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“MEU CORAÇÃO É VERMELHO” e “Natal chegando” Bug Sociedade

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“MEU CORAÇÃO É VERMELHO” Bug Sociedade

                  Uma parte do Brasil que se importa saiu de casa, pegou seu bom transporte ou caminhou rumo à manifestação. Aqui em Salvador o clima estava de verão – aquele calor impiedoso, queimando as mentes alegres. Me enfiei debaixo do guarda sol de uma moça que vendia algo, ali perto do Farol – se via o clima leve na cara do pessoal. Mesmo protestando, manifestação no Brasil é leve.

                  Não é uma questão de esquerda ou direita. Se a esquerda estivesse esbofeteando a democracia, eu estaria na rua do mesmo jeito. Como no caso, “Centrão”, no vocabulário do jornalismo, significa ultra direita interesseira, fui a esta manifestação, como fui a todas – disposta a pingar a minha gotinha de participação e mobilização. Como uma vacina: uma gotinha e a pessoa toma a sua dose contra a ditadura. Da mesma forma, odeio quando a mídia repete – e não corrige – as manipulações de vocabulário utilizadas pelos políticos: “narrativa” não quer dizer mentira e é usada como se fosse. Fulano usa a narrativa, a direita usa a narrativa, inventaram uma narrativa – e de narrativa em narrativa, a pessoas vão perdendo a dimensão de que os políticos de direita estão mentindo de maneira deslavada e há muito tempo.

                  Repito: não é e não deve ser tomado como uma questão entre a esquerda e a direita – a questão que importa é que há políticos que quiseram dar golpe de estado e nos transformar numa ditadura. Como não conseguiram, começaram a inventar desculpas; a mentir. Ditadura da toga: é mentira. Brasil é ditadura neste governo: é mentira. As pessoas presas por golpe de estado são presas políticas: é mentira. O Eduardo Bolsonaro está exilado nos Estados Unidos: também é mentira. Não é “narrativa”. A definição da palavra é – para quem já foi ludibriado pelo uso errado: “Narrativa é a arte de contar uma história, seja ela real ou fictícia, organizando acontecimentos em uma sequência com elementos fundamentais como personagens, enredo (o "o quê" e o "porquê"), narrador (quem conta), tempo e espaço (onde e quando)”. E qual a diferença entre narrativa e mentira? “Mentira é uma afirmação falsa transmitida com a intenção de enganar o destinatário”. Diferente, né?

                  Ontem eu estive na rua e vi gente de esquerda que repete a palavra narrativa como se fosse papagaio. Se nós não forçarmos a utilização das palavras certas, narrativa é uma coisa quase lúdica, enquanto mentira... e se troca o gato pela lebre assim, ó...

                  O fato é que precisamos de pessoas que nomeiem as coisas e por isso quem me fez vibrar foi Erika Hilton, já em casa, quando vi o discurso dela na internet. “Que energia maravilhosa pra mandar pra esse Congresso canalha, sem vergonha, inimigo do povo”.  Emicida também, quando disse: “Tenha vergonha, Hugo Motta”. Veem? As palavras com o peso do que elas querem dizer. Ladrão é quem rouba, assassino é quem mata. Nós precisamos voltar ao arroz com feijão quando falamos, ora.

                  As pessoas estão sendo enganadas pelas palavras que são “torcidas” e a partir daí, repetidas no dia a dia: fake news é mentira, pós verdade é mentira, desinformação é mentira – são tipos novos de mentira, mas são mentiras. Quem mente é MENTIROSO – não é um “narrador”. Nada é mais verdadeiro do que a gente na rua, dizendo CHEGA! Nada é mais brasileiro do que pedir pra Paulinho da Viola encerrar sua participação cantando Carinhoso, de Pixinguinha, gente! Nada é mais brutalmente verdadeiro do que vermos - mais uma vez - Caetano, Gil e Chico à frente, puxando um movimento. Eles encabeçam movimentos há mais de quarenta anos, eles foram exilados de verdade, na vida real e foram sortudos porque tiveram os que morreram por quererem lutar por democracia. E tem os que ainda morrem. E tem AS que ainda morrem. E como nós estamos sendo mortas nas barbas deste Congresso incompetente, enquanto Bolsonaro parece a “princesa Dulcineia raptada e presa na torre do castelo da bruxa”... Ele queria matar autoridades, acabar com a democracia e está fazendo esse beicinho todo? Que homens são esses que foram eleitos pelo Brasil? Baratas são mais corajosas! Que espécie de funcionários relapsos nós contratamos para esse bendito mandato de deputados e senadores?

                  Fafá esteve no Rio – quarenta anos atrás, ela estava à frente, cantando o Hino Nacional. Ontem, ela esteve à frente. É lindo olhar a força de Fafá, tanto quanto a força de Glauber Braga. Não porque ele é de esquerda, mas porque – pelo amor de Deus – não é um covarde fantasiado de machista!

