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“A “DR” DA ESCRAVIZAÇÃO” e “O doce e salgado da vida” Bug Sociedade

“A “DR” DA ESCRAVIZAÇÃO” Bug Sociedade
Finalmente, começa-se a estudar e a levantar o prejuízo emocional, o trauma, a exploração da mão de obra, os crimes, ao redor da escravização, no Brasil. Foram 5 milhões de almas que não precisavam estar aqui. Que foram torturadas ao serem sequestradas e separadas de suas famílias. Expatriados, todos. E, claro, os descendentes que aqui estão, precisam falar do assunto, resolvê-lo dentro de seus corações.
Nos obrigam, no Brasil, a esquecer e anistiar tudo, a deixar as coisas de lado, como se o nosso sofrimento fosse diferente do sofrimento de uma pseudo “raça melhorada” – mais endinheirada, pelo menos. E eu digo pseudo porque quem aqui se sente branco, nos Estados Unidos é o genérico preconceituoso “latino”. Ser tratado como latino lá, dá a mesma sensação de marginalização que se sente aqui nas filas, nas repartições públicas, etc.
Mas o que se sente por lá é bem diferente de se levantar os olhos e não perceber ainda a existência de um planejamento inclusivo verdadeiro. De um ressarcimento, mesmo que simbólico para que a dor tenha um lugar para onde ir.
Os jovens negros e miscigenados são muito mais revistados que os mais claros, mesmo também sendo mestiços; as roupas de marca são menos revistadas que as mais simples. A aporofobia se estende a todos os não arrumados (aporofobia = preconceito contra pobres). Os mais pobres normalmente são pretos.
Há ainda um desprezo no ar que ultrapassa a barreira simples de falta de educação doméstica ao negar um cumprimento, por exemplo – e que passa pelo olhar de desprezo, pelo peso do menosprezo – algo que ainda não foi superado e por isso mesmo precisa ser falado na escola, no posto de saúde, no trabalho e no dia a dia. Dizer que não tem preconceito porque meu parente é negro ou casei com uma negra, não adianta mais. São muitos milhões de quilômetros quadrados de vergonha, exploração, miséria. O Brasil precisa ser maior do que a exploração imposta a seu povo. O povo precisa ser maior e sair em busca de si mesmo com orgulho, não permitir desvios, não ter medo de aponta-los.
Temos bons objetivos que são continuamente prostituídos, conspurcados. Discutir a nossa relação racial com os governos e mesmo conosco, como povo, passa por quem somos, quem nos explorou, como isso ainda persiste e a nossa coragem – ou não – de enfrentar o preconceito e crescer enquanto País, sem anistiar culpados. Dói. Não vai ser amanhã. Mas não resolver nossa questão racial nos joga na lama da existência da discussão de um marco temporal para nossos ancestrais. Algo nojento, baixo e indecoroso. Mas presente no Congresso Nacional Brasileiro. Algo sujo e que precisa ser retirado do meio onde se precisa voltar a pensar no melhor para o país e não no “preço” da sua própria reeleição.
Por último, um ministro tirar um dia para explicar um planejamento qualquer já é glorioso; nos explicar – finalmente – ações de um plano sério para a nossa segurança pública é inacreditável. Algo que envolve inteligência, investigação e não bomba, tiro, cadeia e porrada. Algo que coloca o Ministro da Justiça num patamar alto de evolução masculina – coisa que o Centrão e a ultra direita colocaram cada vez mais em baixa, em Brasília. Nada de palavrões; no lugar deles inteligência, presença e responsabilidade. Teoricamente eu deveria estar adorando vê-lo no STF, mas... precisamos realmente dele como ministro, agora. Uma mulher - e negra – em seu lugar seria perfeito. Uma mulher negra de confiança. Que seja progressista, que nos veja como um único povo e que nos ajude a ver o caminho da nossa re-união.
Re-unir, re-conhecer, re-estabelecer elos. Re-fazer o que se perdeu nesses anos quase ditatoriais e finalmente poder olhar irmãos brasileiros de todas as cores, padrões e carteiras – vazias ou recheadas – como irmãos. Finalmente iguais diante da lei. Isso é coisa de mulher, com certeza.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
“O doce e salgado da vida” Bug Sociedade
Rafaela Lima, estudante de enfermagem, foi passear com o cachorro na rua, como sempre. Apenas desta vez saiu um pouco mais tarde. Estava escuro, confundiram-na com criminosos que fugiam e foi presa. Não adiantou o que ela falou, não adiantou os criminosos dizerem que ela não estava envolvida. Foi presa, comeu comida estragada, dormiu com ratos, sentiu a impotência de não conseguir fugir de uma injustiça.
