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“A COMUNICAÇÃO TÓXICA E O GOLPE” Bug Sociedade


Ninguém parece ver, todos parecem sentir – quanto menos vocabulário, menos capacidade de resistir à desinformação reinante. As pessoas são usadas, jogadas de um lado para o outro e aceitam, justificam, acolhem absurdos.

Há tantos malfeitores assim no Brasil, capazes de - como o Ali Babá e os 4000 bandidos – invadirem, saquearem, depredarem, ultrajarem a nossa história, política, nossa cultura e artes? Ou, antes disso, se usam fenômenos como o da identificação, somado à facilidade com que as pessoas com menos repertório se agarram a chavões para criar vilões e mocinhos, igualzinho aos que se criam no cinema?

“Vida longa e próspera”, com aquela separação de dedos diferenciada era a frase usada pelo Dr Spock e de todos os que viram Star Trek. “Deus, Pátria e Família” já recai na fábula histórica criada pela ultradireita de que existem melhores e piores; mas afinal, tudo são frases de efeito, partes de um roteiro histórico que já foi repetido várias vezes - para os que têm repertório, claro. Para os que não têm, tudo é novidade e, como crianças, repetem “a palavrinha, o termo novo” insistentemente. Se atingir a um preconceito, melhor porque se pensa menos. Se o preconceito for tão grande que leve à indignação, aí melhor ainda porque a pessoa só reage como louca!

Tudo isso é comunicação tóxica: base do assédio moral, da desinformação, da possessividade (possessão). Nada de desapego e liberdade. É posse até da mente, de todos os pensamentos e sentimentos.

Foi isso o que vimos no Dia na Infâmia: líderes, profissionais da violência que sabiam qual relíquia destruir e muita gente incapaz de julgar seu papel por ali, infelizmente. Gente que imitou a horda de violência e gente que colocou o celular para recarregar, sentou um pouquinho, tirou mil fotos, mil selfies, se mostrou para os amigos. Até perceberem que eram “procurados pela justiça por crime de terrorismo” – aí perdeu a graça, virou lágrima e culpa.

Aos homens: Que decepção! Basta um revolvinho pra vocês “brincarem de mocinho dando tirinho” – deu no que deu porque no dia 08 de janeiro vocês acharam que seriam os mocinhos, mas o papel oferecido foi mesmo o de vilão da Pátria – e vocês caíram, incapazes de lerem as entrelinhas, de interpretarem os subtextos.

Resumindo: fizeram papel de idiotas.

Idiotas ou não, são criminosos e como criminosos serão tratados pela justiça. As mentes pensantes do golpe fracassado, também sem repertório, transformaram em infâmia destrutiva, um vexame ignorante. Olharmos de maneira isenta, dá a ideia exata da falta de palavras, de respostas e sobretudo – de perguntas.

Exaustos, nós e a nossa democracia agradecemos a extrema mediocridade, o dinheiro gasto em futilidades e a falta de inteligência. Mas chega. Agora é justiça.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“Que tristeza! Que vergonha!” Bug Sociedade

Dividimos as pessoas por cor de pele, pelo país onde nasceram, pelo lugar onde vivem, pelo dinheiro que têm na conta, pela roupa que vestem, pelo estado civil, pelo gênero, pela profissão e por mil e uma razões mais. Uma dinamarquesa fez algo errado, logo todas as dinamarquesas são assim. Dividimos de forma enviesada. Que aprendizagem mais errada que insistimos diariamente em manter. Que coisa, não é?

Porque não a divisão humana entre as pessoas que aceitam mudar e as que não aceitam mudar? As que repetem o que outros fizeram e as que buscam caminhos diferentes... As que pensam e agem pela própria cabeça e as que seguem os que outros dizem, por exemplo?

Presos políticos. Mais uma definição cinematográfica de pessoas com comportamentos marginais, perigosos, destrutivos. O novo mundo parece trazer uma naturalidade na inversão de conceitos, de simbologia, da linguagem, dos significados das palavras. O que é a verdade? E a verdade interessa a quem? A bandeira, a camiseta do Brasil já não são de todos. Por quê? A realidade também não é vista da mesma maneira, como se os olhos agora tivessem filtros. Será que têm? Mesmo o jornalismo de Portugal tem sido bizarro na forma como retrata a situação atual do Brasil e isso tem me deixado espantada e triste. Ficaram com as ideias do passado. Parece existir uma velada tendência para o anterior presidente em alguns jornais e canais de televisão que nunca esperaria. Que loucura isso. Que desilusão. Demonstra claramente falta de informação, falta de pesquisa e falta de noção do que se passa. No dia 8 de janeiro, algumas televisões chamaram o representante dos bolsonaristas a viver em Portugal para comentar. Alguém acha isto normal? Não têm tempo de pesquisar, de saber? Perguntem a quem vive aqui. Se calhar isso ajudava...

A conversa, aquela mágica atividade de troca e de debate de ideias, atividade de aprendizagem ou de ensino, ou as duas ao mesmo tempo, aquela forma de crescer pelas palavras, tornou-se um perigo, uma atividade de risco. Estamos cada vez mais pobres, mais vazios, mais artificiais, menos espontâneos, menos puros. Não somos mais a água que nasce na fonte, mas uma água perfumada, com aroma do Nepal e vendida em garrafa comercial no Bairro do Rio Vermelho em Salvador. Os dentes, a pele, o peito, a bunda, os músculos, o nariz, o cabelo, as unhas, não são mais nossos de raiz. E agora também o pensamento, as ideias, as opiniões, as falas, as decisões, ou como falamos dos outros países e das suas sobrevivências.

Assisto amarga e dolorosamente à contínua destruição da carreira dos professores em Portugal. Os políticos sabem que estão a fazer uma coisa muito errada, mas continuam. Há anos. Friamente. Uma injustiça servida aos poucos, sangrando a esperança de profissionais que são pilares fundamentais de um país. Que pessoas fazem isso? As mesmas pessoas que precisam de questionários para saber a verdade das outras? Para escolher membros do Governo? Não, não é piada, antes fosse. Me sinto envergonhada só de assistir. Que relações se constroem fundamentadas em respostas de questionários? Como diz Ricardo Araújo Pereira, como metáfora, o primeiro ministro vai ao mercado comprar fruta, compra frutas podres e, agora, criou um questionário para culpar a fruta podre, de ser podre. Ele não tem culpa nenhuma de comprar fruta podre. Num conceito no mínimo interessante, escolhe membros do Governo que rapidamente são demitidos, por serem denunciadas irregularidades através de um jornal – Correio da Manhã. Um jornal que “avisa” e faz o trabalho de pesquisa pelo Governo. Interessante. Quando tivermos de escolher o pedreiro para arranjar uma parede da casa, acho que vamos escolher à sorte e depois comprar o jornal para saber se foi boa a escolha. O ser humano é uma caixinha de surpresas.

É, estamos piores, mais bizarros, mais pobres, vazios e ainda destruímos a educação e os profissionais de educação. Acho que vou começar a esculpir a minha clava e pedir uns conselhos aos “Flinstones” para me defender um dia destes. Ou então fazer um curso gratuito na internet de como ser “Flinstone” nos dias de hoje.

Ana Santos, professora, jornalista

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