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“Em Uma Ilha Bem Distante” / “Faraway” (Netflix, 2023)


Mesmo gostando de filmes do tipo “água com açúcar”, achei que esse foi “meio demais”. Porém, com paisagens marcantes, vistas incríveis e a discussão sempre importante acerca das nossas relações, EM UMA ILHA BEM DISTANTE acaba criando um espaço, em nós. Tem, pra mim, alguns defeitos importantes, como ser doce demais e apresentar aquele humor meio pastelão que, se eu cheguei a gostar em algum momento da minha infância (e não me lembro), já deixei de fazê-lo.

Ter a possibilidade de receber uma carta de minha mãe, depois de seu falecimento seria genial – pelo menos pra mim. O filme abre essa porta de imaginação e lá dentro do meu dentro, senti saudades de uma carta que nunca recebi. Isso valeu o filme, pra mim.

Goran Bogdan e Naomi Krauss têm química e a usam, o filme tem ótimos momentos, abordagens de gênero interessantes, uma naturalidade diante do mundo que é encantadora e todas essas abordagens juntas, abrem um espaço de imaginação que nos coloca com extrema naturalidade na Croácia, assim como nos colocaria em qualquer lugar do mundo.

A tradição dos homens que cantam em coros, na Croácia me fez visitar profundos sentimentos e há ali uma emoção verdadeiramente importante de se sentir, também. Uma beleza que foi, pra mim, um dos momentos mais marcantes do filme e que espero que gostem.

Outra coisa que me chamou muito a atenção foi a possibilidade de ver corpos nus dessexualizados, o que cria quase um alívio, diante da hiper sexualização de tudo, ao nosso redor. A forma como se mostra a Croácia dá imediata vontade de conhecê-la, o que me remeteu na hora ao que se poderia fazer nesses nossos pequenos interiores simplesmente incríveis.

Há tradição, costumes, discussões de relações, términos e descobertas, amor, encontros e desencontros. Vale à pena um pouco além de açúcar! Há esse encantamento em ser, de pertencimento apenas: sem sexo, vaidade, orgulho. Apenas o ser que somos nós. Meios bobos, meio sábios, meio simples, meio consistentes. Vale ver.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


Um aviso logo de início. O filme é muito bobo, muito “cor de rosa”, muito previsível, cheio de “clichês”. Quem é muito cinéfilo, principalmente quem ama filmes alternativos, se prepare para ver um filme bem bobo.

MAS...apesar de tudo isso, o filme aborda alguns temas interessantes e por isso, apesar de todos os avisos, vale a pena assistir.

A forma como um filme faz publicidade à Croácia: cultura, beleza, costumes, alimentação, é encantadora e muito interessante. É um país lindo. A casa que a protagonista herdou é fabulosa – típica, pequena, minimalista, com uma vista soberba sobre o mar. Um barco velho mas típico, pescar o peixe e grelhar no grelhador do barco. Coisas simples, que qualquer lugar à beira mar tem e que podem ser divulgadas de uma forma doce, despretensiosa, cativante. Sem arrogâncias, vaidades, orgulhos. A Bahia, Salvador, podiam fazer isso brincando. Porque não o fazem?

O diário que a mãe lhe deixou, me tocou muito. Passamos uma vida inteira sem conseguir dizer as coisas que queremos dizer às pessoas que amamos. Porque fazemos isso? Que vida louca esta. Deixar um diário, para os que amamos saberem de nós quando partimos, ficou em mim como uma possibilidade muito interessante. Principalmente quando essas pessoas vivem longe e não temos espaço ou tempo para lhes dizer tudo o que queremos. E quando estamos próximos, precisamos falar, nem que seja aos poucos, o que realmente queremos que saibam de nós, em vida e quando morrermos. Essa parte mexeu muito comigo, já que vivemos num mundo onde a maior parte das pessoas falam uma coisa na nossa frente e outra nas costas e ainda pensam outra completamente diferente e nunca a dizem por vergonha, medo ou até por aprendizagem. Isso é viver errado. E não tem duas vidas não. Só uma.

Outra situação que me tocou foi este hábito, pelos vistos mundial, de considerar menores os irmãos que trabalham no campo, ou no mar, ou na montanha – pessoas que vivem mais perto da natureza e que têm uma forma de se vestir e de ser mais simples, e tratar como superiores os que vivem na cidade e aprenderam a “manha” da cidade – o sedutor, espertalhão.

Por último me pergunto porque os filmes – principalmente estes bem cor de rosa – colocam sempre a felicidade da mulher quando ela encontra o “homem certo”. Porque a mulher não pode ser feliz sem homem? Com homem? Como ela quiser? Porque uma mulher não pode ser feliz sozinha? Conheço muitas sozinhas que são muito, muito, muito mais felizes, do que as casadas.

Os maridos que não podem ver um “rabo de saia”, os familiares que querem que você faça o que é melhor para eles, não para você. Que triste vermos que isso são problemas mundiais.

Uma trilha sonora impecável – algumas músicas antigas soberbas. Uma casa fofa, num lugar incrível. Dá vontade de ficar naquele lugar...

Como vê, apesar de tudo muito cor de rosa, vale a pena assistir. Bom filme, bons pensamentos.

Ana Santos, professora, jornalista


Sinopse: Ao viajar à Croácia para conhecer a casa que ganhou de herança, uma mulher reencontra a alegria de viver e abre as portas para um novo amor.

Direção: Vanessa Jopp

Elenco: Naomi Krauss, Goran Bogdan, Adnan Maral

Trailer e informações:

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