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Poesia Africana

  • Foto do escritor: portalbuglatino
    portalbuglatino
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura
Lygia Pape
Lygia Pape

“Prelúdio”

 

“Pela estrada desce a noite

Mãe-Negra, desce com ela...

 

Nem buganvílias vermelhas,

nem vestidinhos de folhos,

nem brincadeiras de guizos,

nas suas mãos apertadas.

 

Só duas lágrimas grossas,

em duas faces cansadas.

 

Mãe-Negra tem voz de vento,

voz de silêncio batendo

nas folhas do cajueiro...

 

Tem voz de noite, descendo,

de mansinho, pela estrada...

 

Que é feito desses meninos

que gostava de embalar?...

Que é feito desses meninos

que ela ajudou a criar?...

 

Quem ouve agora as histórias

que costumava contar?...

 

Mãe-Negra não sabe nada...

Mas ai de quem sabe tudo,

como eu sei tudo

Mãe-Negra!...

 

“É que os meninos cresceram,

e esqueceram

as histórias

que costumavas contar...

Muitos partiram pra longe,

quem sabe se hão-de voltar!...

 

Só tu ficaste esperando,

mãos cruzadas no regaço,

bem quieta bem calada.

 

É a tua a voz deste vento,

desta saudade descendo,

de mansinho pela estrada...”

Alda Lara 

(1930-1962)

Precursora na poesia angolana Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque, nasceu na cidade de Benguela (Angola) e na juventude mudou-se para Lisboa onde estudou medicina e participou da Casa dos Estudantes do Império (CEI), nesse período escreveu para importantes revistas e jornais da época e publicou alguns de seus poemas. Sua poesia trata principalmente da migração voluntária e involuntária, do sentimento de pertencimento e identidade a uma nação. A obra poética de Alda Lara foi reunida e publicada postumamente no livro Poemas (1966).

 


“Em torno da minha baía

Em torno da minha baía

Aqui, na areia,

Sentada à beira do cais da minha baía

do cais simbólico, dos fardos,

das malas e da chuva

caindo em torrentes

obre o cais desmantelado,

caindo em ruínas

eu queria ver à volta de mim,

nesta hora morna do entardecer

no mormaço tropical

desta terra de África

à beira do cais a desfazer-se em ruínas,

abrigados por um toldo movediço

uma legião de cabecinhas pequenas,

à roda de mim,

num vôo magistral em torno do mundo

desenhando na areia

a senda de todos os destinos

pintando na grande tela da vida

uma história bela

para os homens de todas as terras

ciciando em coro, canções melodiosas

numa toada universal

num cortejo gigante de humana poesia

na mais bela de todas as lições:”

Alda Espírito Santo 

(1926-2010)

Escritora, poetisa, jornalista e professora nascida no arquipélago de São Tomé e Príncipe na década de 20, Alda é conhecida como uma das figuras mais importantes na poesia africana de língua portuguesa e por sua atuação na luta pela independência de seu povo da condição de colônia. Sua poesia fala de temas do cotidiano da ilha e do desejo de liberdade. Alda Graça, como também é chamada, chegou a ser deputada e Ministra da Cultura e Informação em São Tomé e Príncipe após a conquista da independência em 1975. Sua obra de poesia é composta pelos livros "O jogral das ilhas" (1976) e "É nosso o solo sagrado da terra: poesia de protesto e luta" (1978).


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