
Momentos, sensações, vivências.
Vidraças, Invernos.
O morno Verão.
Alma imensa
“Transparência”
“Vidraças lavadas. Sol de inverno. Uma grande transparência.
Um cigarro aceso — fumega;
Ítaca, não; não mais aventura, mas um vazio bem ordenado
— e nenhuma recusa, nenhuma obediência, nenhuma pergunta.
Lá fora, passa o velho com a sacola às costas. Por entre as casas
vê-se a colina em frente com seus ciprestes, o pequeno pastor
por entre as cadeiras da casa (pois as casas são transparentes)
e a mulher que procura a vassoura que tem nas mãos.
Dentro do espelho uma janela virada ao contrário, somente céu.”
Yannis Ritsos
“Inefável”
“Nada há que me domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda…
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.
Sou como um Réu de celestial sentença,
Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
De estrelas todo o céu em que erra e pensa.
Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outras mais serenas madrugadas!
Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim porque eu as amo
Na minha alma volteando arrebatadas”
Cruz e Sousa (1861-1898)
Poeta considerado como a maior expressão poética do Simbolismo
Comments