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“P.R.I.D.E. – A very GAY documentary” (2019)


Não tinha visto este documentário até ontem – como pude perder? Você simplesmente sai dele bastante melhor como ser humano e entende finalmente que a gente precisa focar em ações possíveis, menores, mas onde nos sintamos parte da engrenagem humana.


Amei a edição. Tudo muito polido e cordial até cada uma das 5 separatrizes de momentos históricos, onde a ousadia aparece com a cara inteira – e um bom gosto incrível. Certamente vai ser uma marca na minha vida e quem vê a gente, no Bug Latino, sabe que ousadia é o meu nome na hora de editar.


Em termos de documentação histórica, perfeito também. Mais perfeito ainda quando se sabe – e eu sei – que no dia 15 de janeiro vamos lançar um programa que estreia falando exatamente do tema da liberdade pra se ser quem é e com um amigo de Harvey Milk – um dos citados pela história americana e certamente marcado na história da evolução do percurso gay, no mundo. Como Richard Zimler mesmo diz: um escritor, um cara super bacana, simpático, expressivo, com mãos maravilhosas, que eu simpatizei em 1 minuto – e que é gay. E que se manifesta gay com a naturalidade de quem sabe que precisa ajudar a libertar a todos xs meninxs que hoje têm problemas em viver sua homossexualidade. Em outras palavras; em serem felizes, sendo quem são. Richard Zimler, que não estava nesse filme, mas que faz parte dessa história, assim como eu, você e você.


Pela maneira mais louca e inesperada, entramos 2021 com Trump e seu retardo emocional grave. Mas entramos dizendo claramente que é mesmo uma nova era onde o nós vai enfrentar o egoísmo. Nesse sentido, para cada preconceito, uma forte presença anti-preconceito é necessária – a nossa, do mundo inteiro. Eu sou gay, eu sou preta, eu sou você e finalmente espero que você queira ser eu também. E que você me sinta, chore a nossa lágrima e se orgulhe do que todos nós estamos construindo juntos. P.R.I.D.E dá essa sensação de euforia, de poder, de coletivo. No final do filme você se sente parte de uma época e entende que num país como o Brasil, se ver diferente de mestiço é apenas fazer papel ridículo; dizer-se contra ou a favor dos gays é tão estranho quanto se colocar contra ou favor do que a natureza criou e todos os mamíferos procuram naturalmente – o seu lugar de felicidade; humilhar e menosprezar os mais pobres, significa criar um espaço maldito onde quem está é invisível e não pode nunca sair da invisibilidade – e isso é cruel, desumano e atroz. Porque as coisas – todas as coisas – não estão congeladas e podem – DEVEM – se movimentar, evoluir. O Brasil também. O mundo também.


Assistam ao filme, se fortaleçam e voltem – cada mobilização contra a destruição do meio ambiente, o preconceito, o racismo, a pobreza, as queimadas do Pantanal e da Amazônia, o planejamento da nossa vacinação pelo amor de Deus, precisa do nosso apoio integral – na internet e assim que seja possível, na rua – lugar onde somos mais nós, no nosso grito em comum.

Ana Ribeiro, diretora de teatro, cinema, TV


Um documentário sobre homossexualidade. Sobre as sociedades. Sobre as pessoas. Sobre respeito. Sobre aceitação. Uma edição sensacional, muito ao jeito Bug Latino (Ana Ribeiro, na verdade). Realmente parece feito por ela. Porquê? Assista. Vai entender. É a mesma “linguagem”, o mesmo apelo, o mesmo pedido de humanidade. Conteúdo importante e necessário. Precisamos guardar na memória o que já aconteceu de terrível, o que se fazia às pessoas, o que ainda se faz e o que ainda não se permite.


Não percam. O link para assistir, segue no final.


O velho hábito humano de que só é aceite e só é certo aquilo que eu gosto, aquilo que eu aprendi, aquilo que eu quero, aquilo que eu sou. Eu, a pessoa bem educada. Eu...a pessoa.


Precisamos de muito mais tempo do que julgamos para aprender valores e aceitações. Infelizmente. Mas não esqueçamos que nada se faz sem querer, sem movimento, sem ação. Em crianças e jovens a sociedade de consumo nos ensina os preconceitos todos. Nos tornamos cruéis. Vamos repetindo o que vemos na sociedade e ainda pioramos a coisa. Algo a repensar.


Até que algo nos atinge. Algo difícil. Algo que nos vai ferir terrivelmente mas também nos vai tornar mais humanos. Nossa família afinal não é tão perfeita, o nosso maior amigo afinal é o mais traiçoeiro de todos, nós afinal não queremos amar o sexo oposto, nós afinal não somos este corpo nem este gênero, não queremos ser médicos, nem advogados, nem engenheiros, como a família deseja, etc, etc, etc.


Começamos a ficar angustiados e horrorizados, quando as pessoas gozam com tudo e com todos. Com a senhora que vive sozinha com seu gato, com as pessoas gordas e a sua difícil mobilidade, achando o máximo o marido que engana a mulher, se sentindo o máximo por ser a mulher que o cara casado prefere, se sentindo o máximo por estar casado, ter filhos e ainda “gozar a vida”.


Todos nós achamos que somos pessoas sem preconceitos. Os outros sim. Nós nunca! Não, não. Ui...


Nós que não permitimos que alguém que nasça pobre, possa ser famoso, rico, importante na vida da humanidade. Nós que não entendemos porque aquela mulher bonita e sexy quis casar com outra mulher. Nós que achamos que, sendo brancos, somos superiores aos que nasceram com outra cor na pele. Nós, os que tivemos amizades totais e sinceras e a quem atraiçoamos friamente e que ainda nos rimos, mentimos e somos os donos do mundo – e o “público” aplaude. Nós que cumprimentamos com beijos as mulheres hetero e com aperto de mão as mulheres lésbicas ou bi. Que misturamos profissionalismo com vida pessoal. Que achamos que temos o direito de nos meter na vida alheia.


Os seres humanos mais incríveis que todos os dias encontro, com uma sensibilidade profunda, com uma enorme delicadeza, com um coração imenso, com uma coragem absurda, são pessoas que de alguma forma sofreram profundamente porque a sociedade de consumo não aceita o fato deles serem diferentes ou diferenciados e por terem a coragem de não se omitirem. Ou pelo racismo, ou pela homofobia, ou pela aporofobia. Porque têm de se omitir? Porque os corruptos, os que enganam, atraiçoam, mentem, são convidados de casa, de mesa, aceites e aplaudidos? E porque os que são verdadeiros têm de fugir e se esconder? Porquê? O mundo é de todos e todos têm direitos. Viver é apenas viver. Não precisa de avião particular não. Precisa de verdade, de coisas inteiras, de não precisar de sentir medo, de olhos doces e sinceros olhando você, de palavras que saem do coração, de integridade. De ir na farmácia e num segundo fazer amizade com uma pessoa que dentro de um corpo de homem é a mais bela, doce e gentil mulher; de entrevistar uma drag super famosa e a gente se entender imediatamente pelo olhar, porque ela é uma alma doce e encantadora; de entrevistar um cientista famoso, e agradecer à vida por presenciar impressionante verdade e pureza.


Pessoas talentosas são impedidas de exercer o seu talento por conta de uma sociedade que impede a verdade. A sociedade somos todos nós. Nós, precisamos mudar o que está errado, o que danifica seres humanos e fazer coisas. Podemos começar a todo o instante. Não custa nada. O que podemos fazer agora? Já?

Ana Santos, professora, jornalista



“P.R.I.D.E. – A very GAY documentary”

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