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Lute com a poesia

Pra quem pensa que poesia é aquela coisinha “água com açúcar”, apresentamos pessoas que criaram um legado político e histórico fazendo poesia e falando de orgulho, de amor e de respeito, num tempo de discriminação e preconceito.
Os tempos estão difíceis e ficarão ainda mais. Sabemos que vamos sentir dor, sentir a perda de amigos, conhecidos, parentes – nem sabemos se nós estamos ou não nas contas dos vírus... A hora então é de levantar a cabeça e pensar que nós somos um povo só, um coletivo de pessoas só e que em comum temos o amor pelo nosso País. Não importa o País – solte seu coração e ao ler os poemas se entregue ao seu amor pelas pessoas. Sinta. Ame. Lute através da poesia.
1. Poesia indicada pelo Bug Latino
"Eu me levanto" / "Still I Rise"
“Você pode me descrever na história,
Com suas azedas e retorcidas mentiras.
Você pode pisar-me enquanto estou na lama,
Mas ainda assim, como poeira,
Eu me levanto.
A minha audácia te incomoda?
Porque você se cerca de melancolia?
Só porque eu ando como se tivesse petróleo
Jorrando da minha sala de estar?
Assim como a vinda da Lua e do Sol,
Com a certeza das marés,
Assim como as esperanças primaveris,
Eu me levanto
Você quer me ver quebrado?
Cabeça curvada, os olhos baixos
Os ombros caindo como lágrimas,
Enfraquecidos pelos lamentos da minha alma?
Será que a minha altivez lhe ofende?
Talvez você não devesse levá-la tão a sério.
Só porque eu dou gargalhadas...
Como se eu tivesse ouro
Enterrado no meu jardim.
Você pode disparar contra mim suas palavras,
Você pode me cortar com as suas mentiras,
Você pode me matar com o seu ódio,
Mas ainda assim, como a vida,
Eu me levanto.
A minha sensualidade te ofende?
E te surpreende
Que eu dance
Como se tivesse diamantes
Encravados na minha pélvis?
Pra fora das cabanas da vergonha da história
Eu me levanto!
De um passado enraizado na dor
Eu me levanto
Sou um oceano negro, amplo e pulsante,
Satisfeito e turgescente, agarro-me às marés
Deixando para trás noites de terror e medo
Eu me levanto!
Rumo ao nascer de um dia maravilhosamente belo
Eu me levanto!
Trazendo o presente que meus ancestrais me deram
Sou os sonhos e as esperanças dos escravos
E, portanto, naturalmente,
Vou me levantando...”
Maya Angelou
(poema original em https://www.poetryfoundation.org/poems/46446/still-i-rise)
2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert