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“AS EXCELÊNCIAS E AS PERSEGUIÇÕES RELIGIOSAS” e “Mundo Zombie” Bug Sociedade


Lincoln Memorial, Daniel Chester, 1922

“AS EXCELÊNCIAS E AS PERSEGUIÇÕES RELIGIOSAS” Bug Sociedade

Liberdade religiosa é você se saber, se sentir livre para cultuar a sua fé, seja ela qual for. O ataque aos templos de candomblé que está acontecendo no Brasil; o ataque pessoal absurdo que está sendo dirigido ao padre Lancelloti é outro tipo de hostilidade, mas sim, é mais um tipo de ataque religioso.

Não há nada a dizer sobre o Padre Julio Lancelloti, a não ser que ele tem em si a ousadia de cuidar de pobre. Pecado mortal num País que ainda tem a cara de pau de falar sobre esse tipo de preconceito em público. Nós tivemos a mesma iniciativa antes da dele – Irmã Dulce. Ainda bem que ela nasceu antes e pode ser cultuada até o ponto de virar Santa Dulce dos Pobres. Nosso cidadão mais próximo de um prêmio Nobel da Paz, o Padre Julio, está sendo anarquizado por pseudos defensores da verdade. Excelências que batem no peito e chamam a Deus, tentam – e se ridicularizam - destruir-lhe a imagem. Mas ao olhar o fato - o santo fato, a santa e cristã preocupação com os mais fracos – caem onde deveriam cair – na sarjeta.

À propósito: aporofobia deveria ser crime – hediondo – no caso brasileiro, aliás.

Eu não vou gastar uma letra para defender os candomblés e as umbandas porque não preciso fazer isso. Aqui na Bahia então é uma ignorância tão redundante que não vale à pena. Num lugar onde a Igreja do Bonfim, entre muitas igrejas, se abre para ser banhada de água de cheiro; onde se cultua A Boa Morte; onde se tem a terça da benção, na Igreja do Rosário dos Pretos e, principalmente, num lugar onde as pessoas se aproximam de você e dizem qual é seu orixá no meio da rua; lhe dizem que sua energia não está tão boa e que é melhor tomar um banho de ervas ou “ir se limpar”, perseguir o candomblé é atrair o olhar do orixá - e Xangô é forte na hora de aplicar sua justiça.

Ainda ontem veio uma conhecida aqui em casa, entrou e falou logo: esse ano é de Exu. E seguiu: Que energia boa tem essa casa. Isso vale mais do que a entrada de qualquer “excelência” ou “iminência” porque alguém que tem olhos que veem, entra e vê.

Essa semana mesmo vi uma postagem no Instagram de uma “excelência” denunciando a suposta despesa inútil da Secretaria de Segurança da Bahia ao criar rondas anti-ataques aos candomblés. Eu fui lá comentar na hora e peço a todos os brasileiros que não deixem mais isso acontecer sem um comentário discordante “fura-bolha”. Na Bahia? Onde as pessoas diferenciam caruru comum, de caruru de preceito - o preferido, o procurado, aquele a qual todos – TODOS – dão “um dedinho” para serem convidados? Onde quem tira o quiabo inteiro ganha a obrigação de fazer o próximo? Onde a comida baiana é – É – a comida dos ancestrais, sabendo que a ancestralidade era escravizada e que sim, foi ela que trouxe o culto aos orixás? Esse é o lugar onde existem “excelências” que criticam a proteção especial às casas de axé que estão sendo atacadas de fato? Inadmissível.

Onde há lugar para Bíblia e democracia juntas, automaticamente precisa haver lugar para todas as outras religiões porque este é o estado laico escrito e descrito da Constituição do Brasil. Então, do mesmo jeito que no dia seguinte ao da morte de Dom e Bruno comecei a repelir e a responder a pessoas anti-vacinas e anti-ambientais, não aceito mais o “pseudo discurso dos “preteridos religiosos”, não aceito mais a discussão da proibição do uso do mesmo banheiro para todas – TODAS - as do gênero feminino. Quem não gosta que faça xixi na lata, que leve penico. Não aceito mais machistas se referindo a nós como um bife que precisa de certificação – e em tempo – não aceito mais que o gênero masculino discordante do machismo, não se reúna ao nosso discurso.

Já, já é carnaval – vamos ter que ver, pedir, orar, brigar, chamar o guarda ou fugir correndo das mãos taradas, em mais uma festa?

