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Poesia das Manhãs e das Estrelas


“A ESTRELA”

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I

“A estrela

está se molhando no rio, ponta por ponta;

vão se juntando suas pontas, vão se fundindo seus ouros.

 

Em sua fundura

a sombra que se dilui, na esponja submarina,

tem um retraído clamor.

 

Água e outono,

claridade inútil que mancha o céu;

a oração da água, a árvore sem broto.

 

A transparência

apurada da brisa escondida – ouro de três luas –

vai, sobre fiéis janelas, deslizada.

 

A folha

vai escapando no tecido do vento;

fastidiosamente o sol boceja uma folha.

 

Estrela, água, outono e folha:

meditação,

unção serena.”

José Lezama Lima

 

 


“PALAVRAS MAIS DISTANTES”

 

“A manhã transpira uma palavra,

acabrunhada desaparece,

zanzando dobra a esquina.

Entra silenciosa na taverna,

ainda ali os cantores metafísicos de Purcell,

o eco do sino a adelgaça.

Poriam a mão sobre seu ombro,

ajuntariam outras palavras ao ouvido.

Jogará a não mais

com as areias que lustram.

Está alegre porque veio

vê-la sua nova cara, adormece

no fumacento rodar das moedas.

Desaparece como um esquilo,

na meia-noite da outra esquina

recém-apagada.

José Lezama Lima

 

Imagem: Batiana {Bronze}, Nicolina Vaz de Assis(s.d.) (Museu Nacional de Belas Artes - Rio de Janeiro, RJ) de Nicolina Vaz de Assis


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