“GEOPOLÍTICA DE PATRIOTA” e “O Machismo eterno” Bug Sociedade
- portalbuglatino
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“GEOPOLÍTICA DE PATRIOTA” Bug Sociedade
A maior parte das pessoas nascem, morrem e não vivem essa importância na prática - não precisam sequer saber a diferença entre política e geopolítica. Mas nesse momento do mundo, creio que isso passa a nos interessar a todos.
Quando o presidente de outro país convida e depois aborda outros presidentes como se eles fossem inferiores, de países inferiores e de povo inferior, lhes molesta, faz bullying internacional em frente às câmeras, a gente precisa rapidinho aprender a diferença entre política e geopolítica.
Política são as ações que os três poderes da república tomam pra dentro do nosso país. Leis, onde investir, quem apoiar. Geopolítica é a relação que os países têm entre si, recursos naturais, alianças, comércio, quem lida com quem, ou seja, as relações entre os países dentro da lógica do espaço geográfico que ocupam. Muitas vezes você “não se dá” com o tal país porque não o conhece, mas está aberto a conhecer – ou não. Nos dois casos, tudo depende da confiança que se tem. Se o presidente promete vacina e depois “se faz de morto” pra não comprar, não é a imagem dele que é comprometida – é a do país todo, que não apenas votou nele, como apoia ou se omite diante das coisas erradas que ele faz porque as faz em nosso nome – o povo.
O Presidente Trump está ameaçando o Brasil e isso é muito grave. Mesmo para as pessoas de ultra direita, é gravíssimo. Alguém que não tem nada a ver com a nossa política e as nossas leis, acha que tem o direito de se meter no nosso país, através de um ataque a uma das nossas defesas – o Poder Judiciário. A Alemanha, ao invadir a Polônia na II Guerra por exemplo, se tivesse recebido uma reação mais enérgica e associada dos outros países, teria continuado a invadir um território por vez? Como reagiria, se tivesse que enfrentar todos juntos? A ONU nasceu exatamente com a missão de representar a união de todos contra invasores.
E aqui no Brasil? Parece natural que a ultra direita “vibre” com as ameaças de outro país, apenas porque ele, pessoalmente, é de ultra direita também? Um país qualquer nos invade, nos rouba, larga bombas, nos mata e por ser de ultra direita, fica tudo certo? Aceitamos que os americanos matem brasileiros, ofereçam prêmios pelas nossas cabeças porque o que vale não é a nossa nacionalidade, quem somos, nossas raízes, mas sermos de extrema direita? Quem vibra é traidor ou brasileiro? Quem vibra com uma invasão, está defendendo ou “entregando o nosso território de mão beijada” para o invasor?
Quem anistia o golpista que quis nos roubar a liberdade e a democracia, é patriota ou antipatriota? Quem inventa mais e mais formas de esconder esses crimes deve ser premiado ou processado? Discordar nos dá direito de invadir, ofender? O Trump pode simplesmente definir qual criminoso ele acha que deve sofrer as penas da lei? Um americano pode simplesmente invadir o Brasil como a Alemanha invadiu a Polônia?
É algo a se pensar... Já está “brega” continuarmos com essa história de polarização – pelo menos da forma como as pessoas querem nos colocar as coisas. O que está em jogo não seria com quais partidos, com certeza absoluta, vamos continuar protegendo a democracia? Quando você analisa as ações dos partidos de ultra direita, pode afirmar que eles querem que a democracia continue? Não é uma questão de amar ou de achar alguém mais ou menos mitológico. Quantos brasileiros morreram, foram torturados, sumiram, defendendo a democracia? Nós vamos esperar nos invadirem territorialmente ou vamos exigir respeito agora?
Nem preciso pensar duas vezes para escolher defender o Brasil.
E você?
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
“O Machismo eterno” Bug Sociedade
“Os homens aprenderam a instituir dominância e hierarquia sobre outras pessoas praticando antes a dominância sobre as mulheres do próprio grupo. Isso se manifestou na institucionalização da escravidão, que começou com a escravização de mulheres dos grupos conquistados.” (Gerda Lerner)
É tanta patetice que nem sei por onde começar. Talvez inicie pelo acontecimento “mulher do Presidente do Brasil não pode abrir a boca”, porque de cada vez que abre a boca para falar, algo está errado. Ela não pode pensar, não pode ser inteligente, não pode colaborar, não pode servir o país, não pode agir e contribuir para um mundo melhor. Não, isso é função dos homens, mesmo que sejam homens que não tenham nada de interessante e de construtivo para dizer. As mulheres estão ali para se vestir bem, para sorrir e para aceitar tudo. Que pesadelo tão triste!!!
Ou talvez eu possa referir uma situação ainda mais pateta. A segunda-feira acordou com as redes sociais bombando uma notícia aviltante, mas tão apetecível como manchete, que os meios de comunicação só pensam: é movimento, são visualizações, dinheiro, dinheiro, dinheiro. Nada mais interessa. Todos os atentos percebem a relação entre o Presidente da França e sua esposa. Ela foi sua professora, ela é uma mulher espirituosa, de carácter forte, determinada – e brincalhona, provocadora. Todos os atentos sabem que a relação deles não tem superior nem inferior, apenas duas pessoas casadas. Mas as brincadeiras europeias, por interesses obscuros, são transformadas em agressões.
O mundo está numa situação cada vez mais fragilizada, mais conflituosa, mais perigosa, mas as preocupações são tentar transformar uma brincadeira íntima num problema político.
Isto vai dar espaço para muitos dias de “resenha”, de manchetes, de fala que fala, diz que diz. E posso apostar que serão quase só homens fazendo os comentários – se é que não serão só homens.
O “assunto Janja” continua a durar e tristemente foi também comentado e criticado por muitas mulheres jornalistas, que eu considerava terem algum peso nesta luta silenciosa contra o machismo – mas que se revelaram tristes e desapontadoras fraudes, como Sadi e Natuza Nery, por exemplo.
A Rainha de Espanha, que antes de ser Rainha era a maior jornalista de Espanha, quando fala é logo criticada, quando olha para o Rei fora do protocolo é criticada, quando mostra seu desagrado é criticada.
“A divisão de mulheres entre “respeitável” (ou seja, vinculada a um homem) e “não respeitável” (ou seja, sem vínculo com um homem ou livre de todos os homens) é institucionalizada em leis relacionadas ao uso de véu por mulheres.” (Gerda Lerder)
Enquanto continuarmos a desprezar a importância da educação e a saúde para todos os povos e continuarmos focados em sermos apenas ricos e poderosos, enquanto continuarmos a dividir, enquanto continuarmos a desprezar os talentos das mulheres, os talentos da população LGBTQIAPN+, os talentos de todas as etnias, os talentos de todos os seres humanos independentemente das suas incapacidades, idade, classe social, cor de pele, gênero, local onde vive, continuaremos a criar cada vez mais guerras, mais seres humanos egoístas, mais problemas, mais doenças. Quando se elege um Presidente, elege-se sua mulher também. Quando se vota num ministro, vereador, senador, secretário, estamos a votar nele e em quem vive com ele, nos seus filhos, na sua família, na forma como vive, como trata as outras pessoas – como trata as mulheres que o rodeiam, como mãe, mulher, filhas. O jornalismo precisa mostrar como estas pessoas são, não como querem parecer. Muito menos quem o jornalismo quer que elas pareçam ser.
Ana Santos, professora, jornalista
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Terça-feira, dia de escrever sobre o que acontece no dia a dia. De crítica, de conselhos, de admiração, de espanto, de encontrar caminhos melhores para todos.
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