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“QUANTO VOCÊ GANHA?” e “Bet’s do Inferno” e “PORQUE DEUS É BRASILEIRO!” Bug Sociedade

Felícia Leirner
Felícia Leirner

“QUANTO VOCÊ GANHA?” Bug Latino

                  Não. Não é uma questão que envolva partido, mas matemática pura e simples. Não. Nada de símbolos complexos, apenas a velha e cada vez mais esquecida tabuada. Quanto você ganha? Mais de 1 milhão por ano? Menos? Ok, eu vou ajudar: Se você – se nós! – não ganhamos mais do que 1 milhão por ano, a importância de o Governo aumentar o imposto é zerissimamente zero. Não afeta a vida de ninguém que ganhe menos de 1 milhão por ano. Ou seja, não afeta a vida de 211 milhões de brasileiros. Apenas 141 mil pessoas multimilionárias - e brasileiras – vão pagar o tal IOF. Claro que os multimilionários vão reclamar: pela primeira vez, eles estarão pagando para que os que ganham até 5 mil reais por mês – 60 mil por ano, não percam a conta - deixem de pagar imposto de renda.

                  Vou repetir mais uma vez: quem ganha 1 milhão por ano, ganha 84 mil reais por mês – mais ou menos. São, mais ou menos, 141 mil pessoas, contando todas, no Brasil inteiro. Exatamente essas pessoas acham que nós devemos pagar imposto de renda e elas continuaram tendo benefícios fiscais pra terem o “agro pop”, por exemplo ou terem um banco, por exemplo. Acham que o governo não deve fazer isso porque nós devemos pagar a mesma coisa do que eles pagam. Devem pagar até menos do que nós (porque barco não paga IPVA, avião não paga IPVA), porque eles geram empregos. Mas a parte de que nós enriquecemos as empresas com o nosso esforço não faz parte da conta.

                  Não. Não é uma questão que envolva partido, nem ideologia. Nada disso. Só a tabuada mesmo.

                  E os deputados? Ah! Esses, como sempre, NÃO estão do nosso lado. Porque quem tem dinheiro pra fazer lobby, é exatamente quem ganha mais de 84 mil reais por mês – 1 milhão por ano – e prefere dar dinheiro para os deputados e senadores, ao invés de aliviar o nosso lado. 

                  Quanto você ganha? Você gostaria de ganhar mais? Os donos globais do UBER, da Microsoft, do Facebook pagam, em média, nos Estados Unidos, de 10 a 37% de impostos sobre a sua riqueza, com base na sua renda. Aqui no Brasil, os donos de empresas ricas não querem pagar 10% de imposto. Sim, esses mesmos que ganham mais do que 84 mil por mês – 1 milhão por ano.

                  Quanto você ganha por mês? Sim, qual é o seu salário? Pense então nos deputados – esqueça o partido – e se pergunte: se ele não tem a menor consideração por mim e pelo suor que me sai da alma pra ganhar BEM menos do que 84 mil por mês, por que devo votar nele? Esqueça o partido e pense na sua vida. Sabe quanto ganha um deputado? 46 mil reais por mês, fora as verbas e penduricalhos. E nós é que pagamos eles. Portanto, não seja bobo. Agora pense nos senadores. Você acha justo eles receberem favores e dinheiro dos lobistas para acabarem com a obrigação dos que ganham 5 mil por mês de pagarem imposto de renda?

                  Qual é o seu salário? Quanto você ganha? Fique com isso na cabeça e compare quanto ganharam os donos dos bancos, os empresários de transporte, do agro, os grandes comerciantes. Não pense em partido, pense em você e na sua família.

                  Pensou? Agora, me responda: quem você vai apoiar? Quem colocou o projeto pra quem ganha menos não pagar imposto de renda ou os ricos, que não costumam nem pagar para investir porque o governo ajuda em tudo?

