Doc “Munch: Amor, Fantasmas e Vampiras” / “Munch: Love, Ghosts and Lady Vampires” (Autoral Filmes, 2022)
Que filme... É difícil você ter um documentário que, ao cumprir com todas as características de um DOC, não tenha na narração o seu ponto mais lento. Mas, a forma como Ingrid Bolsø Berdal a faz é simplesmente fenomenal. Mil vezes a voz dela, dentro da minha imaginação, só poderia ter copiado as entonações de Munch; o sentimento puro, jogado no áudio; a leitura, a forma de olhar, naqueles olhos azuis límpidos... A loucura relampejando pelos seus olhos, numa voz controladamente dentro das características de uma narrativa. Como os nossos políticos (bastardos, na sua maioria) podem se apropriar de um termo tão etéreo como a palavra narração/narrativa, sendo ela tão relacionada à palavra humana mais profunda, de alma?
Ainda é insuficiente? A fotografia do filme vai convencer a todos de que muitas vezes o sofrimento de um artista diante de tudo o que desfila diante de seus olhos vira uma obra de arte, quando revivido por outros artistas. A fotografia de MUNCH: AMOR, FANTASMAS E VAMPIRAS desafia as paisagens urbanas ao nos mostrar naturezas – montanhas, águas, vegetações – e seres humanos. Creio que é a primeira vez que vejo um homem sensível, realmente se perguntar de qual material é feita a mulher, colocando as duas faces da espécie humana tantas vezes tão distantes uma da outra...
O roteiro, mesmo obedecendo todas as regras para a realização de um documentário clássico, ao nos envolver na atmosfera dos sentimentos de Munch, consegue nos elevar ao nos enlevar. É uma viagem, com idas e vindas emocionais profundas, muitas vezes enlouquecidas, bêbadas...
O inferno do artista está no que ele vê e sente, diante do mundo. Tantas vezes os incautos tomam por base a nossa falta de lugares comuns; nossos lugares nunca são comuns. As ações podem parecer sê-lo, mas onde estamos e vamos mentalmente, nunca é um lugar social comum – e o filme mostra, aponta isso inúmeras vezes.
É um filme imperdível. Pelo menos, depois da narração de Ingrid Bolsø Berdal, você vai entender o motivo pelo qual a palavra narrativa precisa sair da boca dos políticos. Não perca.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Mais um filme sobre um artista espetacular.
Mais uma gentileza da Autoral Filmes.
Que prazer e que honra poder assistir a este documentário. Tente não perder. É uma viagem à vida, obra e sentimentos de Munch, o autor do quadro o Grito e tantos outros quadros impactantes.
Temos tanta dificuldade em descrever em palavras o que sentimos. Passamos uma vida inteira tentado aprender a falar sobre isso, escrever sobre isso. Munch pintava o medo, o ciúme, os fantasmas, a ansiedade, a morte, a dor, com uma honestidade e clareza estonteantes. E paralelamente também escrevia de forma extremamente pura sobre seus sentimentos. Vidas de verdade. Daquelas que são cada vez mais raras.
Tragédia atrás de tragédia, duramente “mastigadas” na arte e na alma. Vivemos atualmente vidas de “faz de conta”, vidas “perfeitas”, vidas sem vida, e na primeira dor sentimos que o mundo desaba. Munch, sofreu muito, muito mesmo, e com isso nos deixou um testemunho impressionante de palavras e imagens. Poderosas, incisivas, terapêuticas até.
As tonalidades, os vermelhos, as caras sem rosto, a nudez das mulheres. Algumas semelhanças com Van Gogh, mas também um caminho singular. Me impacta muito seu “Grito”, mas também o quadro “As Mulheres em Três Etapas” e a sensação deixada de que na maior parte das vezes as mulheres são “demais” para os homens.
Um documentário espetacular, recheado de imagens assertivas e muito belas, de uma trilha sonora invejável e de um roteiro intocável, com a narração talentosa da atriz Ingrid Bolsø Berdal. Uma obra prima!
Mais uma vez obrigada à Autoral Filmes pela gentileza com o Bug Latino e suas jornalistas. Assim se partilha cultura, assim se move montanhas.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Nenhum artista no mundo é mais famoso e, ao mesmo tempo, menos conhecido do que Edvard Munch. Se seu "O Grito" se tornou um ícone de nossa época, o restante de sua obra não é tão famoso. Agora, Oslo, capital da Noruega, marca um ponto de virada em nosso conhecimento sobre o artista: o Museu MUNCH, inaugurado em outubro de 2021. Trata-se de um arranha-céu espetacular projetado para abrigar o imenso legado que o artista deixou para sua cidade: 28.000 obras de arte, incluindo pinturas, gravuras, desenhos, cadernos, esboços, fotografias e seus experimentos com cinema. Esse legado extraordinário nos proporciona uma visão excepcional da mente, das paixões e da arte desse gênio do Norte. Narrado por Ingrid Bolsø Berdal.
Direção e Roteiro original: Michele Mally
Narração: Ingrid Bolsø Berdal
Elenco: Leif Ove Andsnes (pianista), Giulia Bartrum (historiadora da arte), Øivind Lorentz Storm Bjerke (historiador da arte), Elio Grazioli (historiador da arte), Stein Olav Henrichsen (diretor do MUNCH, Oslo), Erik Höök (diretor do Strindbergsmuseet, Estocolmo), Iver Kleive (compositor), Siri Kval Ødegård (soprano e empreendedora), Carl-Johan Olsson (curador de pintura do século XIX, Nationalmuseum, Estocolmo), Sue Prideaux (escritora e biógrafa), Frode Sandvik (curador do Kode, Bergen), Linn Solheim (restauradora de pinturas), Jon-Ove Steihaug (chefe de exposições e coleções, MUNCH, Oslo) e Gunnhild Øyehaug (escritora).
Trailer e Informações:
https://www.youtube.com/watch?v=TdkrPsorrBs
https://www.imdb.com/pt/title/tt21831664/
Domingo é dia de exposição de azulejos e de sugestão cultural.
Azulejaria, uma arte milenar que enriquece nossos dias.
Sugestão cultural: uma exposição, um bailado, uma ópera, uma peça de teatro, um filme.
Sempre que possível indicamos filme ou documentário que pode ser visto por todos, na internet.
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