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"Carta aos Brasileiros" Bug Sociedade


Dia 11 de agosto será um dia especial porque finalmente uma entidade de peso resolveu liderar um movimento suprapartidário que defende um bem essencial pra cada pessoa que vive no Brasil – a democracia.

Há um desprazer e uma impaciência dentro de mim, muito maiores que qualquer medo ou insegurança: afinal, quem foi que disse, quem foi que autorizou que uma minoria totalmente inconsequente ponha em xeque bens estruturais como a nossa liberdade? Uma coisa é o jogo democrático, onde se aceita – mesmo sem gostar ou mesmo concordar – quem tem mais votos e é eleito por isso. Se engole o sapo por 4 anos e pronto. Mas daí a ter que suportar uma pessoa que, desde o primeiro dia se defende desse final desastroso é demais.

Parece que existem pessoas que se acharam “pensantes” o suficiente para anteverem o futuro nas ações de uma pessoa – os cariocas, como eu, sabem – que nunca fez rigorosamente nada, em 30 anos de Brasília. É como promover um gari que nunca varreu uma única calçada em 30 anos, no chefe de todos os lixeiros. É como promover a secretário de educação, um professor que nunca deu uma única aula na vida e que, bem ao contrário, encrencou com todo mundo em quem esbarrou na escola. Ou seja: vai entender o que deu na cabeça das pessoas que votaram. Mas é do jogo: votaram. Mal. Deu no que deu. Mas mesmo com 700 mil mortos na pandemia, quem perdeu, engoliu o sapo.

Colocar em xeque a nossa capacidade de jogar, a do STE de organizar o jogo, do STF de regular suas regras, é cômica, ridícula - mas exatamente por isso, a iniciativa desse escracho - já que o presidente da Câmara está como um sapo, encantado pelos olhos da cobra - precisa de um basta absoluto, um abraço de cada brasileiro na própria democracia – que foi escrachada, invadida e mal tratada nesses 3 anos e meio. É como você permitir que alguém entre na sua casa pra numa visita e ele queira te expulsar dela, na maior cara de pau.

Portanto, a carta às brasileiras e brasileiros fala educada, mas claramente, que aqui não é a casa da sogra. Que ninguém – absolutamente ninguém – pode entrar na nossa casa, com a ideia fixa de nos despejar dela. Não vai rolar. Nós não vamos deixar.

Por isso, dia 11 de agosto, dentro de mim, vai ser uma festa. É como aquela passeata que o Collor convocou pra todo mundo ir de roupa da seleção – viram que a coisa é sempre repetida? – e foi recebido com todo mundo de luto, de preto, com a cara pintada e dizendo fora – na paz - mas com a energia necessária.

Dessa vez, o maior castigo talvez seja ele ficar sozinho, no meio da rua, no meio da fumaceira daqueles tanques ferro-velho, esperando uma encrenca que vem documentada por essa carta. Sem gente pra ele bater, prender, matar, espancar. Mas gente dizendo fora, com a mesma legitimidade de sempre.

Nos espere dia 2 de outubro. Espere pelas mulheres que você desprezou, pelos gays que você perseguiu, pelos pobres que você ignorou, uma multidão de brasileiros vai usar o dedinho pra decidir mais uma vez o que queremos – dentro das regras do jogo da democracia - e se Deus quiser – não vai ser você de jeito nenhum!

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


Algumas pessoas conhecem bem o vento. Conhecem tão bem que o sentem, sabem quando muda, sabem o que diz, sabem quando começa a dar sinais de “tempestade”. Essas pessoas são muito importantes para ajudar os que nada entendem de vento, que vivem sem saber quando devem se cuidar, vestir um casaco, se abrigar ou até ir para casa e ficar bem protegidos e sossegados, aguardando a borrasca passar.

Às vezes estamos distraídos e não percebemos algumas coisas, talvez porque a vida nos chamou a atenção para outras coisas. Precisar de trabalhar, seja no que for, seja que horário for, para sustentar a sua vida e dos filhos, de familiares doentes, pagar as contas intermináveis, não dá muito tempo nem tranquilidade para prestar atenção a sinais de perigo mais abrangentes, mais “gerais”. Você só vê a onda que está em cima de você e que te pode derrubar na hora, não consegue espaço para olhar as ondas que se formam no mar alto. Como no tempo em que homens, chamados vigias, observavam em terra e avisavam o pessoal dos barcos e dos botes (lançando um foguete), quando as baleias apareciam na costa, nas Ilhas do Açores, no Brasil, são imprescindíveis os especialistas em direito, em estratégia política, jornalistas, etc, como “vigias” que alertam as populações sobre situações perigosas. Neste caso não com foguetes mas, por exemplo, com uma carta clara, justa, esclarecida, generosa.

Resolver um problema individual é muito mais fácil do que resolver um problema coletivo, e se for um problema coletivo de 212 milhões (IBGE, 2020), pode ser demasiado complexo e lento. Já criar problemas, para um ou para 212 milhões, é tão fácil. Tem quem seja especialista em criar desses problemas diariamente, por incrível que pareça e ainda se acha importante. Ainda ter gente que apoia é um mistério para o universo resolver...

Humanos que vivem no Brasil, atenção aos ventos, atenção às ondas, escolham “vigias” confiáveis e conhecedores. E, quem sabe, talvez pela primeira vez na sua vida, tomar controle do seu destino, decidir o que deseja, falar o que é certo, ignorar os que o tentam convencer que o que você pensa é errado mas o que eles pensam é certo. Como se a sua vida dependesse disso. Porque depende.

Você não faz nada porque nunca fez. Você nada faz porque sempre foi considerado invisível, sem importância, sem conteúdo, sem valor, é apenas uma humilde pessoa, faz a sua vida e não quer problemas. Seja quem você for, ao nada fazer você confirma o que os outros acham, não o que você é e pensa. O tempo passa e, de repente, se dá conta que não contribui para nada, na sua vida, na vida da sua cidade, do seu estado, do seu país. A vida passa num instante, mesmo!!! Não precisa ser grosseiro, arrogante, metido, incómodo, insuportável. Precisa de estar atento ao que é feito, de bom ou de mau, para o presente e para o futuro do lugar ao qual você pertence e que espera a sua contribuição (o lugar, a sua terra). Todos temos responsabilidades. Onde estamos e por onde passamos, deixamos marcas. Ajude a diminuir a agressividade humana, física ou não. Não responda, não inflame, não retribua. Pense na nobreza de Jô Soares e de tantos outros brasileiros nobres e discretos. O Brasil também é você, o que você faz todos os dias, como trata os outros, o que luta, o que sonha, o que acredita. É sempre tempo de recomeçar. Seja no que for. Não pense muito, a vida vive-se fazendo - faça, faça, faça.

Ana Santos, professora, jornalista


ASSINEM A CARTA. E VIVA A LIBERDADE!

Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito! (Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo)

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