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“FAKENEWS NÃO É POUCA COISA” Bug Sociedade


Foto retirada do site Meios & Publicidade

“FAKENEWS NÃO É POUCA COISA” Bug Sociedade

Eu odeio chamar mentira de fake news; esvazia o peso que nós damos à mentira e nunca vira substantivo, ou seja, quem mente é mentiroso, mas quem solta Fake News não é nada. Parece uma coisa menor e não é, não é. Vou tentar falar com palavras bem simples. O mais simples que eu puder.

São Paulo precisa muito se rever. Os homens paulistas precisam se olhar no espelho e se perguntarem se têm algum motivo pra sentirem vergonha do que fazem. Como alguém escuta “Pega ladrão” e resolve matar uma pessoa?

- Ah, mas eu só dei 3 chutes! Ou: - Eu só quebrei duas madeiras na cabeça dele!

Isso ameniza o quê? Como uma pessoa ouve falar alguma coisa e resolve julgar e condenar à morte por espancamento um homem que passava, apenas? Por favor, homens, nem me venham com foi sem querer! Era uma roda de homens covardes que estava ali se garantindo porque estavam em turba.

Há algum deputado contra a criminalização de fake news que não tenha sentido vergonha na cara? Estamos virando vândalos? Esse é o legado que todos querem recordar, no futuro?

- Depois que acabou o governo bolsonarista, brasileiro virou sinônimo de covardia armada! Ninguém impede nada. Ninguém faz nada, fica olhando um linchamento e nenhuma voz se levanta. Nenhuma. Que história é essa?

Fake News não tem nada a ver com direita ou esquerda, como querem nos empurrar. Só bandidos são a favor de mentiras com esse nível de crueldade e de consequências. Matar? Atacar um passante? Eu nunca vi um nível de deslealdade tão absurdo. Aquele rapaz nem esboçou um gesto de revide e ninguém parou!

Somos mesmo esse povo cruel, bizarro e violento? Porque eu não sou assim. Que vergonha...

Comunicação é poder. E estão querendo nos enganar. Fake News é coisa muito séria, é coisa criminosa! Esses homens chegaram em casa se achando, tenho certeza! Só quando o Fantástico interpretou a baixeza que cometeram é que a ficha deve ter caído.

- Você acordou honesto e por um nada virou assassino. Assassino! Pode uma coisa assim?

Agora pense o que uma criança pode sofrer. A gente olha para o quarto e ela está lá, direitinha. Mas ninguém sabe se lá dentro dessa “suposta segurança” tem alguém enchendo a cabeça do menino de ordens, de sofrimento, de bullying, de racismo, nazismo... O que eu sei é que nenhum adulto pode, nessa hora tão difícil, se dar ao luxo de não ter coragem. Precisamos pressionar os deputados. Mais uma vez: não tem nada a ver com direita e esquerda – é isso o que eles querem que a gente acredite. Somos nós, os adultos e bandidos invisíveis que saem pela tela do celular das nossas crianças. Nós vamos aceitar? Vamos assistir as redes sociais dizerem “mata”, “sofra”, “corte”, “sangre”, “afogue seu bichinho de estimação” e não vamos reagir? Não vamos tentar impedir a todo custo?


Tem alguma coisa de muito errado no machismo, na violência, no preconceito. Você sente que não gosta de diferenças? Se reveja. Porque em algum lugar do mundo o diferente somos nós – e aí vai ser como?

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“Onde está a minha carteira de vacinação?” Bug Sociedade

Hoje é dia de Mimicat, a “underdog” que alcançou o lugar de representante de Portugal na Eurovisão 2023. Uma mulherona que tem tudo para voar. Assista. É considerado o maior evento musical do mundo. Aqui.

Este final de semana lembrei muito da encantadora Diana, Princesa de Gales. Amada pelo mundo inteiro feminino e por uma boa parte do mundo masculino. Observar Camila do Reino Unido e o Rei Charles III, carregados de mordomias e vazios de bondade é confuso. Diana era pura generosidade e bondade. O mundo britânico tenta manter uma das suas riquezas turísticas, mas não está fácil. Mais difícil ainda quando se percebe, cada vez com mais clareza, que o ambiente da realeza é venenoso, doente, desequilibrado, caro, totalmente oposto, à pobreza britânica que os filmes de Ken Loach mostram. Observar o que o Príncipe Harry está a viver, apelidado de dissidente, é perceber o que acontece a alguém que enfrenta tudo isso, alguém que não quer ser assim e alguém que está, há vários anos a ser calado e intimidado para manter as aparências. Desejo muito que ele consiga manter essa coragem – enfrentar a família, não é para todos e enfrentar a família real, contam-se pelos dedos de uma mão. Isso pode-o corroer por dentro lentamente e destruir, se não se proteger e não se cuidar – a pressão visível e invisível é constante e acutilante. O que é espantoso é perceber que seu irmão – e futuro Rei – é cada vez mais parecido com o pai, e ele, é cada vez mais parecido com a mãe. Uma espécie de menino do novo mundo, Harry e o menino antigo, desolador e impregnado de artificialidade, William.

Depois de uma pandemia tão dura para todos, gosto de pensar que sou dona da minha carteira de vacinação, responsável pelo que lá está – só falta um espaço para registrar as febres altas que tive em todas as doses. Sinto-me adulta e um ser humano que respeita a vida e os outros. Tenho bons amigos e extremamente confiáveis, mas ninguém toca nem mexe na minha carteira de vacinação. Nem se atrevem. Coitados dos que nem da carteira de vacinação sabem tomar conta. Nem sabem se receberam joias, se são suas, de onde surgiram. Coitados, deve ser uma desorientação total a vida de pessoas assim.

Todos os dias lá estão as notícias macabras e bizarras entre seres humanos. Todos os dias os conflitos humanos entre líderes mundiais. Todos os dias sabemos que existe mais um canto do mundo em guerra ou com o clima extremo matando. Nos dias em que isto pesa mais, gosto de pensar que ouvir Mimicat é uma benção, que Harry me dá forças por ser um ser humano tentando fugir do veneno social, que controlo a minha vacinação, que tenho amigos que me guiam na verdade e que mesmo com os problemas que a vida nos coloca todos os dias existe sempre a beleza de aprender e aprender e aprender a viver. Sem jóias.

Ana Santos, professora, jornalista

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