                  Agora pressione o preguiçoso, interesseiro do seu deputado e ameace nunca mais votar nele. Nós somos os patrões. Chega de dar moleza a essa gente.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Bet’s do Inferno” Bug Sociedade

Por vezes gostava de poder chorar como as crianças, sem pudor, sem vergonha, sem ter de dar explicações a todos os adultos que querem satisfazer a sua curiosidade ou a todos os que fazem de conta que se preocupam. Por vezes gostava de ter a coragem que pensava que tinha. Por vezes gostava de ser capaz de viajar no tempo e pousar em alguns momentos felizes que vivi, para respirar um pouco, para ganhar fôlego. Por vezes, apesar de ser “um grilo falante” sei que não tenho ninguém com quem possa falar aquilo que realmente importa. Por vezes a minha energia e a minha saúde falham. Por vezes o dinheiro não chega. Por vezes fico cansada de assistir as pessoas a fazerem de conta que estão felizes, a mentirem na minha cara. Outras vezes me pergunto como elas conseguem estar tão felizes neste mundo tão errado, incerto, injusto. Por vezes tudo me cansa.

Hoje estive o dia inteiro a resolver um problema que se resolveria em 5 minutos, mas como dependia de mim e de uma empresa, a parte que dependia de mim demorou 5 minutos e a parte que dependia da empresa demorou um dia. Na verdade, peço para resolverem este problema desde janeiro – 6 meses – mas só hoje o fizeram.

Porque é que o mundo não avança? Não melhora? Porque está todo empacotado de coisas e coisas que demoram dias, meses, anos, porque precisam de passar por A, por B, por C. Pedidos, propostas, editais, protocolos, briefing, plano de mídia, proposta de marketing, proposta comercial, e-mail, telefone, pedido de reunião, ofício de pedido de reunião com ordem de trabalhos. Depois vem alguém que diz que não está bem ou que não é aquilo, é outra coisa. Depois vem a parte melhor que são os adiamentos: o Natal, o Ano novo, o Carnaval, as Festas Juninas, as chuvas, o calor e de novo o Natal.... Ah, também tem as greves em alguns casos – atualmente é a greve do judiciário. Meu diploma demorou 8 anos a ser “meio aceite” mas não é só ele. Você quer fazer as coisas mas não consegue passar, não consegue caminhar. São pedras, buracos, muros, portas fechadas, gente que diz que sabe mas que só atrapalha, gente que ajuda se você entrar no “esquema”, gente que gosta da proposta mas não gosta de quem propõe, gente que gosta e quer mandar. Aff

Hoje, dia chuvoso e difícil, me agarro à realidade das pequenas coisas para não desanimar. Se não tenho com quem falar, falo comigo. Se por ali não passa a proposta, me pergunto se aquela proposta é fundamental na minha vida. Eu sou adulta e sei que estes dias são normais, que custam muito a passar, mas passam. Passam porque sigo em frente, ocupo meus dias com trabalho, com estudo, com pesquisa, com leitura, com atividade física, com culinária, com natureza, com música. Mas vejo que cada vez mais pessoas não fazem nada disso. Infelizmente ocupam seu tempo fazendo coisas que lhes fazem mal. Entre muitas e variadas, o jogo é a pior de todas. A ludopatia está crescendo avassaladoramente, se tornando um caso de saúde pública, uma pandemia. E está tudo no celular.

Também acreditamos em tudo que nos dizem. Vemos um amigo feliz dizendo que ganha muito dinheiro nas Bet’s e lá vamos nós. Gente, se o vosso “amigo” disser que adora comer veneno dos ratos, vocês também vão comer remédio dos ratos? Ter amigos não implica fazer tudo o que eles dizem. Isso não é ser amigo, é ser um pateta. E as pessoas famosas que aparecem fazendo publicidade, dizendo que jogam, não jogam não. Ganham muito dinheiro vendendo sua imagem, mas podem ter a certeza absoluta que não jogam. Ou vocês acham que os grandes traficantes de droga são viciados? É triste ver os grandes jogadores de futebol do Brasil, que venceram Copas do Mundo, dando sua cara pelas Bet’s. Inacreditável. Mas é o que temos. Talvez afinal a gente seja melhor que essa gente, não é? Não é? Então vamos lá fazer alguma coisa boa para nós e para os outros em vez de dar cabo da vida.

