Exposição de Azulejos, Porto, Portugal

portalbuglatino
há 2 dias
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"Sim, é preciso fazer de tudo para deter a extrema direita, para bloqueá-la. A vida toda eu votei em pessoas que detesto simplesmente para bloquear a extrema direita, e continuarei a fazer isso sempre. Seria um discurso extremamente problemático e egoísta dizer: "Não vou votar em alguém que não me agrada porque isso não me convém." Quando votamos não votamos por nós mesmos. Precisamos votar pelos outros. Quando vou votar, me pergunto: "Como viveria um imigrante na França com Marine Le Pen?" Seria muito pior mesmo que com Emanuel Macron, de quem não gosto. Portanto, você não pode votar por sua pequena pessoa. Devemos votar pelo mundo ao nosso redor. O voto não é um ato individual. Existe também uma guerra de narrativas. Um dos motivos pelos quais muitas pessoas votam na extrema direita hoje é porque acham que a esquerda, os progressistas, não as representam mais. Na minha infância, toda a minha família votava na extrema direita: meu pai, minha mãe, meu irmão. Todos votavam em Marine Le Pen, porque eles diziam: "Ela é a única que fala de nós. Os outros estão se lixando para nós." E votar é uma forma desesperada de tentar existir aos olhos dos outros. Portanto, para entendermos a ascensão da extrema direita, tanto na França, como no Brasil, EUA ou Inglaterra, não basta olhar para a história da própria extrema direita. É preciso olhar a história dos outros: da esquerda, da literatura, dos artistas, do cinema, que pararam de falar delas, que pararam de as representar, que pararam de lhes dar um lugar. E a vitória política também está condicionada a essa guerra de narrativas, de dar outro espaço onde essas pessoas possam se reconhecer."

Édouard Louis

Filósofo

Fotografia de João Paulo Pimentel

Professor de Cerâmica na Escola Soares dos Reis, Porto, desde os anos 80.

Artista.

@jpaulopimentel62

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