
Filme ambientado na Argentina e que conta a história da interação incrível entre uma oca, seu protetor e um menino autista, gravado na Patagônia e, portanto, com uma fotografia impressionante. Não que atraia pela beleza da paisagem, mas pela força, pela energia.
Todo o filme é um profundo mergulho em emoções estruturais como o luto, o medo, a tristeza e também a alegria, o amor – e sim – embora pareça improvável, até como roteiro, o filme é baseado em uma história real, o que deixa a nossa capacidade de criação ficcional... em busca de histórias baseadas na vida real porque ela é imbatível.
Joaquin Furriel envolve nossa imaginação e sentimentos aos poucos. Começa meio antipático, mas num dado momento ganha sua emoção, tanto quanto Maribel Verdú. O menino Joaquin Rapalini é muito especial. Consegue sustentar a nossa atenção com intensidade dramática, sem nos dar um único olhar... Incrível.
A força da montagem das cenas já seria motivo para a indicação do filme, mas há muito mais. Eu gosto das montagens dramáticas argentinas – fogem do lugar comum brasileiro de pessoas nuas, sexo, violência e sangue para nos dar vida. Problemas íntimos, intrínsecos e profundos de alguma forma me aproximam mais dos problemas do mundo.
De qualquer forma, vale demais assistir usufruindo da fotografia, do clima, da força das personagens, do comportamento e inteligência da orca, das nossas perdas humanas do dia a dia, das buscas. Somos nós e a busca por dias mais amplos de felicidade porque a infelicidade aperta, sufoca...
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
A vida de um biólogo que estuda orcas, na Patagônia. Parece inventado, mas é um filme sobre a vida real. O lugar, o trabalho, o encanto de ligação que ele tem com as orcas, nomeadamente com a orca que se chama “Chaca”, são inacreditavelmente belos.
Uma mulher que procura esse cara no desespero de encontrar uma saída humana e mágica para o autismo do seu filho pequeno, surge no filme do nada. Parece algo mal organizado, falha do roteiro ou aconteceu mesmo assim sem avisar nada nem ninguém e o choque inicial é natural. Até que as necessidades do menino, a magia do lugar, a experiência e generosidade do biólogo, criam vínculos belos, mágicos.
O que não entendemos é confuso ou é errado, até entendermos e aceitarmos. O autismo, a sociedade, a natureza, os animais serão ingredientes de um bolo que pode dar muito errado ou muito certo. Tem sempre pessoas em cargos de poder que não querem entender o diferente, seja qual for e sempre aparecem para destruir numa intenção de mostrar que são eles os poderosos. Triste e habitual. Mas existem sempre saídas para o que é bom e verdadeiro e puro. E nos enamoramos de “Chaca”, do menino autista, do biólogo intenso e da mãe corajosa. Um filmão, um mergulho no mundo natural que estamos perdendo a cada instante. Viver é coração. Tente não perder.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Uma mãe com uma criança autista viaja da Espanha para a Argentina procurando ajudar seu filho a se conectar com suas emoções.
Direção: Gerardo Olivares
Elenco: Maribel Verdú, Joaquín Furriel, Joaquín Rapalini.
Trailer e informações:
Comments