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Bug Outras Artes

Público·87 membros

Peça de Teatro “A Última Sessão de Freud” (Teatro Sesc Casa do Comércio, 2025)



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Estar ansiosa para ver a peça era pouco. Só com o teatro nós podemos “nos evadir” do presente e cair em 1939, com as mesmas sensações de alguém que acompanha pelo rádio – e junto com Freud – a sequência final de expectativa da pré II guerra – e há o terror, agora cada vez mais presente, de estarmos diante da nossa própria pré III guerra, com um deturpado mental como Trump no leme desse navio bizarro que se tornou os Estados Unidos da América.

                  Bem, há Freud..., mas há insondáveis perguntas que fazem parte do nosso íntimo que nem ele – nem ninguém - podem responder. Nascem embates como as grandes ondas de Nazaré, em Portugal, ao juntarmos cinismos, ironias, amarguras, dores, traumas, medo – nós. Porque no fundo, no fundo, somos tocados por momentos que despertam momentos, que tocam em outros momentos – em camadas de complexidade sempre profundas.

                  Não esperem uma peça rasa. Acreditem na produção, que pede perto de 20 vezes para que as pessoas desliguem os celulares e, sobretudo, que não mexam neles, respeitando a proposta de viajar no tempo, se deixar levar para o início do século XX, ouvir o cachorro, o rádio, o avião, o alarme antiaéreo, o medo, a discordância. A inteligência, a argúcia, a astúcia de ambos num debate profundo como as buscas humanas – sem recorrer ao celular, à tela. A minha vizinha da esquerda, foi tragada pelo vício, coitada.

                  Um grande texto, com uma sonoplastia magistral. Realmente o que me conduziu para o passado foi o que me convenceu auditivamente do que pode ser uma sensação de medo de guerra. A mesma que sinto muitas vezes, nesse nosso século XXI. Odilon Wagner domina a fala “extra-ordinária” do teatro – cada pausa, cada palavra, cada articulação, respiração, movimento tinham um objetivo funcional muito bem definido. Direção perfeita, cenário perfeito. O C.S. Lewis, de Marcelo Airoldi, com um humor tão ácido quanto o de Freud – mas tão interrompido por seu dentro, que teima em atravessar a cena – nos dá a sensação que honestamente sinto, ao ouvir as ameaças e sobretaxas e impropérios de Trump e perceber que está ficando normal pra mim, ouvir ameaças de um “patético suposto dono do mundo” – com muito poder para destruí-lo e a nós todos. Quando eles falam que o ataque à Polônia matou 20 mil pessoas, é até risível – matar é o nosso verbo, a TV nos dá “matar” o dia inteiro – em centenas de milhares. 20 mil, pra nós, atualmente é fichinha.

Faltou alguma coisa? Creio que o público precisa acreditar que o uso do celular atrapalha muito a compreensão de todo o contexto cênico e que desligá-lo é mesmo a melhor – a única - decisão.

A ÚLTIMA SESSÃO DE FREUD é incômoda, como uma sessão de análise. Mas perdê-la é perder-se do nosso momento, das desculpas esfarrapadas para não olharmos o nosso vizinho de outra ideologia com assertividade, mas também com cordialidade. Afinal, discordar faz parte – e se eles estão sendo doutrinados para serem indelicados, pode ser um ótimo exercício partir da aceitação humana de que podemos discordar sem nos matar uns aos outros. Se isso não der certo, Freud está mesmo tentando nos explicar a nós mesmos.

Imperdível.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

Primeiro, o texto para pedir que a plateia desligue seus celulares é ao mesmo tempo gentil e assertivo. Amei. Coloca as pessoas numa situação desconfortável e até de alguma vergonha, se não desligou ou não colocou no silencioso, ou se tem a ideia horrorosa de atender alguma ligação. Acreditem que mesmo assim tem pessoas que mexem no celular, na primeira fila. Isso mesmo, na primeira fila. Espantoso.

Depois o cenário sóbrio, a iluminação simples mas de bom gosto, as marcações e alterações do ritmo da peça com a rádio e os telefonemas, aquele sangue que aparece do nada na boca de Freud, tão “autêntico”, que parece verdadeiro. Tudo fabuloso. Tudo muito interessante.

Os atores. Excelentes. Conhecidos por desempenhos espetaculares nas novelas, num palco de teatro são melhores ainda. Amei. As vozes, a dicção, os corpos naturais, as marcações. Uma aula.

O conteúdo da peça é muito atual, infelizmente, e muito importante. Passada no início da segunda guerra mundial, nos alerta para toda a loucura atual da invasão da Ucrânia, pela Rússia, o que Israel está fazendo com os Palestinos em Gaza, o que Trump está começando a fazer com os emigrantes e com a liberdade de imprensa nos EUA, etc. Já sabemos que as guerras não são o melhor caminho, já sabemos que devemos respeitar “o outro”, já sabemos o que aconteceu no passado, mas continuamos a fazer tudo errado. E continuamos a não respeitar a natureza religiosa dos que não pensam como nós. E tudo isso não nos vai levar a nenhum lugar bom. Como diz o ator Odilon Wagner no final da peça, precisamos reaprender a respeitar a opinião de quem pensa diferente.

Se vive em Salvador, não pode perder esta relíquia. A temporada em Salvador termina no dia 28 de setembro.

Agradecemos a cortesia de ingressos concedida às jornalistas do Bug Latino, pelos profissionais do Teatro Sesc Casa do Comércio. Sua gentileza e consideração nos honra muito.

Ana Santos, professora, jornalista

 

Sinopse: A conversa entre Freud, crítico da religião, e Lewis, ex-ateu e defensor da fé baseada na razão, se dá em 1939, no dia em que a Inglaterra entra na Segunda Guerra Mundial. Abrange temas como existência de Deus, natureza humana, sexualidade, morte e relações interpessoais.

Dirigido por Elias Andreato

Escrito por Mark St. Germain

Elenco: Odilon Wagner e Marcello Airoldi

Trailer e informações:

https://www.metro1.com.br/noticias/cultura/170234,a-ultima-sessao-de-freud-chega-a-salvador-com-debate-filosofico-e-sucesso-de-publico

 

 

Domingo é dia de exposição de azulejos e de sugestão cultural.

Azulejaria, uma arte milenar que enriquece nossos dias.

Sugestão cultural: uma exposição, um bailado, uma ópera, uma peça de teatro, um filme.

Sempre que possível indicamos filme ou documentário que pode ser visto por todos, na internet.

 

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