Demore cinco minutos, ou 6 meses. Demore 8 anos a aceitar seu diploma e depois o vazio. Passem anos para conseguir uma reunião. Ter uma reunião e depois nada acontece. Etc, etc, etc. Seja o que for. Os dias maus passam porque a gente avança. Porque a gente “não vai atrás da cenoura”. Você é mais do que um jogador de Bet, você é mais do que as recusas que tem e as dificuldades que surgem. E se só restar chorar, chore. Ficamos tão bem depois.  

Ana Santos, professora, jornalista

 

“PORQUE DEUS É BRASILEIRO!” Bug Sociedade

Vivo num País triste que finge ser feliz. Triste sina de fingir-se grande com alma pequena. Felicidade efêmera e egoísta de quem transita entre assassínio e suicídio. Mesquinhez é sua regra, inveja o proceder, competição o seu estímulo para perder e depois perder.

Agora, por estes tempos trevosos de cafonices e beatices, adotou-se uma ideologia mal contornada – posta sem limites, lábil como perímetro de ameba para mentes de amebas – a que se chama conservadorismo. Na verdade, um nazismo em conserva.

Uma crendice duvidosa à qual se adere por aspirações e estratégias de domínio e poder. Afinal, sempre foi mais fácil dominar, com o fácil discurso de Deus, Família, Pátria, Propriedade – tudo aquilo que se quer crer e não perder, mas que, no fundo, não se crê, se trai e se espolia.

Discurso, via de regra, proferido por um escroque, descrente, devasso, ditador e ladrão que a todos acusa daquilo que é, em projeção com dedo em riste, voz estrídula de profeta e trajes talares a esconder uma permanente ereção medicamentosa, pela visão de algum(a) refugiada(o) carente, ninfeta(o) pré-adolescente, ante à qual (ao qual) “pintou um clima”!

Conservador que dissipa, moralista amoral, evangélico blasfemo, tudo ao contrário do que apresenta como régua moral para os outrem, nunca per se. A pedagogia adotada é a parvoíce, ingenuidade, simpleza vocabular. Captura aos parvos, sequestra os ingênuos, coopta os simplórios e os canalhas. Sempre, com uma promessa de domínio e prosperidade que nunca pertencerá, senão, aos últimos (aos canalhas, bem entendido).

Conduz o rebanho como impoluto patriarca de Pentateuco, marcando o caminho com regras cagadas, que vão sendo consumidas pela fila ordeira dos coprófilos fiéis. Deus nos pôs tal sina, ou porque não existe; ou por deboche sádico de Ser Supremo; ou, ainda, para nos regenerar pelo salvífico sofrimento; e por último, e mais provável, por vingança porque O dizemos brasileiro, sendo Ele sionista convicto e declarado.

Denominam-se “a Direita”, os tais picles de fascistas. E têm orgulho de assim dizer-se. A destra punitiva dos demais que se ousarem insurgir. A mão direita que não deixa a esquerda saber que se lhe enfiaram ao rabo, porque distraiu-se em projetos inconclusos.

Quero de volta o meu país, mal ou bem, um país sinceramente alegre e crente da boa-fé, mas sem crentes acríticos. Quero um país caótico, não, católico; uma Cuba Libre de Ron Montila, não, esse arremedo de United States of Jesus Christ com um Jim Jones Malafaia ou um Charles Manson Feliciano a me dizer a quem devo odiar pelo amor de Deus. Amém!

Geraldo Cohen, Advogado

 
 
 

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