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“DIA 20 É QUINTA, CONTINUAMOS NA MESMA, MAS ISSO PODE MUDAR QUANDO QUISERMOS” e “3 coisas boas no meio do deserto” Bug Sociedade

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“DIA 20 É QUINTA, CONTINUAMOS NA MESMA, MAS ISSO PODE MUDAR QUANDO QUISERMOS” Bug Sociedade

                           Dia 21 de novembro, próxima sexta, compartilharemos com todos o programa SER PERSEGUIDO, com MAMADOU BA, ativista antirracista aplaudido pelo mundo. Poderia dizer que ele nasceu no Senegal, mas isso realmente não importa; poderia dizer que na década de 90 do século passado, ele se radicou em Portugal e tudo o que aconteceu de lá para cá, até que ele fosse viver no Canadá. Mas isso ele contará. Importa muito é afirmar e reafirmar que viver numa sociedade antirracista continua sendo uma construção que todos precisamos fazer juntos – inclusive aqui na Bahia – uma coisa sem sentido de acontecer aqui, se partirmos do pressuposto de que 80% das pessoas no estado são negras ou, como diz MAMADOU, racializadas – mestiças.

                           O que nos faz incompreensivelmente cruéis com a diferença, não sei responder. Sei ver, sei sentir. Há algo que precisa nascer na educação familiar, evoluir para ir para a escola, até chegar ao trabalho, à vizinhança e sociedade – principalmente diante de situações de poder, onde uma ou algumas poucas pessoas decidem o funcionamento de um conjunto maior. Por terem o poder, elas são melhores que as outras? São diferentes? Têm maior inteligência, destreza, criatividade? Não. Quem lhes dá então o direito de se sentirem assim?

                           Quem nunca se sentiu assim, posto de lado, invisível? Todos nós. Até que se chega a um ponto onde você aprende a analisar o rótulo e a discuti-lo todas as vezes em que isso for necessário. Politicamente, é árido porque aqui no Brasil, como na Europa, a extrema direita aglutina em torno de si esse tipo de pensamento preconceituoso que apenas muda de frase de efeito: no Brasil, em Santa Catarina, quem chega sem emprego definido – mesmo sendo uma ação ilegal – é convidado a não ficar no estado. Em Salvador, quem não faz parte dos “indicados” tem que ter posição subalterna, mesmo que com melhor formação – tem que “pedir” para fazer parte; o Sul não vê o Nordeste com igualdade e agora que a China está nos descobrindo, “pânico” - porque não chegaram chineses tecnológicos do eixo Sul/Sudeste.

                           MAMADOU olha o que foi sua vida em muitos mundos diferentes e nos deixa uma mensagem de permanência e estabilidade na postura antirracista. Mas insistentemente, ele fala de amor. Nada de violência. E seu suporte verbal não deixa dúvida sobre como ele defende o antipreconceito como norma de vida, de desenvolvimento econômico e democracia. Ver a forma como aquela chacina a céu aberto, no Rio, continua não colocando em xeque o papel – ou o não papel, a não participação – dos políticos e “suas políticas” no nosso dia a dia - a décadas e apostando na morte como resposta. “Basta matar--se o mais possível e os bandidos diminuem”, dizem os políticos mais radicais, mas o povo – desde a ditadura, desde a abolição da escravatura - que faz essa mesma escolha, segue fugindo do medo. Será possível que mesmo votando nos políticos mais violentos, o Rio insista em não ver que isso não dá resultado? E que “fugir para um bairro mais adiante”, não adianta nada? Salvador pode chegar à Sergipe se continuar fugindo da violência sem pensar em outra coisa do que tiro, porrada e bomba, acreditem.

                           Não temos nada em comum para partirmos unidos nessa luta? Certamente, não é com um “eu não sou racista porque tenho até alguns amigos negros” que nós vamos iniciar nossa união porque isso é hipócrita. Mas quem sabe com algo como: “todos somos contra bandidos usando armamento pesado, portanto a venda para pessoas comuns está permanentemente proibida”. Ou: “todas as pessoas - TODAS – de todas as classes sociais, raças e religiões, a partir de X gramas da droga X, poderão ser acusadas de tráfico. Ou ainda: “furtar um banco é diferente de furtar um pão, diante da lei”. Ou, socialmente percebendo que precisamos abrir portas de inclusão para todos porque inclusão só existe quando é para todos – e isso é amor.

