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“THE OSCAR GOES TO... THE BRAZILIAN PEOPLE!” e “A vida e seus atalhos” Bug Sociedade

Foto do escritor: portalbuglatinoportalbuglatino


Retirada do site Outras Palavras
Retirada do site Outras Palavras

“THE OSCAR GOES TO... THE BRAZILIAN PEOPLE!” Bug Sociedade

Ganhamos! Claro que não foi o Waltinho sozinho - nosso super amigo que nunca vimos, nem falamos. Fomos todos nós, foi o Brasil, o Brazil, os Brasis, esse coletivo que está sendo condicionado a ser mal educado, que está sendo forçado a ser grosseiro e preconceituoso, quando é de natureza cordial e em momentos especiais como o Oscar, arregaça as mangas e derrama essa nossa simpatia irresistível sobre todo mundo.

O Oscar é pra gente e nós merecemos cada pedacinho da estatueta! Estamos em luta desigual com quase todas as Big Techs americanas e não desviamos o olhar sequer, mostrando verdades, abrindo nossos documentos e livros para que a OEA perceba que não existiria ultra direita se todos estivéssemos felizes e que o Oscar gera em nós essa felicidade “insuportável”, da qual os que se dizem conservadores precisam aniquilar, ao tentar matar a riqueza da nossa cultura, da nossa raiz, saber, arte, rezas e simpatias.

O Oscar é nosso no carnaval da Bahia – muuuito cheio, como sempre - e o carinho cordial do vendedor de cerveja que “oferece um espacinho” pra gente passar, um banquinho pra sentar, um sorriso pra presentear, uma palavra simpática, um comentário amigo. Sempre. O Oscar é nosso quando, do trio, o cantor consegue comandar e controlar a multidão só conversando, ao mesmo tempo em que critica ou elogia a PM, fala com o ambulante, cumprimenta o governador e o Prefeito, sorri para as crianças e manda prender o assediador de mulheres barato. Tudo na maior gentileza, já que passaram 7,5 milhões de pessoas pelo carnaval desde domingo e o que se vê é boa vontade porque ainda tem meio carnaval pra passar na avenida.

Fernanda Torres virou máscara, fantasia, enredo, samba, passinho. Aquela simpatia contagiante – a nossa simpatia – que todo mundo exibe de manhã cedo, a cada bom dia, antes de pegar a condução pra ir trabalhar - ali, exposta ao mundo. “Para todos”, igual a jogo do bicho. Charme irresistível. Nosso charme.

O Oscar já era nosso quando, aqui no Nordeste, o pessoal caminhou 25 quilômetros “no desaforo” só pra votar na democracia, ao invés de ditadura. Quando inserimos no carnaval “Sem Anistia”, pensando no Rubens Paiva, no Stuart e na Zuzu Angel, no Marighela, Lamarca, no capitão Sérgio Macaco que se negou a explodir o Gasômetro, no Rio – só por causa do carinho que sai dos olhos do Walter Salles quando dedica o filme à Eunice Paiva e sua voz treme de emoção porque lembra quem ela foi.

Alguém nos trouxe um Oscar que já era nosso desde anos atrás, na luta pela democracia, no enfrentamento dessa grossura machista, na defesa dos LGBTs, na clareza de que uma mulher trans, como o nome diz, é uma mulher - que faz xixi e que precisa de um banheiro – o nosso banheiro. O Oscar nos veio concretamente, mas já existia há muito tempo – quando olhamos esses deputados mercenários que querem vender nossas praias com o “desprezinho e o nojinho” que eles merecem que sintamos.

Agora é a coragem de nos olharmos sabendo quem somos. Somos mestiços orgulhosos. Brasileiro branco veio de fora do Brasil e se naturalizou, só isso. Não usamos esse bonezinho “peba” falando dos americanos. Somos BRASILEIROS, temos o Oscar e tenho dito! (E o Trump levou “xelp do apresentador, da atriz coadjuvante, do diretor do documentário palestino e do israelense, do Waltinho (de leve e com o nosso charme de sempre), de alguém que lembrou do bullying no Zelensky e eu talvez tenha esquecido de mais alguém porque foram muitas indiretas no “laranjão” do boné chinês que posso ter me perdido).

Despede o Mané Laranjão e vamos de carnaval que ainda falta um pouco!

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro, TV

 

“A vida e seus atalhos” Bug Sociedade

Estamos em modo Carnaval na cidade. Está muito calor, com pancadas de chuva – que recordam os climas africanos. Avariar a geladeira não é a melhor coisa para acontecer, mas funciona como um treino para lidar com outras situações mais difíceis. A pessoa pensa que não é capaz porque tudo parece um caos necessitando enormes passos. Depois, começa a dar passos pequenos e até consegue safar-se, consegue cozinhar, se alimentar direitinho e dar tudo certo – lembro que estamos neste calor absurdo. Precisa de fazer atalhos mentais, isto é, caminhos diferentes dos habituais, criar outras rotinas até ao final do Carnaval, momento em que tudo começa a funcionar normal de novo, com lojas abertas, circulação de carros e pessoas. Não se faz essas mudanças sem algo que perturbe – manter alguns alimentos fora da geladeira é necessário quase magia. Os caminhos são feitos sempre pelos lugares habituais. Caminhos novos e atalhos são escolhidos quando “geladeiras avariam”.

