Bug Outras Artes

Um texto denso, que não se dissipa facilmente com as distrações costumeiras do dia a dia. Quem vê o espetáculo sabe que o nado e os mergulhos serão mesmo profundos. Por muitas razões: a principal é que nascer-se mulher é uma escolha espiritual e discordar – ter a coragem de discordar – ver outras mulheres tendo a coragem de discordar – purga essa nossa escolha espiritual. Lindo texto. O espetáculo é despido de tudo, sendo extremamente sofisticado nas escolhas que faz para o palco. Tenho que começar pela luz porque é tão inesperado tudo o que um laser pode fazer... claro que a gente sabe o que faz o laser, mas... A cena de Joana D’arc é mágica, os cones de luz sobre Beth Zalcman, sua emoção, tão genuína... A fogueira e Marguerite Porete, o som do trem, tudo tão facilmente tangível e imaginável... “Desde sempre e para sempre, toda mulher tem parentesco com a primeira estrela brilhante que levou luz ao azul profundo do céu.” Uma forma de nos pensar que oferece muito de quem somos.

Pessoalmente, sou muito fã de Madame Blavatsky – são tantos assuntos profundos para apenas um mergulho de 1 hora...  o drone inesperado, o cenário – basicamente feito de luz – é muita coisa.

                  Não consegui alcançar porque a divisão do texto apartava tantas palavras de seus complementos. Bem – também este é meu olhar mais microscópico, como professora de voz e expressão vocal. É que o nível do texto é tão diferenciado que todo detalhe chama a atenção.

                  É um espetáculo que faz falta, diante desse nado raso, de aparência tola – absolutamente preso ao nada, à nenhuma busca, como a sociedade vem se esmerando em nos mostrar. Mas como Madame Blavatsky diz: Não devemos deixar de nos mantermos unidos enquanto pessoas, unidas enquanto mulheres. Nós que abrimos mão de tanto, ao lutar para não abrirmos mão do que importa.

                  É um lindo espetáculo, com a força da sutileza em ação. Imperdível, certamente.          

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

A Casa do Comércio trouxe a Salvador mais uma relíquia encantadora. Que privilégio poder assistir a uma peça de teatro que te faz pensar, que te instiga, que nos lembra de grandes mulheres, do que passaram, dos caminhos que abriram – de quanto sofreram.

Uma mulher, uma enorme atriz - Beth Zalcman - no palco - representando todas nós, acompanhada por mais um texto sensacional de Lúcia Helena Galvão.

O Bug Latino agradece a cortesia de ingressos. É tão importante para nós, duas mulheres, para nós Bug Latino, nesta caminhada feminina, nesta caminhada em direção a vidas mais equitativas, justas, honestas, simples e saudáveis para todas, para todos, para todes, podermos assistir a peças assim.

Um cenário minimalista, moderno, atual, espetacular – aquele drone no palco é fantástico.

Um figurino simples, inteligente, prático.

Belo, muito belo.

As mulheres e suas lutas que foram escolhidas para a peça são todas incríveis. Algumas amigas se interrogam pela falta de uma grande mulher brasileira na peça. Talvez fosse interessante contemplar também as grandes mulheres brasileiras, mas cada uma das mulheres escolhidas é admirável. São todas conhecidas, todas fazem parte da história universal, todas sofrendo para abrir caminhos para as que vêm a seguir.

Excelentes frases, ensinamentos, provas de vida, exemplos a seguir, aprendizados, mensagens, alertas, estímulos à nossa coragem. E a recordação de como é difícil mudar o mundo, mudar o pensamento, mudar o jeito de viver e de decidir sobre os outros – principalmente sobre “as outras”. Pensar diferente e manter mão firme sobre essa direção, contra tudo e todos, tempestades e ventos, mesmo que se tenha como resultado a morte na fogueira, porque se sabe a direção melhor, mais saudável, mais equitativa, mais verdadeira, nunca devemos esquecer. Deve nos acompanhar sempre.

Uma peça imperdível.

O Teatro SESC Casa do Comércio de cara nova, mais bonito e confortável ainda.

Como mulher, saio da peça renovada e com as baterias recarregadas para continuar a contribuir para vidas mais felizes para todas.

Ana Santos, professora, jornalista

Sinopse: Texto para teatro de uma das filósofas mais assistidas no YouTube conta os feitos de grandes mulheres na história pelo olhar de uma tecelã (Beth Zalcman).

Os pensamentos, a coragem e as lutas de Joana d’Arc, Hipátia de Alexandria, Marguerite Porete, Helena Blavatsky, Harriet Tubman e Simone Weil são o fio condutor de ÂNIMA, texto para teatro da escritora e filósofa Lúcia Helena Galvão.

Cenário: Luiz Antônio Rocha

Elenco: Beth Zalcman

Informações retiradas do site Teatro Feluma:

Lúcia Helena Galvão é uma filósofa, professora, escritora, poetisa, conferencista e voluntária há 35 anos na organização Nova Acrópole do Brasil. Na instituição, ela ministra aulas e palestras abordando diversos temas relacionados à filosofia. As produções criativas de Lúcia Helena compartilham conhecimentos adquiridos com muito estudo e dedicação, visando auxiliar as pessoas a crescerem e se tornarem seres humanos melhores.

Beth Zalcman é atriz e autora com 40 anos de carreira artística. Ganhou o Prêmio Cenym 2023 de Melhor Atriz com o monólogo Helena Blavatsky, a Voz do Silêncio, apresentado por todo o país e aclamado pela crítica e público. Atuou em Reis (Record), em Desalma (Globoplay), Vitória (Conspiração Filmes). Na peça Brimas, indicada ao Prêmio Shell 2015 de Melhor Texto, com grande sucesso de público e crítica. Integrou o elenco de Amor sem Igual, Jezabel, Apocalipse (TV Record); Sob Pressão (3ª temp.), Órfãos da Terra, Insensato Coração, Joia Rara, Velho Chico, entre outras (TV Globo).

Luiz Antônio Rocha começou sua carreira como ator no Teatro O Tablado. Atua em todos os segmentos artístico-culturais, criando e produzindo projetos para todos os perfis de público. São quase 40 anos dedicados à produção de qualidade com temáticas relevantes. Além das peças de teatro, Luiz Antônio Rocha é considerado pela revista Veja como um dos melhores diretores de elenco do mercado de TV e Cinema, tendo produzido o elenco de centenas de comerciais nacionais e internacionais, filmes, novelas e minisséries.

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