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“Eu e o Outro” Bug Sociedade


Nos vejo e sinto muito dispersos das ações concretas da vida porque parece que confundimos o que queremos com o que perdemos, já repararam? Ficamos olhando e reclamando por aquilo que não temos. Damos atenção extrema ao que se foi, mas o desejo de construir o novo, o melhor, fica um pouco – às vezes muito – entregue ao destino ou acaso.


O outro tem a grama mais verde, a casa melhor, mais dinheiro no banco – tudo melhor. O outro que tem menos, não é visto e, portanto, não é ajudado – sequer é previsto. Isso está de uma forma que “nossos exemplos” são cada vez mais estranhos. E, principalmente, está de “tal forma deformado”, que os sistemas de apoio, as redes de ajuda, parece que podem ser destruídas porque quem faz a lei, não precisa da Rede porque a está manipulando, ao invés de a tecer nas casas legislativas.


Quando a COVID estiver dominada, esqueceremos do que significou pra nós o SUS e da importância de uma boa escola pública? Vamos finalmente concatenar comer e estudar, percebendo que escola não virou pensão que fornece PF (prato feito), mas sim um lugar onde as crianças recebem atenção plena para alcançarem o conhecimento? A tal dita Rede de proteção do Estado em funcionamento? Não sei. Estamos muito dispersos.


O que o menino quer fazer de sua vida quando crescer? Voar pelo espaço? Como podemos organizar sua escalada? O que ele precisa saber? Fazer? Como se começa? Pra chegar ao projeto, quais são os passos? O que vemos é que temos pessoas infelizes porque não conseguiram perseguir seus sonhos pela falta de recursos, perspectivas e Estado, outro monte de pessoas que são infelizes porque escolheram dinheiro e só dinheiro e aquele terceiro montinho – bem menor – onde as pessoas querem viver do que escolheram ser de uma maneira mais consciente. Um engenheiro que virou agricultor, um ator que virou ativista ambiental, um jornalista que virou crítico da forma como atualmente a mídia vem trabalhando a comunicação, um agricultor que largou o uso de agrotóxicos, não importa – eles apenas pararam de olhar para o outro tão fixamente, para se fixarem em quem são e como podem ser melhores.



A sociedade precisa de todos os que colaboram e não existe, é uma ilusão – a profissão mais importante. Todas, se contribuem, fazem muita falta e dali pode sair muita felicidade em ser e representar o que aquele trabalho traduz.


Olhe ao redor: você fala do que dá certo na sua vida? Ou “re-clama”? Reparou no significado de reclamar com o prefixo separadinho? É pra pensar...


O outro não existe pra gente criticar ou invejar – ele serve pra você se mirar, se for uma coisa boa. Se for anti-ciência, antivacina, anti-progresso, anti-vanguarda, se olhe, veja se lhe serve de anti-exemplo e “pule”. Eles que vão pra nossa visão periférica – é bom que a gente dá uma treinada nela.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV



“Eu e o Outro” Bug Sociedade


Uns só pensam no seu “EU” e nem pensam, nem se preocupam com o “OUTRO”. Suas decisões, sua caminhada é só a pensar em si. Aguardar que o mundo se vacine para poder circular na boa sem precisar se vacinar, tomar decisões baseadas na sua carreira, seus contratos milionários, recordes que quer bater. Seguir seus objetivos de vida mesmo que eles – os objetivos – prejudiquem outras pessoas. É duro viver para ver o que umas pessoas fazem às outras. As comuns, menos comuns, as famosas, as desconhecidas. Aos filhos, aos amigos, aos vizinhos, seja a quem for na verdade que se intromete no seu caminho. Em situações limite se prepare para ser surpreendido pelos seres humanos. Em outros tempos comentava-se que na Guerra é que se conhecia verdadeiramente as pessoas e onde se faziam amizades eternas. Nos novos tempos parece que conhecemos o “verdadeiro” das pessoas nas redes sociais, ou quando estão em posições de poder, ou quando desejam os que os outros têm – seja coisas, seja pessoas. Isto atinge marginais, pessoas bem lindinhas da sociedade e pessoas que ocupam cargos políticos bem conhecidos no mundo. Essas então, quando acordam sentem-se doutoradas em biologia, noutro dia, é em vacinas, noutro em educação, etc, etc. Como se o poder, o cargo, lhes desse automaticamente o acesso ao conhecimento. Será que no momento que fazem o juramento recebem uma transfusão de sabedoria? Vai ver... Até acontece de aproveitarem as férias no hotel presidencial em Brasília – julgava que esse local tinha outras funções - ou em qualquer outro local que desejem, pode ser uma reunião social no jardim da famosa porta número dez, aproveitar todos os luxos e ainda ganhar uns trocos com as redes sociais em vez de cumprir as funções para as quais foi eleito. Ou ter tudo o que é possível e não sossegar enquanto os outros não têm.


Ter e nunca considerar ser o suficiente. Ter nunca é suficiente mas os outros terem...para quê? Para que eles precisam disso? Ver o “OUTRO” como menor, como estorvo, como incapaz, como negócio. Nem ver o “OUTRO”, ignorá-lo, espezinhá-lo, explorá-lo.


Existem os que não pensam no “EU” e só pensam no “OUTRO”. Descuidam-se porque seu foco são só os filhos, os alunos, os funcionários, os amigos, o marido, a família, a comunidade, o país, o mundo. Se entregam de alma a todos mas esquecem-se de si. O tempo, os dias, as rotinas, as preocupações, os compromissos, vão deteriorando sua saúde, sua energia, seu bem estar. Ajudaram tanto e a tanta gente que quando precisam de ajuda ninguém sabe o que fazer, ninguém aprendeu a prever as necessidades dessas pessoas. Muitos terminam sós, incompreendidos, sem recursos. Companheiros maravilhosos de trabalho ou de vida por colocarem sempre o “OUTRO” em primeiro lugar.


Existe o “OUTRO” habitante dos povos tradicionais da floresta que deveria ser o “EU” da terra onde vive, onde nasceu. Da terra que lhe pertence. O “OUTRO” que é o estrangeiro, muitas vezes considerado estorvo quando poderia ser considerado uma contribuição, e também, ser uma contribuição em vez de alguém que “abre a geladeira e come tudo e não compra nada”. O “OUTRO” refugiado, que é um problema para quem tem tudo, em todo o lugar que chega. Que a vida nos permita nunca viver esse drama e abra nossos corações para entender o desespero que leva um ser humano a lutar pela sua vida assim. “OUTROS” que podia ser “EU”, você.


Todos somos “EU” e todos somos “OUTRO”. Talvez o mais difícil da vida seja lidar com o “EU”, conhecer o “EU”, ser capaz de ser o seu verdadeiro “EU” e não ferir nem maltratar os outros. Sadghuru aponta com clareza que temos dificuldade em nos olhar, nos enfrentar, nos conhecer. Sem as habituais comparações com os “OUTROS”. E refere o hábito que temos de perguntar aos outros o que devemos fazer, decidir, escolher para nós. Com as redes sociais a coisa ficou muito pior. Como nós queremos ouvir dos outros o que queremos para nós? Como achamos que são os outros que vão dizer o que é melhor para o nosso “EU”? Sério isso?


São poucos os que sabem ser verdadeiramente o que são e sabem ser o “OUTRO” da vida dos que amam, com quem trabalham, com quem convivem.


Socorro 2022!

Ana Santos, professora, jornalista

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