                           MAMADOU BA é fascinante e para quem ainda não o conhece, será mesmo um prazer poder apresentar sua forma de pensar a todos. Nada de teoria. Antirracismo, precisa ser sempre na prática.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro, TV

 

“3 coisas boas no meio do deserto” Bug Sociedade

Amei esta entrevista de Arundhati Roy e quero partilhá-la. Se tiver um tempinho na sua vida, assista. É curta, 17 minutos que voam. Percebemos que como mulher, Arundhati, sofre na Índia situações muito semelhantes a muitas mulheres de outros países e zonas do mundo. Também é incrível a forma como lidou com o imenso dinheiro que ganhou com seu primeiro livro: “O Deus das Pequenas Coisas”. Incrível como continua humana apesar de todo o sucesso. Incrível como mantêm a coragem de falar do que não está correto, mesmo depois de ser presa, de ser ameaçada, de ter processos e processos. É divinal o que diz sobre isso. Nos instiga a continuar, a avançar, mesmo com todas as barreiras que nos são colocadas. E tudo é feito da mesma forma, criando narrativas para te depreciar, te invisibilizar, para te controlar, te assustar, te colocar num canto, te apagar socialmente. Não perca! É só clicar aqui. E seu novo livro deve ser espetacular: “Meu Abrigo, Minha Tempestade”, um livro sobre a sua relação com sua mãe, relação essa que ela define como muito difícil. Estudou arquitetura na Universidade de Deli, foi autora de guiões para séries televisivas e filmes e é uma escritora tremenda, com valor mundial. Um mulherão!

A nossa enorme pianista, pequenina, de mãos pequenas, considerada a maior especialista do mundo em Chopin, Maria João Pires, parou de tocar profissionalmente. Saber parar, parar de fazer aquilo que te torna visível, famosa, com dinheiro, não é fácil, mas Maria João Pires é clara, pura, sincera e nos diz algumas coisas muito surpreendentes. Não gostava assim tanto de tocar como pensávamos. A vida foi se colocando na sua frente e ela foi respondendo, seguindo. Não foram decisões, foram oportunidades. Fiquei com a sensação que o piano lhe deu condições e conforto financeiro e por isso seguiu sendo pianista profissional. Se não tivesse tido tão boas condições financeiras, ficamos com a sensação que teria seguido outro caminho. Pelo seu desejo de estudar medicina, teria sido médica. Como as vidas de pessoas tão famosas são vidas tão parecidas com as nossas, comuns humanos.

Rosalía, cantora espanhola jovem, está tendo sucesso absurdo com seu último álbum. Para quem já a conhecia, não é surpresa. Esta menina, mulher, é muito interessante. Na entrevista que deu, ao entrevistador espanhol mais difícil, David Broncano, do programa "La Revuelta", levou uma comida típica de sua cidade, que ela mesma fez e deu a todas as pessoas - da plateia, entrevistador, quem quis. Ela é genuína, simples e ao mesmo tempo é culta, mistura arte com música. Um fenômeno que está a começar a dar nas vistas do mundo inteiro. Eu gosto da sua postura, da forma como valoriza as mulheres, inclusive pelas performances. Deixo aqui dois pequenos exemplos que amei. Este, lhe vai lembrar de muitos homens exatamente assim como ela fala. Este, para quem já teve amores que esquecem e descuidam os invernos. Quem sabe percebe como ela é importante no mundo, principalmente neste momento tão machista e extremista.

E hoje, para terminar, mais uma joia. A Espanha, através da Prime Vídeo e do Youtube, voltou a fazer o programa “Operação Triunfo”. Basicamente um Big Brother do bem, voltado para a música. Um número de jovens é selecionado, no país inteiro. Os escolhidos ficam numa casa, 24h online, com as condições perfeitas para melhorar seu aparelho vocal, aprender a compor, a lidar com entrevistas, fãs, saber alimentar-se, descansar, cuidar de seu corpo, aprender a preparar-se para cantar em público, etc. Basicamente, uma escola para cantores no país. Com os melhores especialistas em cada área. Um espetáculo! Fazem publicidade a imensas marcas e a imensos serviços. Além disso, ensinam a quem quiser assistir aos vídeos que ficam no youtube. São autênticas aulas de universidade, de licenciatura, de mestrado, de doutorado. Escolha o que quiser aprender e acredite que algumas aulas lhe podem ser muito úteis, mesmo que não goste nada de música. Por exemplo, a aula sobre nutrição, as aulas sobre preparação vocal, sobre representação, de yoga, de osteopatia, etc, etc, etc. Eu sempre me pergunto porquê não se faz Big Brothers destes pelo mundo, ensinando as pessoas a serem melhores, a aprenderem e ao mesmo tempo, ensinarem quem assiste. Poderiam ser para cantores, mas também para instrumentistas, esportistas, escultores, pintores, artesãos, etc. E para profissões que estão a desaparecer como luthier, relojoeiro, ourives, etc. Dirão talvez que daria muito trabalho. É, fazer o bem dá trabalho. Mas escolher colocar pessoas dentro de um local, sendo filmadas 24h, não fazendo nada, sendo provocadas para se desentenderem, deve ser mais fácil e é um certificado de cérebros podres, vazios e uma humanidade em perigo.

Ana Santos, professora, jornalista


Imagem: Andrea del Verrocchio


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