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Bug Cinema

Público·90 membros

Steve (Netflix, 2025)

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Caoticamente triste. Desequilibradamente atual. É o caso de nos perguntarmos por que, num dado momento, todos abandonam jovens, adolescentes, meninos: família, escola, estado, educação, abrigo. Não que eles sejam fáceis, não que seja uma tarefa simples. Mas o que está ao nosso alcance?

                  Não é o filme, o mais perturbador. Quando o morticínio de adolescentes, no meio da rua, no Morro do Alemão, apareceu em fotos, foi a minha primeira sensação – perturbação. A visão do desequilíbrio. Quando as cenas dos dependentes de Fentanil nos Estados Unidos é mostrada, os sem teto nas metrópoles que todos nós, tupiniquins, achávamos chiquérrimas, como Nova Iorque ou California. Perturbador.

                  Da mesma forma, perturbador é STEVE. Professores e seus alunos, dentro de um sistema que não admite a existência dos que falham, dos que não se encaixam. Alguém quer amar e não consegue, não se alcança o alvo do amor, a comunicação é falha, não flui, em meio a frustrações, inseguranças e abandonos.

                  Abandonos. É desesperador ver o que se faz e depois apenas se vira a página. A falta de lógica do filme, dos planos, do que é teto e o que é chão, da incoerência do olhar, do vazio, da raiva, ódio, quase loucura, desprezo pela vida, destemor supremo, insano – tudo está ali.

                  É muito importante ver sem filhos e depois ver com eles. Porque o filme é feito por jovens, meninos – como os que morreram no Rio de Janeiro no maior massacre da história do Brasil – tentando explicar, justificar como, porque se abandona um menino totalmente desajustado ao Deus dará – sem nada, só com seu ódio social – e pronto – sem casa, sem mãe, sem beijo, sem nada. Um nada social, como os 128 nadas do Complexo do Alemão. É totalmente traumático ver o fracasso dos adultos minimizado, seu sofrimento de amor, sem um texto, nada se equilibrando sobre nada, com uma diretoria dizendo apenas: “a casa da escola foi vendida, sinto muito”.

                  Nada se equilibra sobre nada quando, depois de matar 120 meninos no Rio, o governador se reúne com outros carniceiros e lança uma força de paz – eu esqueci de falar dos 120 meninos jogados pelo asfalto e achados, velados, chorados no meio da rua? Quem organizou o que vimos, está na força de paz. Força de paz.

                  A busca por essa estranha forma de exercício de sanidade que nos perturba a nossa própria, está em STEVE. Respire fundo. Dê a mão a quem ama e se jogue. Vai doer muito. Mas sem que vejamos o que fazemos, vamos continuar enfileirando mortos, loucos, viciados, abandonados nas ruas. Somos nós que devemos ver. Somos nós que devemos ver.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

Um filme alternativo, experimental, que aborda doenças mentais, delinquência juvenil, o estresse da classe docente, as famílias desestruturadas, escolas/clínicas, etc. Arrepiante. Quem é professor, ou foi, percebe muito bem este filme e a sua intensidade emocional. A classe docente se consome emocionalmente ao longo dos anos, tentando consertar e equilibrar a vida de seres humanos com envolvimentos desequilibrados, graves, empobrecidos civicamente e moralmente. E ao tentar fazê-lo, se não se cuida, se destrói emocionalmente.

Escolas/clínicas que tentam salvar meninos “perdidos”, com o tempo, vão diminuindo o sonho e a proposta, vão perdendo lucro e energia e viram lugares de exploração de professores, descarte de jovens.

Temos sempre a sensação que vamos salvar as pessoas, que os filmes terminam bem, que sempre os professores conseguem milagres. Tudo pode ser assim, tudo pode ser exatamente ao contrário. Só vendo o filme saberá, mas fica mais um aviso sobre a forma displicente como estamos lidando com o mundo, as pessoas, a educação, a classe docente.

Precisamos ser melhores.

Ana Santos, professora, jornalista

 

Sinopse: Um diretor luta para manter sua escola de reforma aberta enquanto lida com problemas de saúde mental. Ao mesmo tempo, um estudante problemático enfrenta agressividade e fragilidade, preso entre seu passado e seu potencial futuro.

Direção: Tim Mielants

Elenco: Cillian Murphy, Jay Lycurgo, Archie Fisher.

Trailer e informações:

https://www.imdb.com/pt/title/tt32985279/

 

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