Acho que todo mundo que me conhece sabe que sou carioca. Não carioca porque nasci no Rio, mas porque minha raiz é essa, meu orgulho. O que poucos sabem é que além de carioca, sou portelense desde o segundo 1 da minha percepção do que significa uma Escola de Samba na vida de um carioca. Dito isso: QUE SHOW MARAVILHOSO, O DE PAULINHO DA VIOLA, GENTE! Primeiro: ele é uma alma gentil. Gentil porque é doce, delicado, educado. E eu sei disso porque a gente se esbarrava num botequim de Botafogo e ele sempre me deu boa noite com um ar de sorriso preso no canto da boca que é a marca dele - como uma boa vontade que mora por ali.
Ontem, depois de 20 anos sem esbarrar com ele em lugar nenhum, lá estava Paulinho da Viola de novo no TCA, com um risinho preso no canto da boca, derramando aquela que deveria estar na escola como música brasileira clássica. Sim porque tem gente que fez Chopin. A gente fez o Paulinho da Viola. Ele e a sofisticação extrema de um ritmo que é a marca do Brasil. Ele, que eu já classifico como imortal, tal como Pixinguinha e Cartola. Ele, que nem pensa nisso e fica lá de cavaquinho na mão enchendo o coração da plateia do TCA de recordação, de vida. Ele, apresentando a filha Beatriz Rabello, mas sem dizer nada que era filha, dando a ela o grau de artista e a benção como músico e compositor genial que ele é.
Aqui em Salvador todo mundo me descobre pelo sotaque, que eu nunca perdi. Mas como perder ou pra quê perder o sotaque, quando você se revê no sotaque de caras como Paulinho da Viola, gente? A plateia do TCA cantou e cantou, ali sentadinha – um público totalmente diferente, mais velho, mais comportado, como se estivesse ali vibrando ao ouvir música clássica... E era. Tudo ali faz parte da nossa música clássica – dos instrumentos, às vozes.
A nota nem tão boa assim foi pro operador da mesa de som, que permitiu microfonia, umas distorções estranhas logo no começo do espetáculo, além de “cobrir” a voz de Paulinho com o som dos instrumentos algumas vezes. Bom, mas no meu caso, nada disso atrapalhou porque como eram clássicos, eu sabia as letras quase todas de cor e só me preocupei em abrir a comporta do meu coração e ser carioca com uma das mais cariocas e geniais personalidades da música brasileira – Paulinho da Viola. Quem não viu, perdeu!
Ana Ribeiro - Direção de Teatro, Cinema e TV
Não sabia que Paulinho da Viola tinha sido contador/contabilista, enquanto estudava economia. Que foi bancário e deixou de o ser para se dedicar à música, em 64. Eu ainda demoraria dois anos para nascer. Seu pai era músico e não queria que ele fizesse carreira musical. O que poderíamos ter perdido...A quantidade e qualidade das letras, sambas, choros. Uma voz doce, afinada e encantada. Um homem bonito, um gentleman. Público sentado, Paulinho da Viola com 76 anos, tocando de pé, dançando. Ontem recordei meus tios e meu pai e as festas de família onde se cantavam suas músicas. Meu coração ficou tão “cAntente”! Ouvindo Paulinho da Viola me senti num mundo delicado, sereno, em que a bondade prevalece. Recordei o carnaval do Rio de Janeiro amado pelo mundo inteiro com sambas e batucadas – alguns sambas seus. Pandeiro, cavaquinho, tamborim e bumbo/surdo, letras e ritmos de alegria ou nostalgia, de sensibilidade, de recordações e amor e uma voz que nasceu para o que canta. Uma viagem no tempo, no encanto, na gentileza. Obrigada Paulinho da Viola!
Nos apresenta uma artista jovem, com uma voz poderosa e com um futuro promissor pela dedicação que demonstra. Não fala no parentesco, apresenta a artista que encanta o público. Beatriz Rabello se identifica como filha e demonstra respeito e uma grande admiração pelo pai e cantor/compositor de exceção. Raro isso!
A cereja no topo do bolo? Uma carioca do seu lado vibrando como se fosse uma menina pequenina e..saber em que data Paulinho da Viola vem de novo a Salvador e quando vai a Portugal!
Gratas a @irisproducao pela cortesia dos 2 ingressos!