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A “GANGUE” DOS PROFESSORES” Bug Sociedade


Fotografia de Margaret Bourke-White (1904-1971)

A “GANGUE” DOS PROFESSORES” Bug Sociedade

E quando a gente pensa que o Brasil tem fundo de poço, lá vem mais um deputado – aquele, da família numerada – nos comparar com traficantes. Mas nós quem? Nós – os professores. Na verdade, o que o deputado diz não me estressa mais nenhum neurônio; o que me deixa perplexa mesmo é que exista uma plateia pra esse tipo de discurso. A “excelência numerada”, teve professores. Os irmãos, o pai, os filhos. Ninguém escapa da nossa “gangue”: os que falam contra nós não esquecem a tabuada e escrevem graças ao desvelo de nós, os “bandidos”.

Claro que não vejo nenhum deles exatamente como bom aluno – porque bom aluno contribui e colabora e não imagino nenhum “numerado” fazendo isso. Mas pelo menos frequentaram o ambiente – embora todos os da nossa “quadrilha” tenhamos memórias de momentos “Meu Deus, me acalme”! – divididos entre parentes e amigos com algum humor porque brasileiro transforma momentos amargos em licores.

Para os meninos que estão sendo enganados nas redes e sendo iludidos que podem ter o seu dia de fama ao serem maus ou promíscuos, o que nós, os professores, lhes perguntamos é: Por que é preciso ser mau pra ter o seu dia de fama, na rede? Vocês podem ter a mesma coisa sendo bons. Qualquer aluno, vai pegar – é uma sina, podem esperar – um professor muito bom, que vai marcar a sua vida. Você está na escola? Então, se ainda não aconteceu, vai acontecer, pode esperar! Quando esse dia acontecer, você vai aprender o que é bullying pra nunca fazer, nem sofrer, sem denunciar, vai discutir o machismo infame do Brasil – um lugar onde muitos “senhores ilustres” assediam – até estupram – suas mulheres em casa e a justiça olha pro outro lado, dependendo do status que ostentam, onde pobres são tratados de maneira diferente dos ricos em todos os aspectos da vida, pelo mundo inteiro e por que a escola é o lugar onde até os traficantes costumam permitir que as crianças frequentem. Se apropriando de fatos do mundo, desenvolvendo seu raciocínio, quem sabe muitos vão tomar gosto pela escola? Ou mesmo os que não conseguem estudar muito pela vida que tiveram, conseguem se enamorar pelo conhecimento e alcançam a sabedoria?

Uma coisa é certa: você tem um nome, uma inteligência e isso é importante. Quem sabe, no futuro, é você quem vai continuar dando sequência à construção permanente que fazemos na “nossa gangue”? Quem sabe não será você o próximo a ensinar a mágica da tabuada, da combinação das letras em palavras, da explicação das ciências, da história? Quem sabe não será você a nossa continuidade? Aquele que vai calar as palavras nocivas, que vai ajudar a salvar o mundo de nós mesmos ou inventar uma vacina contra o câncer? Ou ser artista, missionário, sábio ou filósofo? Qualquer coisa!

Uma coisa é certa: escolha você o caminho que quiser – mas se souber escrever, ler, contar já conviveu com alguém da minha gangue formal ou informalmente. Sim, porque existem as pessoas que têm compaixão e a usam para ensinar, mesmo fora da escola – o lugar onde nos “escondemos e planejamos o que fazer”.

Hoje em dia estamos em tantas partes do mundo, que só os povos originais que nunca viram a civilização talvez não nos conheçam. Somos a maior gangue do mundo, mudamos o status quo, somos totalmente inconformados. Quem não tem essa chama, essa paixão pela capacidade de melhorar as vidas humanas vai nos chamar de qualquer coisa, mas... quem não tem paixão, afinal, não tem motivos pra viver...

Tanta ofensa, tanto ataque de pelanca, pra morrer na praia, que pena... porque ninguém da turma dele vai ousar optar por ser analfabeto, iletrado, sem conhecimento. Ao contrário, o que eles querem é mesmo tirar das pessoas mais ignorantes a chance do aprendizado, a vacina, o espaço, o bom discurso e o progresso na vida.

