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Poesia Baiana

  • Foto do escritor: portalbuglatino
    portalbuglatino
  • 2 de out. de 2024
  • 2 min de leitura


Athos Bulcão - Teto com placas metálicas. Plenário Senado Federal, 1978. Foto Edgar César Filho

“A viração desatava os cabelos lisos e negros de Flor,

punha-lhe o sol azulados reflexos.

No barulho das ondas e no embalo do vento.

Rompeu a aldeia sobre o mar de Itapoã,

a brisa veio pelos ais de amor, e,

num silêncio de peixes e sereias,

a voz estrangulada de Flor em aleluia;

no mar e na terra aleluia, no céu e no inferno aleluia!”

Jorge Amado

 

 

“Um poeta de papelão”

“Como formiga que transporta florestas

sobre infalível lombo seco e quase ausente

 

Como o subterrâneo que a abriga

invisível, sob violentos passos apressados

 

Como desprezível a matéria que lhe pesa

sobre a carne mínima mais que pesa a carne,

 

assim o velho catador:

 

Puxa a carroça do tempo

sobre o dorso que de frio já se ausenta

 

Deixa para trás a cidade livre das carcaças do consumo

que erigem do velho catador a casa

 

Sobre o subterrâneo coração, peito e cidade arfantes

de puxar a engrenagem de tornar o velho em novo em velho

 

Sobre sua cama de papelão, nenhum sonho de concreto

sob a chuva num bairro do centro, todos os olhos dos poetas

 

assim o velho catador:

 

puxa a carroça do tempo

sobre o peito que pouco calor inspira

 

Sobre subterrâneo coração, assenta as pedras cidade

e torna em casa as ruas estreitas por onde seu corpo estira

 

Deixa para trás a cidade livre das palavras da eternidade

sobre sua cama de papelão, sonho algum se pereniza

 

Assim o sonho do poeta:

 

Como formiga transcrever florestas

invés de chaminés transcreverem nos céus a cidade

 

Transportar-se invisível na carroça do tempo

que puxa a engrenagem de tornar a arte ao lixo o lixo à arte

 

Deixar para trás a vaidade de todo poético intento

de escrever sobre papel branco a estreia de sua novidade

 

E sobre este coração suburbano, assentar o esquecimento

pois a chuva do bairro do centro leva a dor a qualquer parte

 

E sobre o monturo de papelão, acumula poeira e silêncio

Nos olhos do velho catador, poesia e guerra levantam estandarte.”

Andressa dos Prazeres

Poesia Baiana

 
 
 

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