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Hoje, chore Poesia


Existem lágrimas que escorrem por dentro de nós e banham nosso coração. Vem em forma de letras, rimas, versos e estrofes porque o consolo de que precisamos nasce da poesia. O Bug quer que vocês percebam poesia como complemento, vida e morte, nascimento e vida. Chorem, então. Desde que chorem poesia.


1. Poema indicado por Maria Lúcia Levert


“PORQUE”


“Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão

Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.”


Sophia de Mello Breyner Andresen

Foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.



2. Poema indicado pelo Bug Latino


“Quando eu morrer”


“No dia em que levarem meu corpo morto

não penses que meu coração ficará neste mundo.

Não chores por mim, nada de gritos e lamentações

– lembra que a tristeza é mais uma cilada do demônio.

Ao ver o cortejo passar, não grites: “ele se foi!”

Para mim, será esse o momento do reencontro.

E quando me descerem ao túmulo, não digas adeus!

A sepultura é o véu diante da reunião no paraíso.

Ante a visão do corpo que desce

pensa em minha ascensão.


Que há de errado com o declínio do sol e da lua?

O que te parece declínio, é tão somente alvorada.

E ainda que o túmulo te pareça uma prisão,

e é ele que liberta a alma:

toda semente que penetra na terra germina.

Assim também há de crescer a semente do homem.

O balde só se enche de água

se desce ao fundo do poço.

Por que deveria o José do espírito

reclamar do poço em que foi atirado?

Fecha a tua boca deste lado

e abre-a mais além.

Tua canção triunfará

no alento do não-lugar.”


Poeta sufi Jalad ud-Din Rumi

Livro “Poemas Místicos”

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