Vem cada vez mais gente para o Carnaval de Salvador – sabemos que a movimentação de dinheiro é impressionante. Vieram muitas pessoas no ano passado, mas já se fala em números absurdos, neste ano. E todas as pessoas falam que passaram por apertos no meio das multidões. É difícil o “escoamento” humano, quando circulam 7,5 milhões de foliões nas ruas. A organização é cada vez mais incrível. Não é esse o problema. Mas o Evereste também tem problemas de turismo, que lota a montanha. Uma cidade que tem poucos retornos normais para circulação de carros, como Salvador, repete esse problema com multidões, e aí a coisa fica mais perigosa porque não existe para onde ir ou por onde sair quando tem gente vindo de todos os lados, em pouco espaço, ruas estreitas, sem saber a proporção de ocupação de cada parte dos circuitos. Vias com sentido único para quem caminha? Nos aparelhos que informam a temperatura, poderíamos ver onde tem mais pessoas? Como elas se movimentam? Como o aplicativo “Waze faz para carros? O Carnaval deste ano está a tomar umas proporções que podem ficar fora de controle. Como uma mala de viagem...ela tem limite de espaço. E quando não cabe mais nada, não adiantam nem os atalhos. Até eventos como o Rock in Rio por exemplo, criam momentos musicais bons em mais do que um local em simultâneo para as pessoas não irem para o mesmo local todas e ficar impraticável. Ou descontrolado. Ou perigoso. Os dois principais circuitos dividindo a maior parte dos foliões parece não estar a ser suficiente.

Jorge Amado, escritor, Pierre Verger, fotógrafo, Dorival Caymmi, cantor e compositor, Carybé, pintor, entre outras atividades. 4 artistas fabulosos, 4 formas de interagir com o mundo, 4 amigos que influenciaram e mudaram a cultura baiana. Donald Trump, J. D. Vance e Elon Musk, 3 pessoas que não são amigas – talvez nem saibam o que isso é. O que construíram de bom? O que vão construir de bom? De que forma vão melhorar o mundo? São educados? Tratam bem as pessoas? O ambiente historicamente degradante, humilhante e totalmente errado em que receberam Volodymyr Zelenskyy, choca qualquer um. Cheio de atalhos tortos, sem generosidade, sem compaixão. Pessoas?

Aprendemos em criança a não pisar alguns terrenos, atalhos, pessoas, opções que nossos pais avisavam que não eram para escolher, pelo bem de nós e dos outros. Estes querem lá saber. O poder quando toma conta de um homem, toma conta de todo o seu esplendor, dilacera e intoxica suas bondades. A vida e os que nos amam avisam: tem caminhos bons, maus e desconhecidos. Escolhe, escolhe até atalhos e com eles faz novos caminhos. Mas nunca percas a mão, essa mão, esse lugar, que nos indica que já fomos demais, que é hora de voltar ou é hora de fazer novo atalho, que sempre precisa estar conectado com nosso coração. Sempre. Para se tornar uma coisa boa. Senão corremos sérios riscos de nos transformamos em bichos devoradores de dinheiro, poder, com a sensação de poder supremo, cegos e famintos. E esse caminho não tem atalhos, só a possibilidade de voltar atrás e escolher outro. Quantas pessoas conhecemos que estão fazendo esse caminho de Trump, Musk, J. D. Vance? Que nos cruzamos nas caminhadas, ou no trabalho, ou na família, ou no prédio? Sempre me lembro de avisar que são muito lavadinhos e com roupas impecáveis, dentes perfeitos, sociáveis. Têm todos os “clichês” de boa pessoa. Fachada, fachada, fachada. Coloque na frente dessas pessoas a possibilidade de fazer atalhos de generosidade, bondade, até de boa educação e veja sua reação. Basta algo da vida, simples. Não temos de ser todos sujos, não é isso. Mas a capa linda da tablete de chocolate não significa que o chocolate é saudável – vemos que as empresas escolhem os atalhos de convencimento, fazendo rótulos, embalagens e marketings maravilhosos, em produtos tóxicos, venenosos.

O mundo não está bem, as relações entre as pessoas que podem mudar o mundo estão piorando assustadoramente e quem sofre as consequências somos nós. Sempre me pergunto: vamos ficar olhando? Aceitando que destruam nossas vidas, nossas construções? Vendo estas pessoas fazendo o mal e nós, sem ter nenhum atalho para fugir? Preocupados com o horário de levar a filha na escola? É só isso? Pequenos gestos e ações diárias podem fazer milagres. Faça. Ajude. A vida não é um filme para assistir da cadeira.

Ana Santos, professora, jornalista

 
 
 

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