“Sabes ao certo o que é livro? Eu te digo, é um irmão que tu tens perto, que chora e brinca contigo, que te guia no deserto, que em má noite empresta abrigo. Um coração sempre aberto na vitória e no perigo, trata-o pois com mil carinhos, que dá vida nos caminhos. Um livro é como Jesus, sereno e bom nos teus passos, à criança abrindo os braços, ao homem mostrando a luz”. Este Olavo Bilac aqui, eu decorei pra minha aula do 2º ano fundamental, com 7 anos porque Dona Maria Helena de Almeida Viliod me pediu - e me lembro de cor aos 63... Você vai ser tocado por um bom professor, pela nossa gangue, acredite nisso.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“O mundo como é e como nos é contado” Bug Sociedade

Chris Evert Lloyd e Martina Navratilova tenistas muito famosas, mulheres incríveis, grandes amigas, 18 Grand Slams cada uma. Como elas competiam uma com a outra constantemente, os media construíram uma rivalidade útil e lucrativa – para eles e para o mundo, não para elas. E sendo uma hetero e a outra lésbica, mais ainda. Agora, mais velhas, ambas sobreviventes de câncer, mais amigas ainda, os media escolheram outra forma de vender – a sua amizade, seu currículo, sua nobre postura no tênis utilizada para enfrentar o câncer. O choro de Roger Federer, dando a mão a Rafael Nadal na sua despedida do Tênis, nos mostrou mais uma enorme amizade. Amizade que os media nunca tiveram interesse em mostrar até que lhes foi útil. O interesse era a rivalidade, a luta por recordes, a procura de brigas em tudo.

Pete Sampras era um gênio e parecia que ninguém o poderia superar. Aí surgiu Roger Federer. E Nadal e Djokovic. E durante muitos anos, as rivalidades e os recordes deram muito dinheiro aos media. E quando parecia que Djokovic tinha caminho livre para “comer as bolachas todas do pacote”, chega a realidade - Carlos Alcaraz - e dá uma sacudida em tudo de novo. O que ele fez ontem foi mágico – não só engoliu o adversário como foi gentil. 20 anos. O que vem aí é muito entusiasmante. Não estraguem nem inventem rivalidades.

Temos muito mais com que nos preocupar.

O Chat GPT e o BARD – apelidadas de “inteligências conversacionais” – fazem teses de mestrado, de doutorado/ doutoramento, pós-docs, artigos científicos, palestras, livros, poesias, contos - em segundos. Nós, seres humanos demoramos anos e eles segundos. A IA (inteligência artificial) substitui a nossa voz, a nossa imagem, altera nossos contratos, nossos registros. Decide e nos estimula a ver e a fazer o que ela escolhe – através do “senhor” algoritmo. Faz músicas. Tudo por conta própria, sem a opinião do ser humano. Tipo aquelas pessoas que fazem coisas por nós sem pedirmos, sem querermos e que nos prejudicam, estão a ver? Só que muito pior. O mundo das tecnologias, das empresas monstruosas que dominam a internet, sempre tentando ser melhor do que as outras - a insistente competição, deu este lindo resultado. Tem coisas boas? Tem. Foi possível identificar mais de 40 proteínas, algo que os humanos iriam demorar décadas. Mas tem o outro lado que pode levar-nos à extinção. Ouviu bem. À extinção. E quem está preocupado com isso são mesmo os que criaram a IA. Parece filme, mas é a realidade. Entretanto a Terra está gritando e gemendo cada vez mais, estourando de tanta poluição e nós muito preocupados, fazendo reuniões e reuniões, tentando ser melhores do que alguém.

Rivais no Tênis, no Esporte em geral, rivais no mundo tecnológico, rivais na política, rivais, rivais, rivais. Nem que seja preciso matar e destruir. Inventamos uma distração bizarra para viver. Desequilibrada, doentia, viciante. Como se nos sentíssemos enfadados com a vida de cooperar para o bem de todos. Enfadados com as tarefas que tínhamos, construindo um mundo equitativo, justo, onde todos sorriam. Esquecendo que o que nos torna diferentes dos outros seres é mesmo a capacidade de cooperar – com amigos, colegas de trabalho, familiares e até com quem não conhecemos, com quem nunca vimos. Algo tão bonito...

Agora, não sabemos parar de fazer coisas erradas. Não sabemos mais deixar de ter inimigos, de sentir inveja, de brigar, de mentir, de corromper. E de incentivar nas redes sociais e nos media esses (des)valores.

É importante ouvir as verdades que dizem Yuval Noah Harari, historiador e escritor, Jeremy Rifkin, sociólogo, Manuel Maqueda, professor em Harvard de economia circular. Não ouça tudo de uma vez, mas ouça. O mundo e seus problemas não são como nos disseram até agora. E não saber nos torna obsoletos, não interessa a idade, nem a formação, nem a riqueza, nem a família.

Ana Santos, professora, jornalista

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