As palavras são lentas mas profundas. Olhar a vida e escrever sobre ela, é bom que seja devagar. Para sentir, para ser mais verdadeiro, para chegar ao lugar e ao momento, no tempo que é de chegar.
1. Poesia indicada por Bug Latino
“Poema Saudades”
“Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!
Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.
Então — proscrito e sozinho —
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
— Saudades — dos meus amores,
— Saudades — da minha terra!”
Casimiro de Abreu
2. Poesia indicada por Maria Lúcia Levert
"Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega —
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui."
Alberto Caeiro
3. Poesia indicada por Bruno Rio
“O Último Folego”
“Nos meus sonhos conseguia-te ver..
Conseguia te abraçar,
Conseguia sentir os teus braços e sentir a tua dor...a tua tristeza nessa tua tão singular serena lucidez.
Sem ruídos...
Sem obscuridade ...
Sem negações.
Quando mesmo Sem paixão nem esperança,
Abraçavas os meus medos sem a angústia de sentir a dor do adeus.
Quando o que eu pedia era tudo menos o gritar do dia ao chegar da noite.
Sinto o teu coração a bater forte como o choro de um recém-nascido... forte, e cheio de vida, na sua esperança que reside no seu primeiro fôlego.
Sinto te a cada silêncio que me roubas com pensamentos desse cheiro que me deixaste naquele livro em branco a ser escrito por mim em páginas tão intimamente tuas.
Como desejei nunca jamais te ter largado.. nunca te der deixado fugir.
Te obrigado a ficar... nem que fosse um momento mais ...apenas mais um soluçar teu.
Como que se eu sempre soubesse que jamais ficarias... que levarias minha alma, meu espírito, meu amã”
Bruno Rio
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