NINGUÉM
Gosto de ser anônimo:
um Ninguém andando pelas ruas,
vácuo de compromissos,
pleno dos privilégios
da falsidade de ser.
Da espuma do mar
fiz minha identidade.
Cambiante com a cor das ondas,
morre e nasce muitas vezes
entre o crepúsculo e a noite.
Pulsão do momento
modela a história:
eu crio o passado
do tempo infinito
que se estingue agora,
e sou livre.
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Deixá-lo estar,
o doido,
embalado na sua fantasia!
Deixá-lo estar,
o doido,
às vezes feliz.