Os comentários anti padre, anti candomblé e anti tudo que não seja a sua própria religião são abomináveis. Onde Deus costuma colocar as abominações? Pois é: É melhor todos os citados reverem seus conceitos, tomarem um banho de sabão da Costa, pedindo axé para este carnaval e para a vida na Bahia. E para baianos ou autoconsagrados “baiocas” (baiano com carioca), como eu: LAROYÊ, que o ano é de Exu - a vida, a explosão, o big bang, o movimento, a ação. E que a PM nos proteja e nunca nos ataque – e olhe que eu sou budista!

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Mundo Zombie” Bug Sociedade

Dizem que na época da Ditadura, as televisões serviam para entreter as populações, e que por essa razão existiam muitos filmes cômicos – com um humor quase infantil – ou filmes de amor em que os e as escolhidas eram lindos/as, perfeitas/os, honestos/as, ficavam ricos porque trabalhavam muito e os finais eram sempre felizes. Eu que em criança amava os filmes portugueses cômicos dessa época e os filmes de amor americanos com Greta Garbo, Elizabeth Taylor, Sophia Loren, Audrey Hepburn, Ingrid Bergman, Clark Gable, Gregory Peck, Marlon Brando, Sidney Poitier, James Stewart, fiquei um pouco desiludida ao perceber que o objetivo de tudo isso não era tão poético quanto eu sentia. Hoje em dia, ainda amo todos esses filmes, mas evito pensar nessas razões para não me tirar essa alegria. Mas nunca esqueci.

Hoje em dia, Portugal não vive em regime ditatorial. O Brasil também não. Os Estados Unidos e Inglaterra também não. E, no entanto, parece que permanece a forma como se entretêm, ou hipnotiza, ou distrai, as pessoas e as populações. The Voice, Got Talent, American Idol, ainda podemos vê-los como formas de estimular as populações a obterem seus sonhos, a mostrarem seus talentos. Programas que juntam as famílias nos serões de domingo. O Brasil tem o “Fantástico” como o grande programa de domingo à noite que tenta juntar a população para saber as principais notícias “que é bom todos saberem”. Mesmo isso é já muito discutível atualmente. Portugal, de novo com a estratégia do humor, tem o programa “Isto é Gozar Com Quem Trabalha”, aos domingos, mostrando as situações ridículas ou engraçadas, de um país que está acumulando problemas e problemáticos e cada vez com menos pessoas capazes de solucionar o que necessita de ser solucionado. Tudo isto já é meio preocupante porque é como se o interesse principal fosse manter as pessoas anestesiadas, hipnotizadas, no mesmo lugar de aprendizagem. Nada de as ensinar, estimular, entusiasmar a aprender, a mudar, a melhorar comportamentos, sonhos, a tornar os países melhores, melhorando as pessoas que vivem nesses países.

Mas, tudo que não está muito bem, pode melhorar. Se as pessoas percebessem o quanto projetos como o Bug Latino, por exemplo, poderiam melhorar as suas vidas, melhorar o seu país, melhorar o seu futuro, por melhorar a sua forma de falar, de pensar, de argumentar, de ter visão, encontrar soluções, etc, era tudo tão diferente. E é tão fácil e entusiasmante...é só querer.

Mas, tudo o que não está muito bem também pode piorar. Big Brother, Fazendas, Quem quer casar com agricultores, A Máscara/The Masked Singer, No Limite, Power Couple, etc, são, talvez, programas com visão de lucro e anestesia? Eu me pergunto o que ensinam de bom esses programas. Talvez sejam muito divertidos para quem os faz, para os atores que fazem parte. Mas para quem assiste, qual é o ganho? É apenas desenvolver o lado “voyeur” nas populações? Ser bom a ver os outros? O que isso contribui para um mundo melhor? Porquê isso em vez de programas para ajudar a desenvolver comportamentos que sejam construtivos e que ajudem os países?

Parecemos nem estar a perceber que a IA – Inteligência Artificial - já chegou, já invadiu nossas vidas. Se não nos preocupamos em desenvolver ações, comportamentos construtivos nas pessoas, nas populações, teremos a IA vivendo feliz e os seres humanos boiando, se agredindo, se destruindo, se deprimindo, navegando como zombies nas ruas entupidos de estupefacientes. Perdidos em busca de sentido para a sua vida, sem saber para onde ir, como agir, se comportar. E que países serão esses? Que pessoas serão essas? Que vidas temos? São vidas?

Ana Santos, professora, jornalista

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