Não é muito fácil falar de si sobretudo quando já se tem 82 anos…mas talvez por isso mesmo vou me aventurar a entrar um pouco na minha vida e no meu interior para vos falar do que sou e do que sinto…
Sou e sempre fui uma pessoa muito humana e nunca me demorei muito tempo a analisar-me nem a julgar-me e, muito menos a julgar os outros…
Gosto das pessoas, sem reparar em sexos, idades, origens ou ideologias. Amo o convívio sem escolher e sempre fui muito social. Quando fico muito tempo sem ver pessoas, sinto-me vazia, falta-me o calor humano e por isso prezo muito a família e os amigos… E, se não posso contactá-los fisicamente, sou uma grande adepta do telefone e ultimamente também doutras redes sociais.
Preocupam-me os problemas humanos, dos meus familiares e amigos e dos outros também… Sempre procurei ser útil e ajudar os outros constitui para mim um prazer sem espera de resposta.
Estou integrada num grupo da Amnistia Internacional e os problemas que assolam o mundo e sobretudo o não respeito dos direitos humanos tão presente em tantos países e regiões preocupam-me fortemente.
Mantenho uma outra actividade que me dá muito prazer: faço uma emissão de rádio bilingue que se chama « Voz de Portugal », há já 30 anos, mas mensalmente e escrevo para o jornal bimestral, o INFOLUSO, da ACPS (Associação Cultural Portuguesa de Strasbourg), pelo menos o meu « Cantinho da Língua » que prezo muito.
Por outro lado, e como já disse antes, adoro o convívio e como tenho um excelente círculo de amigos, de todas as idades e origens, sinto-me confortada e encontro muitas vezes a ocasião de ser útil, aliás sou por vezes solicitada como conselheira… Eu penso que herdei isto de alguém… O meu pai era muitas vezes apelado a intervir junto dos amigos e familiares…
Tenho dois netos que adoro e gosto muito de os ter comigo, de vez em quando. São as minhas « coisinhas lindas » como lhes chamo.
Gosto de sair, mas não sozinha, e nunca recuso um convite para o fazer, quando não sou eu a propôr… Amo a música, a leitura, ficar em casa e tratar das minhas plantas mas não consigo ficar muito tempo sem uma actividade social… Penso que é assim que me sinto bem e esqueço a minha idade e os meus problemas de saúde, sobretudo de ordem ortopédica…
Sou muito positiva e penso sempre que a vida nunca é só complicada ou difícil, cabe-nos a nós reagir e procurar a felicidade…