
Incrível como me vi transportada para muitos momentos da minha vida, ao ver esse DOC e a importância de ter sido criada como se pudéssemos viver grandes aventuras subindo nas goiabeiras, pulando muros dos parquinhos; mesmo quando as coisas apareciam mal feitas e precisávamos limpar, corrigir (estando inocentes das bobagens!), havia na atitude positiva um meio de adaptação à situação. Uma coisa que me acompanhou até hoje.
Saúde mental e resiliência - os segredos da força interior não trata dos bons momentos, mas mostra que podemos aprender com os bons, muito mais que apenas vive-los, o que nos dá resistência, resiliência para sobreviver ao que a vida nos guarda – e não se surpreendam porque a vida apresenta sempre muitas “pegadinhas” a cada “prova”.
Um filme que com toda a sensibilidade aponta como as pessoas resistem à perda, ao luto, ao estresse e como os novos estudos estão nos apontando como podemos nos “vacinar” contra a falta de esperança, de ação que vem depois dos maus momentos.
A resiliência então seria o que podemos usar após cada mau momento, ou seja, ela não evita nenhum deles? Exato. Ninguém pode evita-los. Eles nos espreitam, atocaiam. Mas a forma como reagimos, a forma como deixamos de nos imobilizar e caminhamos ao encontro de “regeneração da dor” deixa marcas, mas nos traz de volta à vida.
Achei que há alguns momentos meio pesados de teoria, mas as práticas valem cada segundo, num DOC bem feito. Claro que não usa cortes de arte, mas é poético aprendermos a nos proteger da dor, superando-a. Nos encontrando na recordação, quando as nossas perdas deixam de representar dores lancinantes.
Portanto, cada família sabe que é preciso preparar as crianças – os bebês – para esses momentos – e o filme faz isso, nos informa como. E o fato de sabermos que é possível reagir, de sermos capazes de sobreviver, mesmo aos piores momentos, pode nos preparar – deve nos preparar - para tudo o que a vida pode nos trazer.
Um filme imperdível. Uma aula sobre como nos prepararmos de alguma forma para o imponderável.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Assista a este documentário, por favor. Perceba algumas questões que eram apenas explicadas a especialistas – psicólogos, psiquiatras, neurologistas – para se perceber e para poder ajudar na sua própria saúde mental.
Depoimentos de vários especialistas e ou investigadores, de várias áreas, explicando o que se considera como resiliência, como cada um a alcança, o que é importante.
É chocante saber que tudo o que estressa as mães grávidas, passará para a criança que está na sua barriga – para sempre.
O Brasil e os brasileiros, Portugal e os portugueses, precisam pensar e repensar aspetos profundos da saúde da sociedade, se preocupar com o que realmente conta, com o que é determinante para a saúde de um povo. E este documentário é importante por nos avisar, nos estimular a cuidar de nós, dos outros, prever o futuro, saindo desta loucura das redes sociais e fake News, que vivemos atualmente, e que não nos leva a nada de bom.
Um povo que sabe ser resiliente, que cuida do que é importante para ser resiliente, que tem um governo que cuida do que é estrutural na resiliência, será um povo sábio e poderoso.
Assista, tente fazer a sua parte depois de assistir. Cada um de nós pode ajudar muitas pessoas e pode ensinar a busca da resiliência.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Cerca de um bilhão de pessoas lutam contra doenças relacionadas ao estresse no mundo todo — e esse número está aumentando. O que protege aqueles com boa saúde mental? A resiliência deles é inata? Ou a capacidade de suportar estresse crônico e crises é algo que pode ser aprendido?
Na busca por respostas, o filme visita algumas das principais figuras da pesquisa sobre resiliência. Os cineastas também entrevistam epigeneticistas e neurocientistas. No maior centro de resiliência europeu em Mainz, Alemanha, pesquisadores conduzem um estudo de longo prazo para explorar os mecanismos implantados por pessoas que desfrutam de boa saúde mental apesar do estresse e da crise. No sul da França, o filme conhece Boris Cyrulnik, um pioneiro da pesquisa sobre resiliência. Seu credo: quando se trata de comportamento resiliente, não depende apenas de nós — a sociedade e a política também têm a responsabilidade de criar condições apropriadas para uma saúde psicológica estável. E o filme conta a história comovente de duas famílias unidas pela tragédia: após a morte violenta de seus dois filhos, que eram amigos, eles lutam para encontrar o caminho de volta a alguma aparência de vida normal.
Nossas experiências, nosso ambiente e nossos genes — todos influenciam nossos poderes de resiliência mental. Resiliência não é uma palavra mágica ou uma promessa de felicidade, mas um processo de aprendizagem ao longo da vida.
Link do documentário completo