público ou subir as colunas de som e abanar o cabelo, nos seus shows. Mas, nunca esqueceu que veio de um trabalho que começava à meia-noite e que, durante o dia, trabalhava como voluntário nas produções musicais, carregando instrumentos, organizando os instrumentos nos palcos dos concertos – isso para poder estar perto do mundo que amava. Um dia foi chamado para fazer um teste de uma semana noutro estado. 5 dias de prática, um dia de gravação do disco e começou uma das bandas mais famosas do mundo – Pearl Jam. Ainda hoje fala emocionado por não ter tido o pai presente, por se sentir sem alguém de confiança como a figura paterna, como isso o fez desconfiar de todos os adultos nessa época, e de ter precisado de criar dentro de si a força para se tornar um homem bom – como escreve numa das suas canções. Quem diria, quando o víamos em palco. Está muito envolvido em iniciativas relacionadas com doenças graves de pele, fez uma maravilhosa trilha sonora para o filme “Into The Wild” / “Natureza Selvagem” / “O Lado Selvagem”, que conta a história verídica de um adulto jovem, super talentoso, filhos de pais de sucesso e ricos, que prefere a solidão do Alasca à convivência social vazia e doente. Mais recentemente, dois anos atrás, numa parceria com a NASA, fez uma belíssima música. Veja aqui. O vídeo também é incrível, os dois juntos nos estimulam à descoberta, ao positivo no ser humano e no universo. Assista. Coisas boas, num ser humano bom que tem possibilidades financeiras e faz.

Roberto Martinez, atual selecionador português de futebol. Espanhol, fez questão de aprender a falar português – e fala melhor do que muitos de nós. É claro, assertivo, direto, honesto, transparente. É diferenciado na forma como comunica, como se relaciona, mas o que mais me chamou a atenção foram dois pormenores. Um, conta que quando era jogador de um time inglês, ninguém se preocupava em saber como estava a “pessoa” por dentro de cada jogador. E fez uma promessa para si mesmo. A promessa de que sempre estaria preocupado com o bem estar da pessoa que existe em cada jogador. Parece um pequeno detalhe, mas não é. E o segundo, fala claramente que um jogador que não contribua para um ambiente saudável, neste caso, numa seleção, não pode pertencer a ela nunca mais. Penso que isso, poucos treinadores levam em conta e deviam seguir com rigor. Deixo aqui um trecho da sua entrevista, onde falou isso. Quem sabe alguém do esporte da Bahia ou do Brasil, ouve. Era importante. Desejo que Roberto Martinez tenha uma vida de sucesso porque merece. Seja com Portugal, seja onde estiver trabalhando. Não tem esquemas, tem uma missão. Como Eddie Vedder, como Stephen Curry. Como devíamos ter todos.

Ana Santos, professora, jornalista

 

 
 
 

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