                  Nós estamos sendo dizimadas e também os indígenas e também os negros e também a população LGBT – os de sempre. Não somos quatro grupos separados; somos do grupo dos dizimáveis! Mas como disse Erika, a maravilhosa: esses deputados, ao invés de fazerem planinhos pra soltarem Bolsonaro e estupradores, têm que fazer leis que nos protejam. Senão rua com eles! Eleição é pra isso.         

Quem ainda está nessa de nos dividir em times de esquerda ou de direita, pense: sua prioridade de vida é soltar Bolsonaro ou não ser assaltado, morto, molestado, sequestrado por essas gangues mafiosas brasileiras? Tem um projeto de lei Antifacção no Congresso que foi trocado por outro que anula capacidades da Policia Federal. Quem fez errado foi a direita, foi Hugo Motta - você vai apoiar mesmo assim? Só isso. Seja um bom chefe e mande recados. TRABALHEM EM NOSSO BENEFÍCIO PORQUE SOMOS O POVO BRASILEIRO! Viu? Nem dói dizer a verdade e mandar nesses caras.

                  Meu coração é vermelho – aliás, o de todo mundo, e daí? E se o seu está batendo...

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Natal chegando” Bug Latino

O Natal com frio, comida bem quente, lareira acesa e coisas habituais de famílias numerosas. O frio que te recolhe, que combates para passear na rua, assistir aos concertos de música clássica. Tudo muito: muitos casacos, muitos aquecedores, muitas meias, muitos cobertores, muita lenha, muita tradição. O carro que fica com o vidro com gelo, as frieiras nas mãos, falar e sair fumo da boca – em criança fazia de conta que estava fumando um cigarro e achava o máximo. O mundo em que na escola aprendes que no Natal é inverno. Inverno é frio.

O Natal com calor. Muito calor. Comida fresca, roupa fresca e pouca, chinelo ou pé descalço. Banhos e banhos, na praia, na cachoeira, na piscina, na mangueira, no chuveiro ao luar. O que der. É estranho ouvir falar num homem vestido de muita roupa que vem entregar prendas, descendo pela lareira acesa, que se chama Pai Natal – Papai Noel. É estranho pensar em renas, puxando um trenó, que circula em cima de neve e gelo. Como é isso se eu suo constantemente? As gotas descem pela barriga, testa, costas, por todo o lado?  

Seja Natal frio ou quente, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Fafá de Belém, Fernanda Abreu, Leila Pinheiro, Daniela Mercury, entre outros, neste domingo, foram prendas natalinas preciosas para todos, na luta pela justiça social, contra a anistia, pressionando o Congresso a criar juízo. O que vai ser de nós quando eles partirem?

No mesmo dia e mesmo horário, a luta contra a violência contra a mulher. Mas as duas lutas, pelo menos em Salvador, inicialmente, mais pareciam o Natal no frio e o Natal no calor – uma para cada lado. As indicações de horários também confundiram muitas pessoas. Éramos muitas e muitos mas podíamos ter sido mais. Por favor um maior cuidado a informar ajuda bastante.

O mundo invertido. Os políticos tendo que ser ensinados e corrigidos pelo povo – principalmente pelos artistas. Que vergonha. Pela segunda vez. Quem sabe isto vira uma necessidade? Todos os domingos o povo na rua organizando as pautas políticas? Parece tudo ser bem mais organizado. Continuando assim, para que precisamos dessas pessoas nesses cargos? Os bastidores daquele Congresso assustam, as gravações de áudio de conversas paralelas de algumas pessoas bem conhecidas de Salvador são muito reveladoras da ruindade. É bom tudo se tornar público porque são pessoas que fingem ser gente séria, mas já fazem errado há muito tempo. Os planetas fazendo sua parte.

Não existe um dia em que pela manhã ao olhar as notícias do dia, não surja um acidente terrível, ou um assalto horroroso, ou mais um caso de feminicídio hediondo. O que é isto? As “tripas ao sol” da sociedade é só o que temos para mostrar? É só isso? Esta carnificina contra as mulheres está demais. Os assaltos em todo o lado e de todas as formas igualmente. As intervenções precisam ser urgentes, em várias dimensões e ao mesmo tempo. Não é com 21 dias de “faz de conta”. Educação totalmente abandonada e politizada, é um ponto; educar pais a educar filhos, outro; educação cívica nas ruas, outro; educar contra a corrupção, outro. Isto só para começar. E sem projetos de milhões. Isto se faz sem precisar de dinheiro. Sempre esses projetos de milhões e milhões para resolver e o dinheiro vai e se esfuma, os projetos terminam e tudo na mesma.

As televisões, mídia e as redes sociais precisam ser obrigadas, responsabilizadas e transformadas em parceiras em direção à correção, à melhoria da qualidade de vida de todos. Sem projetos, sem mais dinheiro. Com gente educada e saudável liderando. Parem de nos enganar mais. Chega!

E eu que pensei escrever sobre o problema de conciliar o Natal do frio com o Natal do calor.

Ana Santos, professora, jornalista

 

Imagem: Escopas de Paros


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