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“TRAIR E COÇAR É SÓ COMEÇAR” Bug Sociedade


Fotografia de Annie Griffiths, retirada do site da NationalGeographic

“TRAIR E COÇAR É SÓ COMEÇAR” Bug Sociedade

Há como que um entendimento totalmente errôneo de que só os casais podem trair. Errado. Vivemos num mundo traiçoeiro, onde as “crocodilagens” são quase que ininterruptas. Tanto, que quando acontece uma ação limpa, digna, ninguém acredita que não haja nenhum interesse oculto.

Essa coisa das joias: alguém ainda tem dúvidas sobre a “vergonha alheia” absoluta que será falar desse assunto em qualquer lugar do mundo? Como nós vamos situar a questão? O topo do poder do Brasil recebeu pessoas com vocação para muambeiro e ali tudo foi “franqueado” - da carpa imperial japonesa ao colar de diamantes do príncipe da Arábia?

Isso sim é trair. Aliás, o Brasil patina e chafurda na lama de traições subsequentes. Como podemos mudar nossos erros se ninguém nos aponta um planejamento com o qual poderemos discordar ou concordar total ou parcialmente? Qual é o plano para o transporte nos próximos 10 anos? 20 anos? 5 anos? Ninguém sabe. Como podemos auxiliar o ministério da saúde a reinstaurar a excelência da vacinação que perdemos no governo anterior? Como cada prefeitura pode nos orientar para que o lixo passe a ser minimamente separado – só latinhas, só latinhas e garrafas pet, qualquer coisa – mas no Brasil inteiro?

Como os políticos podem nos olhar nos olhos e mentir? Como eles podem não sentir vergonha de serem piadas nacionais?

- Você sabe por que Bolsonaro só escrevia de caneta Bic?

- Não...

- Porque ele vendia as de ouro!

Nós rimos dele porque não há nada a fazer. É rir ou ter um ataque de raiva.

Ensinamos as crianças a mentirem, mentimos para as crianças também. Socialmente, inclusive, mentir é mais aceito do que ser sincero. Sinceridade, aliás, virou “sincericídio”. Chegamos num ponto, onde a fala da Greta Thunberg é chamada de chata, mas a geração que talvez não sobreviva a este mundo como ele está é a dela...

Havaí com ventania de fogo, o sul do Brasil com ciclones, América e Europa em chamas. Aí culpamos o El Niño e a poluição continua. A Greta é que é “chata”, a mesa é que é “feia“ e fez o neném cair, ninguém mais mostra a foto do filho no Facebook porque só temos príncipes e princesas para o consumo de todos...

Seria isso a velhice?

O fato é que me sinto atraiçoada quando vejo o novo desenho do mundo. Um lugar inóspito onde no Face as pessoas vivem sorrindo, mas onde, na vida real, é uma dificuldade conseguir um bom dia simpático – que dirá um atendimento dedicado ao seu problema, pelo menos naquele instante onde você deve e precisa existir diante do funcionário, ali na sua frente.

Não é só o Brasil, mas o fato de ser também no Brasil me afeta: por que precisa ser assim? De passo em passo, traímos – inclusive a nossa confiança quando confundimos oportunidade com corrupção. O Presidente mandou vender o Rolex, mas como brasileiro sei que não posso fazê-lo; todo mundo fala que há um percentual oculto, a cerveja do guarda, a taxa pra o processo andar, mas não podemos oferecer isso, não podemos nos trair, corromper ativamente e depois lamentarmos a corrupção do Brasil. Não podemos.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“Pensar” Bug Sociedade

Pensar. Talvez seja a maior maravilha da vida oferecida ao ser humano. Gratuita, não necessita nada mais do que uma vontade e uma dedicação a um tema. Mentalmente. Careca ou cabeludo, alto ou baixo. Todos podem pensar. Como tudo na vida, tem limites a partir dos quais pode ser prejudicial. Se penso pouco, não uso e perco a oportunidade de desenvolver e usufruir desse maior bem. Se penso demais perco equilíbrio interno e da vida fora de mim. É tanto pensamento ruminante ou desorganizado que não leva a lugar nenhum.

Pensar não é ter certezas, pensar é procurar soluções. Pensar é contribuir em silêncio, é fazer parte. O tempo bem aproveitado para pensar não chega para o tanto que precisa ser “pensado” para ser resolvido.

Vivemos cada momento uma só vez, apesar de comermos todos os dias sopa, ou bebermos todos os dias água, ou tomarmos banho, ou lavarmos os dentes. Achamos que repetimos, mas não repetimos. Fazemos de novo e provavelmente correrá como das outras vezes. Apenas isso. Mas pode não correr como das outras vezes. Pode correr melhor ou pior, mas acima de tudo será diferente. E se cada momento for visto como diferente, apesar do nosso esforço de tentar repetir momentos que amamos anteriormente, o sabor talvez seja diferente.

A sociedade te aponta que quem é bom neste jogo da vida é quem ganha muito dinheiro, quem se aposenta cedo e não precisa se preocupar com nada mais. Acontece que tudo pára. Incluindo o pensamento. Quando tudo está alcançado, nada está bem. Clint Eastwood, ficou impressionado com a jovialidade do cineasta português, Manoel de Oliveira, que com 103 anos ainda fazia filmes. “Se você desfruta do que está fazendo e continua aprendendo, permanece vivo. Os anos não significam nada. É preciso estar ativo, ocupado. Não estou pronto para sentar perto de um rio, com uma cerveja na mão, pensando no passado. Ainda há muito por conquistar”, são palavras de Clint Eastwood. Viver talvez seja a capacidade de se equilibrar num lugar tremendamente instável a cada segundo. Aprender a estar preparado para as surpresas, mesmo as ruins. Deixar de desejar ter tudo e nada ter de fazer, nada ter de se esforçar, não pensar.

Pessoas são atropeladas por carros quando estão na calçada de um bar, crianças de 5 anos morrem de tiros por espreitar na janela de casa, jovens negros morrem a todo o instante porque “talvez tenham uma arma”, cidades são queimadas por incêndios em segundos, etc, etc, etc. A vida muda num instante. O pensamento é o seu melhor companheiro de viagem. Convide-o a sentar-se do seu lado. Conviva com ele, conversem, procurem soluções, alternativas. Pense por si, ouse, insista, recue, avance, questione, duvide, imagine, invente. Mahatma Gandhi dizia: “se há um problema que você pode ver, que você sente, que você pode explicar aos outros, há uma maneira de lidar com ele através de uma ação conjunta." Não temos muito tempo apesar de acharmos que temos. O pensamento ajuda a prolongar o tempo, a vida, a felicidade. Use essa ferramenta bem, a seu favor e a favor dos outros, equitativamente. Mahatma Gandhi enfrentou o maior império do mundo, na época – A Coroa Inglesa. Você tem que enfrentar o seu maior desafio na atualidade - o convite ao ócio, a busca desenfreada pela riqueza, pelo poder, a facilidade em seguir as manadas, os nichos, as seitas.

“Penso, logo existo” - “cogito, ergo sum”, de Descartes, não podia ser mais clara. Quer existir? Pense pela sua cabeça.

Ana Santos, professora, jornalista

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