Poesia sem Camburão
- portalbuglatino
- 24 de mai. de 2023
- 1 min de leitura

A vida parece uma brincadeira
Mas ela é séria
Ela é de verdade
Não é festa, nem divertimento
Ela sangra o sentimento
“Geral”
“Olha aqui samango
Já não aguento mais
Esse seu grito de mão na cabeça, negão
Já não aguento mais
Essa revista nos meus pertences
Em busca de não sei o quê
Estou cansado de não ser
O bandido que vocês esperavam...
Estou de saco cheio
Das desculpas, foi engano!
Prestem atenção, samangos
Estamos exaustos dessa agressão:
Grades, algemas, camburão...”
Éle Semog
“STUDO Nº 6”
“Tua cabeça é uma dália gigante que se esfolha nos meus braços.
Nas tuas unhas se escondem algas vermelhas,
E da árvore de tuas pestanas
Nascem luzes atraídas pelas abelhas.
Caminharei esta manhã para teus seios:
Virei ciumento do orvalho da madrugada,
Do tecelão que tece o fio para teu vestido.
Virei, tendo aplacado uma a uma as estrelas,
E, depois de rolarmos pela escadaria de tapetes submarinos,
Voltamos, deixando madréporas e conchas,
Obedecendo aos sinais precursores da morte,
Para a grande pedra que as idades balançam à beira-nuvem.”
Murilo Mendes
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