Parece história inventada. Parece, mas não é. Quem já visitou uma prisão brasileira, quem já foi considerado ou considerada criminosa sem ter cometido nada de ilegal, entende bem Rafaela – como isto continua a acontecer?
Os criminosos cada vez sabem melhor se esconder, enganar as autoridades e o povo. E os inocentes viram alvos fáceis e são presos? Está tudo doido? Quantas pessoas estão neste momento presas injustamente? Quantas pessoas culpadas estão vivendo em prisões que nenhum ser humano nem nenhum animal devia viver? É um horror.
Simone Biles, a magia da ginástica artística, voltou após 2 anos de paragem, está no primeiro lugar do campeonato do mundo da Bélgica e executou um salto inacreditável que terá seu nome. “Acho que o significado de sucesso para mim é um pouco diferente do que era antes, porque antes toda a gente definia o sucesso por mim, mesmo que eu tivesse a minha própria narrativa. Por isso, agora, é só aparecer, estar com a cabeça bem, divertir-me e o que acontecer, acontece.” É uma beleza ouvir esta menina/mulher. Todos devemos ouvi-la e seguir seus passos – fazer tudo para estar bem, divertir-se e o que acontecer, acontece. E vejam só o que acontece...
Em Paris 2024, os Jogos Olímpicos vão ter mais uma diversão brutal. Incomodados por perderem o campeonato mundial, com uma seleção “meia boca”, as estrelas americanas estão se organizando para estarem presentes nas Olimpíadas. Vai ser SHOW TIME – Stephen Curry, Lebron James, etc....
Você vai passear com o cachorro e é presa, você faz uma pausa de dois anos nas competições e volta melhor. Você pode estar dormindo com ratos ou sendo considerada a maior de todos os tempos. Você decide que é bom demais para ir ao campeonato do mundo, se preocupa em treinar para o seu clube e depois se arrepende e deseja ir aos jogos olímpicos para mostrar seu valor e o valor do seu país.
Como se a vida fosse respiração: tranquila umas vezes, com apneia noutras, ofegante de alegria, ofegante de medo. Dizem que em momentos estressantes de trabalho, como por exemplo abrir a caixa de e-mails e perceber vários problemas, 80% das pessoas, fazem apneia sem nem dar conta. Imagine que é presa do nada. Talvez a apneia te leve ao desmaio. Imagine realizar um salto que terá teu nome para sempre. Respiração com “fogos de artifício”. Ah como provoca uma enorme apneia perceber como algumas empresas nos enganam bem na frente dos nossos olhos, através do “climate-washing”. Uma preocupação mentirosa em relação ao ambiente, às pessoas, ao que quiser, para obterem mais lucro. Carros amigos do ambiente, barcos cruzeiros que pensam no clima, celulares com materiais recicláveis, tênis de 500 euros que se dissolvem com a caminhada. É um sem fim de invenções de contos de fadas. Brincando de viver, continuando a colocar a vida dos seres humanos em risco.
Vejam esta coisa maravilhosa que encontrei na internet. 5 formas de melhorar a nossa respiração. Coisas bem simples, interessantes e úteis. A diferença entre sobreviver ou viver de forma mais calma, mais eficiente. Quando a gente acha que já sabe tudo sobre respiração, sempre existe algo importante e simples para aprender.
Oprah Winfrey conheceu na pandemia o trabalho de Arthur C. Brooks, professor em Harvard sobre felicidade. Juntos escreveram um livro. As entrevistas que têm dado são muito interessantes e esclarecedoras sobre saber viver. Mensagens claras e simples. Deixo aqui uma dessas entrevistas. Imperdível.
O Bug Latino não impede que possa acontecer alguma injustiça na vossa vida, algo que não desejamos a ninguém. Mas acredite que corrigindo sua respiração e sabendo mais um pouco sobre felicidade, situações injustas serão enfrentadas de melhor forma, com mais clareza de ideias e oportunidades de sucesso não serão desperdiçadas.
Ana Santos, professora, jornalista