Num filme forte, com atores de intensa explosão dramática, ambientações incríveis e aquele comportamento social “antigo, patriarcal, latino e atrasado de sempre”, ABENÇOA-ME ULTIMA: A FEITICEIRA, mostra a força do instinto da mulher, suas raízes híbridas entre prática de vida e espiritualidade instintiva e amor. Também nada a ver com amor sensual, mas amor no seu conceito mais aberto e maravilhoso – aquele que tira uma senhora de casa para ajudar a quem precisa de ajuda, como nós nos habituamos a ver no Brasil das benzedeiras, rezadeiras ou naquelas mulheres maravilhosas que olham pra você na rua e logo prescrevem “um banho de folha” – aqui na Bahia é comum.
Com muitas semelhanças, o filme se desenrola tendo de um lado esse cenário profundo, espiritual e do outro o machismo, o ódio, a não reciprocidade – o que parece o jornal da TV de hoje, mas é enredo, é roteiro bom.
Como o filme fica ali estimulando esse nosso “lado oculto, ele é coberto de sensações, muito mais do que percepções – e elas valem cada minuto. Assistir é um amontoado de olhares, amores, sensações, instintos, sentimentos bons diante de sentimentos ruins – tudo isso sendo traduzido pelo olhar de um menino que de pequeno só tem o corpo porque é um grande ator de olhos profundamente comunicantes.
Não ver é perder essência, perder aquilo que nosso espírito traz para a vida e que é bom reencontrar em nós.
“La vieja”, Ultima, valeria um capítulo, se não fosse importantíssimo vê-la como a “sensação” mais importante do filme. Só por ela, esquecendo os enormes talentos na tela, valeria assistir.
O conjunto da atuação: imperdível. Aproveitem o frio e “caiam dentro”.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro, TV
Um filme muito bonito. Um filme muito emocionante. Um filme importante. Uma época em que cuidávamos de tudo que nos sustentava: legumes, fruta, animais, água do poço ou do rio, vela acesa ou candeeiro de petróleo eram a eletricidade. A vida familiar, as localidades, as sociedades, tudo muito diferente de hoje. Lá estavam os preconceitos, esses senhores que nunca nos abandonam. Preconceitos com os homens que não eram casados, preconceitos com as pessoas que tinham pensamento próprio, preconceitos com mulheres que tinham talentos especiais e que se valiam deles e da sua própria opinião. Como afinal tudo muda e nada muda...
Uma história em volta de uma mulher considerada feiticeira e de um menino que ela sabe que é um ser especial, puro. E lá estão as mentiras com cor de verdades, as trapaças, os que vencem enganando, os que mandam intimidando. Onde já vimos isso? Este menino é adorável e vê e defende a justiça, a honestidade, a verdade. Impactantes as perguntas que faz aos adultos. O ator é sensacional, super expressivo, um olhar forte, um passarinho. Ultima, a senhora idosa, considerada feiticeira, nos mostra como as mulheres que enfrentam, que assumem, que marcam sua posição, são incómodas sempre, em qualquer época do mundo. A atriz, linda, expressiva, excelente. O filme é lento nas ações exteriores, mas muito intenso, muito marcante e que nos leva a fazer muitas reflexões durante e no final – estimula muitas ações emocionais. Se costuma se entregar às emoções nos filmes, se prepare para limpar umas lágrimas. Vale as lágrimas todas, pela beleza do lugar, pelos modos de vida, pela luta contra a manipulação, a mentira, os preconceitos, o machismo, a covardia masculina dos corajosos fingidos. Tente ver porque verá muito da sua vida ali...
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Um drama ambientado no Novo México durante a Segunda Guerra Mundial, centrado no relacionamento entre um jovem e uma curandeira idosa que o ajuda a enfrentar a batalha entre o bem e o mal que assola sua aldeia.
Diretor: Carl Franklin
Elenco: Luke Ganalon, Joseph Garcia, Miriam Colon.
Informações e Trailer: